Sono e bem-estar
12 March 2015
Assim como a alimentação, o sono é uma função essencial do organismo e exerce influência decisiva no desempenho das atividades do cérebro. As horas de repouso são capazes de regenerar os diversos sistemas do corpo humano (nervoso, imunológico, muscular, entre outros), aumentando a vitalidade e a disposição física e mental. Já o tempo que passamos insones, quando deveríamos estar dormindo, afeta o funcionamento normal de todo o organismo. Humor, desempenho mental, apetite, metabolismo, peso, imunidade, resistência física, tudo isso fica comprometido. “É durante o sono que o corpo se regenera. A quantidade de horas que se deve dormir varia de pessoa para pessoa, em cada fase da vida. Entretanto, para a saúde importa mais a qualidade do sono do que a sua duração”, observa o médico pneumologista e coordenador do Laboratório do Sono do Hospital Português, Dr. Francisco Hora.
Um dos principais fatores de má qualidade do sono, segundo a Associação Brasileira do Sono – ABS, é a apneia obstrutiva do sono – parada respiratória enquanto se dorme. O problema faz a pessoa acordar várias vezes durante a noite e representa um risco para o coração. “Pessoas com apneia têm um sono superficial e não reparador, por isso apresentam risco aumentado de hipertensão arterial, infarto cardíaco e AVC”, alerta o pneumologista, que também aponta o padrão de vida levado na atualidade como um dos maiores agravantes da privação crônica de sono. “É cada vez mais comum uma rotina agitada, com excesso de atividades e poucas horas de repouso”, observa.
Nesse contexto, alguns estudos citados pela ABS revelam que aproximadamente 63% das pessoas dormem menos de 7 horas durante os dias da semana e 25% afirmam dormir menos de 6 horas, compensando com mais horas de sono no final de semana. Hábito que pode prejudicar a saúde com alterações psíquicas (irritabilidade, ansiedade, cansaço, sonolência excessiva) e até mesmo comprometer a parte cognitiva (menor atenção e concentração, falhas na memória e no raciocínio). Em longo prazo, esses distúrbios do sono podem representar a porta de entrada para outros danos ainda mais prejudiciais ao organismo, como depressão, obesidade e doenças cardiovasculares.
A boa notícia é que medidas como a prática regular de atividade física e alimentação saudável podem ajudar na conquista do sono reparador. Para quem já segue esses hábitos e ainda assim apresenta sintomas de má qualidade do sono, a recomendação é buscar ajuda especializada e investigar as causas do problema. “A Polissonografia é o exame mais completo para diagnosticar os distúrbios associados ao sono e instituir um tratamento efetivo. Isso significa combater a origem dos problemas que afetam o sono”, afirma o médico.
A avaliação considerada padrão ouro na identificação precisa de cada fator que interfere no sono, diagnostica mais de 70 patologias relacionadas ao sono. Realizado à noite, no mínimo por 6 horas, o exame monitora o paciente por sensores fixados sobre a pele, conectados a computadores. O acompanhamento registra simultaneamente múltiplas variáveis fisiológicas durante o sono: posição do corpo, movimento dos olhos (eletro-oculograma), atividade elétrica cerebral (eletro-encefalograma), atividade dos músculos (eletromiograma), oxigenação do sangue (oximetria), fluxo e esforço respiratório, frequência cardíaca e ronco. “Esses fatores revelam com exatidão os aspectos que prejudicam o sono, aumentado as chances de eficácia do tratamento”, conclui.