Enfisema Pulmonar
08 April 2015
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), popularmente conhecida por Enfisema Pulmonar, é uma doença pulmonar de alcance sistêmico, isto é, afeta, além do pulmão, outros órgãos, podendo estar associada a infarto, sarcopenia ou déficit muscular e osteoporose, entre outros danos. Segundo o Ministério da Saúde (MS), 85% das mortes por DPOC têm relação com alguma forma de tabagismo ativo ou passivo. O MS estima que 10 milhões de brasileiros desenvolvam sintomas característicos como falta de ar, dificuldade respiratória por esforço físico e presença de secreção. Para orientar os médicos clínicos no cuidado e diagnóstico precoce dos portadores do Enfisema Pulmonar, um grupo de pesquisadores da Associação Latino Americana de Tórax (ALAT) elaborou um Guia de Prática Clínica da DPOC, publicado, em 2015, na revista científica internacional Archivos de Bronconeumologia. Baseado em evidências científicas sobre os fatores de risco, diagnóstico, avaliação do prognóstico, tratamento e agravo do quadro clínico, o material traz perguntas e respostas focadas na prática médica. Um dos autores deste trabalho, Dr. Aquiles Camelier, médico pneumologista e coordenador do Centro de Estudos Prof. Egas Moniz do Hospital Português, explica a relevância da publicação para o tratamento do Enfisema Pulmonar. Confira!
1. Como este guia contribui para o cuidado dos portadores de Enfisema Pulmonar?
Este guia foi redigido com base exclusiva em informações de estudos científicos de alta qualidade utilizando uma metodologia detalhista de maneira a oferecer a maior veracidade das afirmações. Portanto, a informação ali contida visa auxiliar os profissionais de saúde a conduzir o tratamento da DPOC da maneira mais correta e atualizada possível.
2. Qual a frequência dessa doença na população da Bahia?
Esta doença acomete cerca de 15% a 20% dos adultos tabagistas ou ex-tabagistas acima de 40 anos de idade. Utilizando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013 para a Bahia, pode-se estimar que existem de 500 a 800 mil portadores da DPOC na Bahia. Sabe-se, entretanto, que 90% dos portadores desta doença ainda não têm diagnóstico estabelecido, ou seja, a maioria das pessoas possui a doença e não sabe disto.
3. Durante a redação do documento foram destacados quais fatores de risco para a doença?
Os fatores de risco mais relevantes observados são o tabagismo ativo ou passivo (como a exposição à fumaça de fogão à lenha ou outros tipos de fumaça ou poeira ocupacionais) e, mais raramente, uma doença genética conhecida como Deficiência de Alfa -1 –Antitripsina.
4. Essas constatações modificam o conhecimento científico sobre as causas da DPOC?
Modificam positivamente, pois alertam tanto a população em geral, quanto a equipe de saúde a evitarem os fatores de risco, bem como, nas pessoas expostas, indicam uma avaliação de saúde mais precocemente.
5. Sobre o diagnóstico precoce, o que muda na prática médica?
Nos indivíduos acima de 40 anos, que fumam ou fumaram cigarros, ou naqueles que se expuseram a fumaça de fogão à lenha, fumaças ocupacionais ou ainda naqueles onde existe história de DPOC ou Enfisema Pulmonar na família, é indicada uma avaliação médica e realização de um simples exame que mede a função dos pulmões, a espirometria.
6. Quais as inovações sugeridas no tratamento?
Existem uma série de novos medicamentos broncodilatadores (que aliviam a falta de ar e a tosse destes pacientes) que estão sendo lançados no mercado. O documento avaliou cientificamente a eficácia de cada um destes novos medicamentos.
7. O documento encontrou benefícios específicos em determinadas terapias?
Os pacientes que fumam devem parar de fumar imediatamente. Aqueles que são portadores de DPOC devem usar medicamentos broncodilatadores e realizar exercícios físicos supervisionados. Evidentemente, o acompanhamento médico precoce é fundamental.
8. Onde o Guia pode ser encontrado pelos profissionais da saúde?
Os profissionais de saúde podem encontrar o Guia através do website http://www.archbronconeumol.org. No segundo semestre de 2015 a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia deverá divulgar uma adaptação deste documento em seu website, http://www.sbpt.org.br . As pessoas que não são profissionais de saúde devem procurar o seu médico. Fiquem atentos à sua saúde pulmonar!