Síndrome Metabólica
12 March 2015
O percentual de brasileiros com excesso de peso superou mais da metade da população, pela primeira vez, em 2013, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O levantamento mostra que 51% dos jovens com mais de 18 anos estão acima do peso ideal e que 17% da população geral apresenta quadro de obesidade no país. A resposta para os “quilinhos a mais” incorporados por uma parcela significativa da população geralmente está na predisposição genética e/ou na mudança de hábitos comportamentais – maior consumo de alimentos industrializados, falta de atividade física – que podem levar à chamada síndrome metabólica. Esta doença ainda pouco conhecida do grande público tem motivado diversas pesquisas que visam ampliar a compreensão médica da sua atuação no organismo. “A síndrome metabólica é caracterizada por um conjunto de alterações que engloba outras doenças, como obesidade (ganho de peso, alterações de triglicérides, colesterol) e diabetes (aumento glicêmico). Por isso, é importante fazer o diagnóstico precoce, procurando um especialista sempre que houver alterações como essas”, informa a médica endocrinologista e metabologista do Hospital Português, Dra. Renata Amazonas.
A resistência do corpo humano a insulina é a chave da síndrome metabólica. Tal processo está diretamente ligado ao desencadeamento de outras patologias como hipertensão arterial, doença cardiovascular, além de alterações na glicose e no colesterol. Essas reações ocorrem porque a insulina é a grande responsável pela retirada da glicose (açúcar) do sangue e pelo metabolismo das gorduras presentes no organismo. “Quando ocorre uma resistência insulínica significa que há uma dificuldade para que esse hormônio exerça as suas funções, com o consequente acúmulo de substâncias, sobretudo a glicose, na corrente sanguínea. Daí surgirem problemas como a obesidade e o diabetes mellitus, principais fatores associados a esta disfunção”, explica a especialista. Uma alimentação adequada e a prática de atividades físicas regulares são medidas necessárias para prevenir ou mesmo reverter um quadro desse tipo. Contudo, todo paciente diagnosticado com a síndrome deve ser acompanhado por profissionais de saúde devido ao seu difícil controle, que muitas vezes pode exigir o emprego de medicações específicas ou até mesmo cirurgias, a exemplo da bariátrica.
A diversidade de manifestações clínicas causadas pela síndrome metabólica é um dificultador para o seu diagnóstico, muitas vezes, tardio. Para orientar os profissionais da saúde na identificação da doença, a Organização Mundial de Saúde (OMS), estabelece alguns critérios para constatação da síndrome, que também são validados no Brasil pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. São eles: obesidade central, caracterizada pela circunferência da cintura superior a 88 centímetros nas mulheres e 102 centímetros nos homens; hipertensão arterial, glicemia alterada ou diagnóstico de diabetes, alterações nos triglicerídeos e no colesterol bom (HDL). A presença de pelo menos três desses fatores é um sinal de alerta para a doença. Assim, é necessário atentar para os principais sintomas, como aumento de peso, gordura no fígado (esteatose hepática), hipertensão, alteração no colesterol e alterações menstruais nas mulheres devido a ovários policísticos. “Como a síndrome metabólica é uma associação de fatores de risco para doenças do coração e derrames cerebrais, os pacientes devem sempre observar esses sinais. Nessas situações é preciso realizar uma avaliação com um endocrinologista”, adverte a especialista.