Cardiologia Intensiva
06 October 2015
As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte de adultos no Brasil. Todos os anos, patologias como infarto agudo do miocárdio, doença vascular periférica, acidente vascular cerebral e morte súbita atingem aproximadamente 30% da pulação, segundo dados do Ministério da Saúde. Este cenário tem motivado o aperfeiçoamento contínuo do tratamento das cardiopatias agudas, gerando melhores perspectivas para o cuidado intensivo desses pacientes, na avaliação do vice-coordenador médico da Unidade Coronariana do Hospital Português (UCO), Dr. Marcos Barojas. O especialista ressalta que essa evolução pode ser observada através da maior qualificação dos profissionais e dos centros de tratamento em cardiologia, a exemplo da UCO do HP. Pioneira na Bahia e especializada no cuidado cardiológico intensivo do adulto com alto risco, a Unidade dispõe de toda a infraestrutura necessária para o tratamento específico. Nesta entrevista o especialista informa os avanços realizados e benefícios gerados para o paciente. Confira!
1) Qual o perfil de atendimento da UCO?
A Unidade se destaca no cuidado de doenças cardiológicas agudas (síndromes coronarianas, síndromes aórticas), arritmias, cuidados relacionados à parada cardíaca ou procedimentos de intervenção percutânea coronariana (cateterismo, angioplastia), procedimentos de intervenção percutânea extracardíacos (angioplastia de vasos periféricos aos do coração) e insuficiência cardíaca descompensada. As pessoas em maior risco são mulheres já na menopausa, com idade média de 55 anos, e homens acima de 45 anos, com traços comuns de risco para o coração como: tabagismo, excesso de peso, pressão alta, colesterol alto, diabetes, sedentarismo, história familiar de problemas cardíacos em idade precoce, entre outros.
2) Quais recursos de ponta a Unidade disponibiliza para esses pacientes?
Oferecemos suporte para vigilância e intervenção 24 horas de equipes médica, de enfermagem, fisioterapia e psicologia, especializadas. Dispomos de 17 leitos, sendo 11 boxes de atendimento de pacientes que requerem maior atenção e intervenção, e 6 apartamentos para observação dos quadros clínicos estabilizados, com maior conforto. Todos os leitos possuem monitorização de vários parâmetros do paciente (frequências cardíaca e respiratória, pressão arterial, saturação de oxigênio, dentre outros). Essas informações são exibidas em tempo real para as equipes, que podem acompanhar e decidir sobre as melhores condutas a serem adotadas, desde o entendimento da doença e dos procedimentos terapêuticos, até o uso de materiais, como medicações ou dispositivos.
3) Como o paciente se beneficia desse cuidado cardiológico intensivo na sua reabilitação?
A atuação integrada das equipes agiliza o tempo de decisão e amplia a qualidade da assistência. A UCO tem proximidade física com a Unidade de Hemodinâmica, permitindo acesso precoce do paciente, deslocamento ágil das equipes e discussão integrada.
4) A Unidade também promove a integração de pacientes, familiares e profissionais. Quais os resultados dessa prática?
A aproximação entre paciente, familiares, equipe assistente e equipe da UCO amplia a qualidade assistencial durante a internação. A permanência dos profissionais de psicologia hospitalar na Unidade tem papel relevante no rastreamento e intervenção precoce em condições de risco psíquico para o paciente. Um exemplo é uma situação clínica chamada delirium – condição frequente e aguda, caracterizada por redução da clareza da consciência em relação ao ambiente. O delirium é transitório, de difícil reconhecimento e diagnosticado por critérios clínicos, estando relacionado a diversos fatores de risco inerentes ao contexto de hospitalização: a própria internação, a doença em si, idade avançada, uso de medicamentos de ordem psiquiátrica e neurológica, doenças neurológicas prévias, entre outros. Os recursos disponíveis na UCO permitem reduzir os riscos para esse quadro, reconhecê-lo precocemente, promover o pronto reestabelecimento, reduzir o tempo de internação, de complicações e a própria mortalidade.