Câncer de mama: informação é essencial à prevenção — Hospital Português da Bahia
11 de outubro de 2016
Câncer de mama: informação é essencial à prevenção
11 October 2016
Ser mulher e envelhecer são os principais fatores de aumento do risco para o câncer de mama, segundo o Ministério da Saúde. Em 2016, o Instituto Nacional de Câncer – INCA estima 58 mil brasileiros diagnosticados com a neoplasia. Contudo, a cada 100 mulheres, 30 podem evitar esta ocorrência ao intervir nos fatores de risco considerados modificáveis, como: alimentação saudável, exercícios regulares, não fumar e não consumir álcool. Para disseminar as formas de prevenção da doença, o Hospital Português (HP) aproxima a comunidade de profissionais que são referência nas áreas de Mastologia, Oncologia, Fisioterapia, Nutrição, Enfermagem, Psicologia e Radioterapia, na palestra multidisciplinar aberta ao público, sobre “Os três níveis de prevenção do câncer de mama: primário, secundário e terciário”, que acontece no dia 10 de outubro, às 14h, no auditório do Centro Médico HP. A iniciativa marca o envolvimento do HP na campanha internacional Outubro Rosa, com informação e esclarecimentos sobre os meios de prevenção e enfrentamento da doença nas diferentes fases. Confira o que dizem os especialistas!
Níveis de prevenção
O câncer de mama é a neoplasia mais comum entre as mulheres no mundo (depois dos tumores de pele não melanoma), representando 25% dos casos novos de câncer a cada ano. A mamografia é o método de rastreamento mais efetivo, devendo ser feita a partir dos 40 anos de idade, anualmente. Quando o diagnóstico é precoce, as chances de cura chegam a 95%. Ao falar em prevenção, a médica do Centro de Oncologia HP, Dra. Luciana Landeiro ressalta a divisão desta em: primária (ações para prevenir a doença), secundária (medidas para diagnosticar precocemente a doença) e terciária (medidas para reduzir o impacto na qualidade de vida após o diagnóstico). A oncologista observa que o câncer se relaciona, em parte, a fatores de risco como idade avançada, predisposição genética, menarca precoce, menopausa tardia, obesidade, sedentarismo, alcoolismo, tabagismo e terapia de reposição hormonal. “Alguns destes fatores não são modificáveis (como idade e histórico familiar), mas outros podem ser mudados a partir do entendimento de que essa mudança reduzirá o risco de desenvolver câncer de mama e beneficiará a saúde como um todo”.
Obesidade entre os fatores de risco
Cirurgião oncológico e membro do Serviço de Mastologia do HP, Dr. César Augusto Machado lembra que durante muitos anos o câncer foi considerado uma doença sem prevenção, nem cura. Atualmente, no entanto, devido aos avanços nas pesquisas científicas em oncologia e na medicina diagnóstica, há maior conhecimento sobre os diversos fatores de risco para a doença, que podem ser prevenidos. Como exemplo, o mastologista cita a pesquisa “Associação entre índice de massa corpórea e câncer de mama em pacientes de Salvador, Bahia”, que comprovou risco aumentado em mulheres obesas. Publicado em 2015, na Revista Brasileira de Mastologia, o estudo investigou 191 mulheres soteropolitanas, acima de 30 anos, concluindo que o excesso de peso gera alterações endócrino-metabólicas no organismo, que ampliam as chances de surgimento de neoplasias malignas, como o carcinoma mamário. “Hoje, dispomos de recursos mais efetivos para tratar e curar o câncer. Sobretudo, temos conhecimentos mais aprofundados para prevenir o surgimento desta doença. É preciso que a comunidade tenha informação e coloque esse conhecimento em prática”.
Alimentação anticâncer
Múltiplos fatores estão relacionados ao surgimento do câncer. A alimentação inadequada (pobre em nutrientes e com alta ingestão de produtos artificiais) é um exemplo, sendo objeto de inúmeros estudos com resultados comprovados internacionalmente. Com base nesses dados, a chefe de Nutrição do HP, Gildete Fernandes enfatiza o papel da alimentação saudável na prevenção de doenças, como os diferentes tipos de câncer. “Além de fornecer energia, vitaminas e minerais, uma alimentação integral pode fornecer proteção extra ao organismo. Isto, porque alguns alimentos possuem propriedades funcionais e antioxidantes, cumprindo o papel de prevenir ou reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças crônicas, como o câncer”. No grupo de alimentos anticâncer, a nutricionista destaca aqueles que elevam a capacidade do sistema imunológico, ativando os mecanismos de defesa do organismo. É o caso dos alimentos ricos em substâncias como ômega 3 (peixes, vagem, feijão, soja), licopeno (tomate, morango, goiaba, melancia), betacaroteno, isoflavonas, flavonoides (frutas e vegetais verdes/amarelos, feijão, soja, uva, berinjela), vitamina C (frutas e vegetais), vitamina E (grãos, cereais e oleaginosas: nozes, castanha-do-Pará, abacate).
Autoconhecimento e autocuidado
Conhecer o próprio corpo pode ajudar a mulher a prevenir o câncer de mama ou descobrir a doença em fase inicial. Especialistas são unânimes ao afirmar que a medida não elimina a necessidade de avaliação médica periódica, mas contribui para que a mulher identifique possíveis mudanças na mama. “Por ser um dos tumores mais frequentes em mulheres, o câncer de mama é, provavelmente, o tipo mais temido. A atuação da Enfermagem visa estimular a prevenção através do autocuidado e autoconhecimento feminino”, observa a enfermeira da Unidade de Internação da Ala Oncológica do HP, Valéria Silva. A profissional ressalta que ao conhecer o próprio corpo (formato, aspecto e tamanho natural das mamas) a mulher pode notar possíveis diferenças ou sintomas suspeitos ao longo do tempo – como caroço no seio, pele com aspecto de casca de laranja, mamilo retraído ou com secreção, entre outros. “Uma vez diagnosticada com a doença, a mulher terá no enfermeiro um elo importante com a equipe multidisciplinar, pois o seu trabalho durante o tratamento busca auxiliar a paciente a cumprir as orientações médicas para alcançar o melhor resultado”.
Reabilitação física
Estudos relacionados ao emprego da cinesioterapia – atividade física que demanda estímulo muscular do paciente – demonstram a relevância da abordagem fisioterapêutica precoce no processo de reabilitação do câncer de mama. Segundo a fisioterapeuta do HP, Alcyone Sampaio, nesses pacientes, estudos mostram melhora da amplitude de movimento e redução da dor, após a cirurgia para tratar o câncer, favorecendo a reabilitação. “O trabalho fisioterapêutico, em especial, após a cirurgia de mastectomia, busca a recuperação funcional, prevenindo ou minimizando possíveis complicações – como o edema crônico, dores e limitação de movimento no ombro homolateral ao local da cirurgia e alterações na cicatrização – que podem dificultar atividades corriqueiras e impactar diretamente na qualidade de vida do paciente”. A profissional explica que a Fisioterapia pode ser realizada em todas as fases da doença, inclusive durante o tratamento (quimioterapia, radioterapia, cirurgia e/ ou hormonioterapia), assim como na ocorrência de recidiva da doença. “Em cada fase é importante adequar o plano de tratamento baseado nos sintomas e necessidades individuais de cada paciente, para minimizar os impactos da doença e suas sequelas nas atividades de vida diária e potencializar os resultados”.
Apoio psicoemocional
“Ao detectar o câncer de mama em estágio inicial, as chances de tratamento menos invasivo são maiores. Isso acarreta menores impactos à subjetividade da mulher”. Especialista do Serviço de Psicologia do HP, Michele Tapioca, considera o fato de que, muitas vezes, o diagnóstico de câncer se confunde com uma sentença de morte, sendo associado à ameaça de vida, medo de metástase e fantasmas de recorrência da doença. Analisando os aspectos culturais associados à mama, a psicóloga ressalta que a mastectomia (extração radical) envolve uma perda física real, como também faz a mulher se confrontar com aspectos ligados à construção da identidade feminina. “Esses aspectos envolvem uma simbologia e significado social marcante em nossa cultura de culto ao corpo. Ainda que a preocupação primordial da mulher, diante do diagnóstico do câncer de mama, seja a de sobrevivência, suas inquietações ao longo do tratamento se voltam para perdas (na autoimagem, consequências na vida sexual) decorrentes do adoecimento. Assim, a escuta psicológica é um instrumento de ajuda na superação do processo traumático, ressignificação da identidade feminina e de possíveis demandas subjetivas relacionadas ao adoecimento”.
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