Pesquisa aponta menor número de fumantes no Brasil — Hospital Português da Bahia
11 de maio de 2017
Pesquisa aponta menor número de fumantes no Brasil
11 May 2017
Há 50 anos, a indústria do cigarro se firmava no mundo por meio de investimentos milionários em propaganda massiva, nos meios de comunicação da época. O objetivo? Associar o fumo ao charme pessoal, glamour, virilidade e a uma espécie de rito de passagem para a vida adulta. Entretanto, no Brasil, a Era do cigarro pode estar com os seus dias contados. Isso porque, nos últimos 25 anos, o país viu a porcentagem de fumantes diários despencar de 29% para 12% entre homens e de 19% para 8% entre mulheres. É o que afirma uma recente publicação da revista científica The Lancet.
O estudo, realizado entre 1990 e 2015, mapeou o consumo do cigarro em 195 países. Os pesquisadores observaram que a porcentagem de fumantes no mundo caiu nos últimos 25 anos. Em 2015, um homem em cada quatro, e uma mulher em cada 20 fazia uso diário de tabaco. Já em1990, aproporção era de um homem a cada três, e uma mulher a cada 12. Entretanto, devido ao crescimento populacional, o número de mortes causadas pelo tabagismo no mundo aumentou 4,7%. China, Índia, Estados Unidos e Rússia concentram mais da metade destes registros.
Com uma menção honrosa à história de sucesso das políticas públicas de combate ao fumo no Brasil, a pesquisa destacou o país que, nos últimos anos, tem adotado importantes estratégias antitabagismo. Dentre elas, destacam-se o aumento de impostos, banimento de propagandas, combate ao fumo passivo em ambientes públicos e programas educativos, além dos alertas de saúde estampados nos maços de cigarro. Em consonância com as ações propostas pela Organização Mundial de Saúde – OMS e o Ministério da Saúde, o Hospital Português tem contribuído com a prevenção e terapia de mais de 50 doenças relacionadas ao fumo, através do Programa de Tratamento para o Tabagismo e do Núcleo de Doenças do Tórax.
Para Dr. Octavio Messeder, líder da UTI e do Serviço de Pneumologia do HP, apesar dos números satisfatórios divulgados pelas recentes pesquisas, todas as estratégias de combate ao fumo devem estar aliadas à conscientização individual. “Em mais de meio século de evidências concretas dos efeitos prejudiciais do tabaco, infelizmente, um em cada quatro homens no mundo ignora esses dados diariamente”. O especialista destaca ainda a importância do tratamento individualizado. “Quando o paciente desperta o desejo de parar de fumar, nós buscamos combater o grande vilão dessa história: a nicotina, substância responsável pela dependência. O tratamento visa quebrar esse vínculo de forma continuada e não agressiva”, informa.
Os primeiros resultados para quem deixa de fumar podem ser observados em pouco tempo. Com 24h sem fumo o risco de acidentes cardíacos diminui consideravelmente; em 48h as terminações nervosas começam a se regenerar, melhorando o olfato e paladar. “Os benefícios para quem deixa de fumar são incríveis. Quanto antes o paciente toma essa atitude, mais rápido vê seus efeitos”, afirma Dr. Octavio. Em médio prazo, os resultados para a saúde do ex-fumante são ainda mais expressivos. “Em um ano sem cigarro o risco de doenças cardiovasculares cai pela metade; em cinco anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão diminui pelo menos 50%. Já entre 5 e 10 anos, o risco de acidente vascular cerebral é reduzido aos níveis de não-fumantes”, enfatiza o pneumologista.
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