Emoções, estilo de vida e doenças do coração — Hospital Português da Bahia
12 de dezembro de 2016
Emoções, estilo de vida e doenças do coração
12 December 2016
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte no mundo moderno, respondendo por cerca de 20% dos óbitos de pessoas acima de 30 anos. Esse resultado revela fatores de risco como hipertensão, dislipidemias, tabagismo, sobrepeso, sedentarismo – frequentes em homens e mais observados nas mulheres à medida que envelhecem. Somado a isto, evidências científicas apontam o componente psíquico-emocional como contribuinte relevante para o adoecimento humano. Assim, doenças cardiovasculares, especialmente a doença coronariana (causadora de infarto e angina), têm sido relacionadas a estressores emocionais e sociais. Considerando ser humanamente impossível não experimentar emoções, o especialista da Unidade Coronariana do Hospital Português, Dr. Cláudio das Virgens, pondera sobre a relação entre sentimentos e saúde cardíaca, e orienta como evitar que tais vivências prejudiquem o coração. Confira!
1. Emoções intensas e estresse afetam o coração?
As doenças têm origens multifatoriais (genética, ambiental, comportamental, por exemplo); logo, seria exagero e radicalismo afirmar que a emoção gera todo o mal à saúde. Contudo, nos últimos anos, a Miocardiopatia de Estresse Adrenérgico, também conhecida como “síndrome do coração partido”, tem sido fortemente associada a estados emocionais intensos de comoção e alegria, como: experiência da viuvez, orfandade, assalto, festas surpresas, etc. Num sentido amplo, sentimentos como intranquilidade interior, sofrimento emocional, infelicidade e estresse podem ser considerados fatores de risco significativo para as doenças do coração.
2. Estudos comprovam essa relação?
Sim. O INTERHEART é um exemplo de pesquisa que avaliou mais de 30 mil indivíduos, em 52 países, sobre os fatores de riscos envolvidos no primeiro infarto. O resultado revelou a associação do primeiro infarto com situações emocionais de conflito, como perda do emprego, problemas financeiros, depressão, perda de ente querido, entre outros. Afinal, quem está tenso volta a fumar, tem menos ânimo para as atividades físicas, come mais para compensar a ansiedade, fica obeso e eleva o colesterol. Além disso, a pressão alta tem clara vinculação com a intranquilidade e a agressividade contida que se volta contra a própria pessoa. Tudo isto mostra que as emoções e o estresse desempenham papel preponderante no binômio saúde-doença.
3. Que orientações o senhor dá para atenuar os efeitos nocivos de emoções comuns na vida moderna, como o estresse?
É preciso mudar o leme para não perder o rumo… A competição é um dos grandes males da vida moderna. É um mal para a sociedade e para o indivíduo. Cada um de nós se desgasta demais comparando conquistas e perdas pessoais com as dos outros. Com isso perdemos a medida do que de fato nos traria satisfação e felicidade. Em busca de status e projeção, muitos se desgastam tanto que adoecem, fraudam a ética, violam as leis, abandonam a família por algo que, no fundo, não tem a menor importância. É indispensável não confundir competição com competência. Importante não é ganhar é competir. É preciso conscientizar-se de que vale mais a cooperação do que a competição, a colaboração do que a dominação.
4. A falta de tempo é uma queixa frequente na atualidade e um importante estressor emocional. Como resolver essa equação?
O tempo pode exercer pressão negativa sobre as pessoas. A falta de intervalo entre os compromissos e a preocupação em fazer o dia render representam os fatores mais imediatos de estresse na vida moderna. Para otimizar o tempo é preciso tentar programar melhor a vida. De que forma? Planejando melhor as atividades, estabelecendo prioridades e respeitando, o mais possível, o planejamento estabelecido para aquele dia.
5. Investir nas relações é um bom caminho para a saúde cardíaca?
Estou convencido de que o segredo e a essência da qualidade de vida, da felicidade e, portanto, da saúde está na relação afetiva interpessoal que inclui não apenas o par amoroso, a família e os amigos próximos, mas todos aqueles com quem convivemos de uma maneira ou de outra. Quem consegue gostar de gente e relacionar-se bem sofrerá menos os efeitos nocivos do estresse. A felicidade está na simplicidade do cultivo de laços de afeto.
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