Notícias Fique por dentro das novidades

Nova era contra o câncer de próstata — Hospital Português da Bahia

8 de novembro de 2017

Nova era contra o câncer de próstata

08 November 2017

Muita coisa mudou na forma de diagnosticar e tratar o câncer de próstata, desde a aplicação da primeira terapia para a doença, há 35 anos. A evolução das práticas médicas, em resposta às inovações da ciência e tecnologia, ampliou o leque de ferramentas disponíveis tanto para a prevenção de novos casos de câncer, como para a melhoria da qualidade de vida de quem já enfrenta o problema. O panorama atual inclui equipamentos de alta performance diagnóstica e terapêuticas modernas, que mantêm ou aumentam a efetividade dos resultados. “A partir de 2011, uma série de publicações relacionadas a drogas orais, com poucos efeitos adversos e altamente potentes, deram início a uma nova era no tratamento do câncer de próstata. Os achados significativos, aliados às inovações tecnológicas, apontam um caminho promissor no combate efetivo da doença”, destaca o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC-BA) e coordenador do Time de Tumores Urológicos do Ambulatório CAM, do Centro de Oncologia do Hospital Português, Dr. Fernando Nunes.

Ao mesmo tempo em que tornam cada vez menos frequentes as reações adversas do tratamento – vômito, diarreia, queda da imunidade, alopecia – o desenvolvimento de novas drogas e vacinas vem acrescentando meses e até anos de vida aos pacientes, segundo o oncologista. A vacina Sipuleucel T, primeira aprovada para uso no tratamento do câncer, se destacou em estudos com a redução de 22% do risco de morte em pacientes com câncer de próstata metastático. Outras avaliações com a molécula radioativa Rádio 223, Xofigo, constataram uma redução superior, em torno de 30%. “Em uma análise mais global, a evolução nas pesquisas em Oncologia tem gerado resultados excelentes e animadores. O desenvolvimento da imunoterapia, o bloqueio da via de produção da testosterona e o surgimento de diversos elementos radioativos, com potencial antitumoral, têm causado entusiasmo sobre novas opções de tratamento, em benefício de um número maior de pacientes. Em pouco tempo, deveremos ter resultados ainda mais robustos sobre a efetividade desses compostos”, avalia o oncologista.

É o caso de drogas inovadoras como Abiraterona e Enzalutamida que, nos estágios avançados da doença, demonstraram redução de mais de 35% do risco de morte. “Estudos importantes vêm apresentando vantagens significativas na administração de Abiraterona ou Enzalutamida, em longo prazo, como melhor resposta terapêutica, controle da doença e aumento da sobrevida”. A grande efetividade dessas drogas no combate ao câncer de próstata metastático, segundo Dr. Fernando Nunes, se deve à capacidade de reduzir a ação da testosterona, hormônio sexual masculino que age como estimulador da proliferação tumoral. Já as medicações com elementos radioativos, como o Rádio 223, são capazes de liberar radioatividade no interior das células cancerígenas. “Esses medicamentos se comportam de modo similar ao cálcio, assim, podem ingressar na célula e emitir radiação capaz de combater apenas células cancerígenas que migraram da próstata para o osso”, explica.

Outra grande evolução na abordagem de tumores prostáticos é a da Medicina Nuclear. A especialidade oferece um dos métodos diagnósticos mais modernos, precisos e que tem revolucionado a detecção precoce de tumores avançados: o equipamento de PET-CT, disponível no Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Português.  Nos últimos anos, o uso de um marcador específico para câncer de próstata, no PET-CT, o PSMA, tem modificado, de forma rápida e precisa, o seguimento, a avaliação e definição do tratamento individualizado deste câncer. “A Medicina Nuclear não se restringe mais ao diagnóstico, realizando o que chamamos de teranóstico. Diversos compostos radioativos nessa linha estão em desenvolvimento, mesclando intervenções diagnósticas e terapêuticas para atuar na identificação e destruição de células cancerígenas”, informa o médico.

No âmbito do tratamento cirúrgico, a evolução da cirurgia aberta para alternativas menos invasivas e mais eficazes, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica, também tem gerado benefícios importantes para os pacientes com câncer de próstata. “O uso do robô vem crescendo bastante nos centros de saúde de excelência, apresentando resultados oncológicos semelhantes aos tratamentos convencionais, porém, com menor tempo de hospitalização e rápida recuperação pós-operatória”, destaca Dr. Fernando Nunes.

Inserido nesse contexto, o Hospital Português oferece assistência completa em Oncologia, incorporando os mais recentes avanços em diagnóstico e tratamento dos diferentes tipos de câncer. Além disso, um time multiprofissional especializado em tumores uro-oncológicos se reúne regularmente no Centro de Oncologia HP, para discutir casos clínicos de câncer. “Dispomos de diversas linhas de tratamento atuais, abrangendo drogas com alta efetividade e baixo índice de efeitos adversos. Em breve, o tratamento com moléculas radioativas estará entre os nossos recursos de ponta”, antecipa.

 

PREVENÇÃO

O câncer de próstata é o tumor masculino mais frequente na atualidade, afetando, em média, um a cada sete homens. Segundo o Instituto Nacional do Câncer – INCA, serão 61,2 mil novos casos, em 2017. Embora, o enfrentamento da doença, agora, conte com um arsenal terapêutico mais eficiente e menos agressivo para o paciente, o cirurgião do Centro de Urologia do Hospital Português, Dr. Cássio Pugas, enfatiza  que a prevenção é a melhor arma contra o tumor. Sua recomendação, portanto, é desenvolver um estilo de vida saudável com espaço para alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e visita médica de rotina. “Nos estágios iniciais, a cura pode acontecer em mais de 90% dos pacientes. Entretanto, é preciso avaliar caso a caso, observando fatores como estágio da doença, agressividade do tumor, idade e expectativa de vida do paciente”, informa o urologista.

Esse olhar particularizado para cada paciente é uma das contribuições da ciência para a Oncologia. Descobertas como a de que parte expressiva dos homens com câncer de próstata possui um tipo específico de mutação genética, têm melhorado a compreensão dos fatores que tornam uma pessoa mais predisposta ao desenvolvimento de tumores e, também, contribuído para o surgimento de drogas com ação mais específica. “O debate dos profissionais, diretamente envolvidos no cuidado do câncer de próstata, tem gerado críticas sobre o modo aleatório de rastreamento e manejo da doença. Aparentemente, caminhamos para novas formas de prevenção, mais individualizadas, embasadas na herança genética, pensando sempre na manutenção da qualidade de vida dos pacientes”, conclui Dr. Fernando Nunes.