Saúde do Homem
03 November 2015
A resistência em ir ao médico é um traço reconhecidamente masculino, no Brasil. Este fato é agravado pelo estilo de vida levado por eles, que faz com que tenham chances 77% maiores de desenvolver câncer do que as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA. Hábitos como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, má alimentação (rica em gorduras e pobre em fibras), sedentarismo e obesidade, são os grandes responsáveis pelo surgimento da doença. INCA e Ministério da Saúde estimam 204 mil novos casos entre os homens, somente neste ano. Próstata, pulmão, cólon, reto, estômago e cavidade oral são os tipos mais frequentes. Para o especialista do Centro de Oncologia do Hospital Português, Dr. André Bacelar, a prevenção ainda é a forma mais eficaz de lidar com a doença . “Temos a vantagem de conhecer alguns agentes causadores do câncer, as mudanças atuais na vida da população (como envelhecimento e maior consumo de produtos industrializados), e dispomos hoje de avanços expressivos na medicina diagnóstica. Tudo isso nos permite adotar a prevenção como aliada, através de hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular”. Nos casos em que a prevenção já não é mais possível, novas terapias têm se mostrado efetivas no combate de tumores, conforme explicam especialistas de diferentes áreas médicas.
Tumores masculinos
Pelo menos uma vez por ano, os homens devem fazer uma avaliação com o urologista. Esse cuidado com a saúde pode ajudar a prevenir os tumores de pênis, de testículo e de próstata (tipo mais frequente). Neste ano, cerca de 70 mil brasileiros devem desenvolver câncer na próstata, a maioria na região Nordeste. A evolução lenta da patologia, a ausência de sintomas iniciais e o preconceito ainda existente na realização do exame de toque retal, são fatores que contribuem para sua descoberta em fase avançada. Dr. André Bacelar informa que o toque retal realizado em ambulatório médico é essencial para identificar o câncer e outras alterações na glândula. “Alterações como nódulos, endurecimento do testículo, feridas e tumorações genitais devem ser examinadas por um médico. Detectar esses problemas precocemente amplia consideravelmente as chances de cura”.
Homens acima de 50 anos e aqueles com história familiar da doença devem fazer o exame de toque retal e a dosagem de PSA (tipo de proteína) no sangue como forma de prevenção. Avaliações complementares também podem ser necessárias, pois o PSA sozinho não define o diagnóstico de câncer. A recomendação é realizar as duas avaliações para um resultado mais preciso. A avaliação de PSA é feita no Laboratório de Análises Clínicas do HP.
Câncer pulmonar
Em 90% dos casos, o câncer de pulmão tem relação com o fumo. Hoje, cerca de 31 milhões de brasileiros são fumantes, a maioria com idades entre 45 e 54 anos. Desse grupo, 27 mil devem desenvolver câncer pulmonar. Atuando na prevenção da patologia no Programa de Tratamento para o Tabagismo do Núcleo de Doenças do Tórax do HP, Dra. Marta Leite afirma que o fumo é a principal causa de morte evitável. “Tratamentos específicos com medicamentos modernos têm obtido grande eficácia no abandono da dependência. Nossos resultados têm proporcionado resgate da qualidade de vida com diminuição do risco de morte por doenças associadas ao tabaco, como o câncer de pulmão”.
Nos últimos anos, o tratamento desse tipo de tumor avançou bastante, conquistando abordagem multidisciplinar com ganhos significativos para o paciente. Especialista do Centro de Oncologia HP, Dra. Luciana Landeiro explica que atualmente as terapias para o câncer estão mais individualizadas e menos agressivas, gerando melhor resposta. “Terapias alvo têm permitido combater tumores com maior precisão, melhores resultados e menos efeitos colaterais”. No HP, esse tratamento tem sido empregado com indicações específicas e de modo complementar aos recursos terapêuticos convencionais – cirurgia, radioterapia e quimioterapia.
Câncer de boca
Outro tipo de tumor comum em homens é o da cavidade oral. Manifestado principalmente por feridas de difícil cicatrização na boca, língua ou no lábio, sua principal causa é o consumo exagerado e prolongado de bebidas alcoólicas, tabagismo e exposição prolongada ao sol (sem proteção). O autoexame dessas regiões e a avaliação médica são fundamentais para o diagnóstico precoce. “Quando tratado adequadamente no início, as chances de cura ocorrem em aproximadamente 80% dos casos. Nessas situações, a cirurgia é o tratamento de escolha e em algumas situações a radioterapia e a quimioterapia podem também ser empregadas”, destaca o especialista da equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do HP, Dr. Marcus Borba. Ele informa que a cirurgia retira toda a lesão e uma margem de tecido sadio ao redor dela, tendo o suporte de um exame específico, chamado de congelação. A abordagem escolhida depende principalmente da localização, tamanho do tumor e dos impactos decorrentes da terapia.
Tumores do Estômago
O câncer gástrico ou de estômago afeta, sobretudo, homens de meia idade (65%) e idosos, de acordo com o INCA. Na comparação entre os sexos, o Instituto estima quase o dobro de ocorrências em homens (12.870), neste ano. Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, coordenador médico da Unidade de Gastro-Hepatologia (UGH) do HP alerta sobre os principais fatores de risco para o câncer de estômago, que incluem dieta rica em alimentos salgados e defumados e pobre em frutas e vegetais; consumo de grãos inadequadamente armazenados, contaminados com um fungo invisível a olho nu, chamado aflatoxina; tabagismo, etilismo e história familiar de câncer gástrico. O especialista ressalta ainda que, em situações específicas, alguns transtornos digestivos podem evoluir para câncer de estômago, tais como inflamação microscópica crônica do órgão associada à infecção por Helicobacter pylori em indivíduos geneticamente predispostos. A orientação é buscar ajuda profissional e realizar exames de rotina na presença de sintomas dispépticos (indigestão) persistentes, principalmente se tiver mais de 45 anos.
Tumor de Cólon e Reto
O câncer colorretal é o terceiro mais comum no mundo, sendo sua ocorrência na região do reto mais frequente em homens. Geralmente, está associado à idade avançada, sedentarismo, diabetes, obesidade, tabagismo, etilismo, história pregressa ou familiar de lesões pré-malignas (pólipos) ou câncer colorretal, doença inflamatória intestinal e alimentação pobre em fibras e com alto teor de gordura animal. Quem consome carnes processadas (presunto, linguiça, hambúrguer, bacon, etc.), cerca de 50 gramas diárias, tem risco 18% maior para esse tipo de câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Dr. Paulo Frederico Costa, especialista do Serviço de Coloproctologia do HP explica que sangramento pelo ânus, alteração do hábito intestinal, anemia e perda de peso, podem ser indícios da doença e devem ser investigados por um especialista. O diagnóstico pode ser feito no consultório médico (por palpação do abdômen ou toque retal), retossigmoidoscopia (rígida ou flexível) ou ainda por colonoscopia – que investiga todo o cólon e possui potencial terapêutico, permitindo realizar biópsias, retirar pólipos ou tumores iniciais, quando necessário. A pesquisa de sangue oculto nas fezes é indicada a partir dos 50 anos de idade. Pessoas mais jovens, com história familiar da doença ou síndromes de polipose colorretal, também devem ser avaliadas.
A principal forma de tratamento é cirúrgica, com emprego de diferentes técnicas modernas: colonoscopia, laparotomia exploradora (abertura do abdômen para retirar parte do cólon), vídeolaparoscopia (pequenas incisões no abdômen permitem extrair parte do cólon) e amputação abdomino-perineal (retirada do reto e do ânus com colostomia definitiva – exposição do cólon para o meio). Outra técnica usada na Coloproctologia do HP é a microcirurgia transanal por via laparoscópica, que permite retirar tumores do reto sem amputação abdomino-perineal. Terapias complementares (quimioterapia ou radioterapia) são alternativas para casos sem indicação cirúrgica.
Diagnóstico e Tratamento do Câncer
O Hospital Português oferece infraestrutura completa para a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos diferentes tipos de câncer. A Instituição dispõe de moderno Centro de Oncologia composto por equipe multiprofissional experiente e especializada no acompanhamento individualizado do paciente, suporte diagnóstico do Laboratório de Análise Clínicas (nos exames de PSA, entre outros), do Serviço de Endoscopia Digestiva e Bioimagem (com exames de Endoscopia Digestiva Alta e Baixa, Ultrassom, Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética), além de procedimentos minimamente invasivos de Radiologia Convencional e Intervencionista. Além disso, o Hospital oferece centros cirúrgicos modernos, equipados com a mais alta tecnologia.