No Ritmo Certo
06 January 2016
A alta estação chegou colocando os corpos à mostra e reacendendo a vontade de alcançar a boa forma física. Com os dias ensolarados, as preferências se dividem entre treinar no ambiente climatizado das academias de ginástica ou ao ar livre, em contato com a natureza. Independentemente da escolha, respeitar os próprios limites durante o treino é essencial para conquistar condicionamento físico de forma gradativa. E o jeito de descobrir se o seu corpo está mesmo preparado para encarar uma rotina de atividade física é fazendo uma avaliação médica prévia. Durante o exame, o especialista vai observar a presença de algum risco para a saúde e ainda orientar o exercício mais adequado para a sua condição. “Essa avaliação é indispensável para qualquer pessoa que deseja começar uma atividade física, especialmente, as que estão sedentárias ou no time de atletas ocasionais ou de fim de semana”, observa o líder da equipe de Arritmia e Eletrofisiologia do Hospital Português e presidente da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC, Dr. Luiz Magalhães. Assim, o primeiro passo apontado pelo cardiologista para quem quer abandonar o sedentarismo e se beneficiar da prática de exercícios é buscar orientação especializada para manter o corpo no ritmo certo, evitando sobrecargas.
Diversos problemas associados à saúde cardiovascular podem ser prevenidos com o cuidado simples de consultar um médico regularmente. É o caso das arritmias ou alterações nos batimentos cardíacos. Ao contrário do que se pensa, esse problema acontece em pessoas de todas as idades, inclusive naquelas que já se exercitam frequentemente e seguem uma rotina saudável. De acordo com a SOBRAC, a morte súbita (parada cardíaca irreversível) pode ocorrer durante treinos e competições, e poderia ser evitada com a conscientização dos atletas quanto à importância de realizar exames preventivos. Logo, o segundo passo para o praticante de exercícios é não ignorar sinais que possam indicar uma doença cardíaca ou fatores de risco associados a ela, como tabagismo, diabetes, hipertensão arterial e obesidade. Nesses casos é indicado realizar uma investigação completa. Nos centros de tratamento de referência como o Hospital Português há especialistas em Arritmia, área médica que estuda as alterações das batidas cardíacas e suas diversas causas: doenças cardíacas adquiridas (infarto, doença de chagas), uso de medicamentos, disfunção da glândula tiroide, problemas congênitos, entre outras. Exames como ecocardiograma, teste de esforço e eletrocardiograma dinâmico (Holter), que monitora o batimento cardíaco com um equipamento portátil, durante 24 horas, podem ajudar a diagnosticar os diferentes tipos de arritmia, a origem e o grau de risco para o paciente. Casos especiais necessitam de investigação e tratamento por procedimentos invasivos, como o estudo eletrofisiológico e ablação por cateter, que visam identificar focos de arritmia no coração passíveis de cura através de cauterização.
O terceiro passo para um treino saudável é a hidratação. Beber água é uma condição primordial para o bom desempenho do organismo, em qualquer momento, sobretudo, durante a prática de exercícios, quando o corpo perde mais liquido através do suor e da respiração acelerada. Para os praticantes de atividades ao ar livre, a exposição excessiva ao sol deve ser evitada, pois o calor favorece a desidratação (que eleva a concentração de sódio no sangue) e também a vasodilatação, que pode gerar alterações na pressão arterial (diminuição) e ocasionar desmaios, tonturas e arritmia cardíaca. “O corpo reage de diferentes formas à mudança climática; a vasodilatação é uma resposta que visa controlar a temperatura corporal. Ambientes muito quentes e úmidos favorecem o suor excessivo e a maior perda de sal. Como consequência pode haver uma queda abrupta da pressão sanguínea, levando à perda de consciência”, informa o cardiologista. Alimentos ricos em líquido, como as frutas, são ótimas opções para complementar a hidratação no verão. Aliás, manter hábitos alimentares saudáveis é o quarto passo para quem se exercita. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais, carnes magras, sementes oleaginosas, por exemplo, favorece o controle do peso, dos níveis de colesterol, da hipertensão e do diabetes, condições que comprometem a saúde cardiovascular e o rendimento físico quando descompensadas. “A alimentação deve acontecer pelo menos 1 hora antes do treino, preferencialmente, com ingestão de carboidratos para assegurar o ganho de energia. Alimentos ricos em sódio e gordura devem ser evitados porque oferecem risco a saúde do coração”.
A resistência cardiovascular e prática de atividade física também não combinam com o consumo de bebidas alcoólicas e cigarro. Assim, o quinto passo para alcançar bons resultados com uma rotina de exercícios é abandonar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool. Dr. Magalhães lembra que o fumo é o pior inimigo das artérias, ocasionando mortes por doença coronariana (angina e infarto) e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral). Além disso, as diferentes formas de tabagismo têm relação com mais de 50 tipos de doenças, segundo o Instituto Nacional de Câncer – INCA, muitas delas incapacitantes e fatais, como câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas. Do mesmo modo, a combinação entre álcool e tabaco eleva o risco para diversos tipos de patologias graves. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, o aumento do consumo alcoólico tem relação comprovada no crescimento da mortalidade em decorrência de efeitos tóxicos sobre o músculo cardíaco. “Não se deve iniciar um programa de exercícios físicos antes de parar de fumar ou de beber em excesso. Esses fatores associados à prática de atividade física podem sobrecarregar seriamente o organismo e gerar um efeito completamente oposto do esperado”, adverte o cardiologista, enfatizando que seguir essas orientações amplia significativamente a qualidade de vida e as chances de obter resultados satisfatórios com o treino, em qualquer época do ano.