Saúde mental do idoso — Hospital Português da Bahia
10 de outubro de 2017
Saúde mental do idoso
10 October 2017
Com aproximadamente 28 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, o Brasil possui a quinta maior população idosa do mundo, na atualidade. A expectativa do Ministério da Saúde é de que esse contingente cresça, nas próximas décadas, e haja um aumento natural dos problemas associados ao envelhecimento. Hoje, segundo pesquisas, as limitações funcionais já afetam um em cada três idosos brasileiros. Embora os problemas físicos ganhem maior atenção da sociedade, os transtornos mentais do idoso quase sempre passam despercebidos. Para o especialista em geriatria e gerontologia, e coordenador da Unidade de Terapia Semi-intensiva do Hospital Português, Dr. Márcio Peixoto, os diagnósticos tardios, com consequente agravamento de transtornos mentais comuns na senilidade, são uma das principais causas de comprometimento da independência e autonomia na terceira idade. A saúde mental do idoso é o foco dessa entrevista com o especialista.
1. Quais transtornos mentais afetam mais os idosos? Há alguma razão específica?
Os transtornos de humor (depressão) e de cognição, que afetam a memória, como a doença de Alzheimer, são os mais importantes na população idosa, pois comprometem a qualidade de vida e a independência. Atentar para essas questões é essencial. O despreparo para a velhice contribui para limitações físicas e isolamento social.
2. Como é possível prevenir tais problemas?
Parece um jargão, mas não é. Estudos comprovam. A qualidade de vida (atividade física regular, alimentação equilibrada e controle de doenças preexistentes) produz um envelhecimento saudável e reserva cognitiva. Como o corpo, o cérebro também precisa de exercícios. Não é apenas fazer palavras-cruzadas, mas aprender coisas novas, elaborar mais o pensamento, realizar atividades desafiadoras: ler uma revista mais complexa, um livro, assistir um filme e discutir com familiares o que acharam; interagir sobre as mudanças do mundo. O idoso precisa ser inserido no contexto atual, não ficar alheio, vivendo no passado. Ele pode aprender uma nova língua, uma atividade, usar novas tecnologias, as redes sociais para falar com amigos, netos, familiares, enfim.
3. Que suporte o idoso encontra no HP?
Sendo um Hospital de referência, o HP possui infraestrutura completa para diagnósticos e tratamentos: parque tecnológico com máquinas e exames de última geração, suporte de equipes especializadas em Geriatria, Neurologia, Psicologia, dentre outros recursos. Tudo isto gera plena capacidade de acolhimento. O novo Protocolo de Prevenção do Suicídio integra as equipes multidisciplinares (psicólogos, psiquiatras, clínicos, entre outros profissionais) e mostra como o Hospital está sempre atendo às questões do idoso e de seus familiares.
4. Qual a participação da família nesse contexto?
Uma família presente, engajada, que entende as particularidades do idoso, também é um diferencial em todos os aspectos, inclusive no terapêutico. Cabe à família tentar inseri-lo no mundo atual, tranquilamente, respeitando sua individualidade e educação. Esse preparo melhora o enfrentamento dos desafios da velhice no dia a dia.
5. Quando o idoso deve receber cuidado especializado?
Todas as coisas no mundo envelhecem. Mas, nós, humanos, temos duas formas de envelhecimento. A senescência é o processo natural, que causa alguma perda de funcionalidade, porém, com inteireza da autonomia. É aquele idoso robusto que, dentro de suas particularidades, mantém independência física e intelectual. Contudo, fatores genéticos, ambientais ou o adoecimento, podem causar perda da capacidade do idoso gerir a própria vida, demandando ajuda. Nessas situações, o cuidado especializado deve focar os problemas individuais. Não tem uma receita, depende do modo como cada um envelhece.
6. A atenção com a saúde mental do idoso pode favorecer a maior autonomia da sociedade brasileira nas próximas décadas?
Nossa população está envelhecendo, mas essa mudança não está sendo acompanhada do investimento público em políticas voltadas ao idoso. Não temos centros de saúde ou hospitais públicos de referência no acolhimento ao idoso. A acessibilidade nos espaços públicos não inclui o idoso. Não se trata apenas de fila especial. É preciso criar políticas de inclusão, programas, centros de prevenção, atividades para socialização da pessoa idosa. O desafio deste século, para o Brasil, é se preparar para ser um país predominantemente idoso.
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