Reconciliação medicamentosa e a segurança do paciente
08 April 2015
Com o envelhecimento populacional, há um número crescente de pessoas apresentando diversas doenças e usando uma variedade de medicamentos. Esses fatores levam à maior predisposição para ocorrências de eventos adversos a medicamentos, entre eles os erros de medicação. Para prevenir essas situações no ambiente hospitalar as instituições de saúde realizam a reconciliação medicamentosa, que nada mais é do que a análise da lista de medicamentos utilizada pelo paciente em domicílio e sua comparação com as prescrições médicas, desde o internamento até a alta hospitalar. No Hospital Português este processo de reconciliação tem a contribuição profissional do farmacêutico clínico, que visa garantir ao paciente o recebimento da terapia medicamentosa necessária à sua evolução clínica favorável e presta orientações para a continuidade do tratamento após a alta hospitalar.
Durante esse processo, o farmacêutico identifica possíveis erros, inconsistências e interações medicamentosas, suscitando discussões para a melhoria da assistência. O seu objetivo é reunir informação sobre os medicamentos, como dose, via de administração, posologia, toxicidade e outros, além de promover intervenções pertinentes. Nesse sentido, o profissional tem a possibilidade de educar o paciente e/ou seu cuidador sobre a farmacoterapia, ou seja, o uso correto do medicamento. Esta orientação é essencial, uma vez que, tanto o paciente quanto o cuidador podem ter participação ativa na adesão dos medicamentos, o que impacta na recuperação e melhora na qualidade de vida do paciente.
Para que a reconciliação medicamentosa seja considerada efetiva, é fundamental a participação dos profissionais da saúde, pacientes e seus cuidadores. Portanto, é muito importante que o paciente, no momento do internamento, relate ao médico, enfermeiro ou farmacêutico, os seus medicamentos de uso domiciliar. Isto pode ser feito apresentando a(s) receita(s) do médico assistente ou uma lista com os nomes dos medicamentos. Caso estas sejam trazidas para o hospital, por questões de segurança, além de relatar as medicações de uso contínuo é importante fornecê-las à enfermeira, que irá guardá-las em local visível e seguro, para que somente sejam administradas após avaliação da necessidade de sua inclusão na prescrição hospitalar.
O paciente e seu cuidador ou familiar devem compreender a necessidade de exercer essa prática, pois, a partir dela, o médico vai poder avaliar mais precocemente a situação atual do paciente e a necessidade de inclusão dos seus medicamentos de uso habitual ou de novos. Vale lembrar que a auto-administração de medicamentos durante internação pode causar um evento adverso, visto que pode ocorrer a administração do mesmo fármaco pela enfermagem e levar a um dano ao paciente. Desta forma, a participação de cada um neste processo – família, pacientes e profissionais da saúde – contribui para a eficácia e segurança no tratamento do paciente, e a garantia de uma assistência de qualidade, com valorização das pessoas e satisfação dos clientes.