Os agravos à saúde causados pelas hepatites virais (desde quadros graves da hepatite crônica, cirrose e até o câncer primário de fígado) respondem por cerca de 1,4 milhão de óbitos, anualmente, em todo o mundo. No Brasil, milhares de pessoas estão infectadas, principalmente, pelo vírus da hepatite C, de acordo com o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2017, do Ministério da Saúde (MS). Este cenário motivou um novo plano federal para erradicar a doença, até 2030. Além de consolidar a vacinação para hepatite B, as estratégias envolvem aumento da testagem e diagnóstico das hepatites B e C, em toda a população, através do SUS; e oferta de tratamento gratuito, independentemente da gravidade da doença. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) e coordenador da Unidade de Gastro-Hepatologia do Hospital Português, Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, a medida deve evitar o surgimento de casos novos de hepatite e impedir sua progressão para cirrose e câncer de fígado – ao erradicar o vírus C e controlar o contágio do vírus B. Nesta entrevista, o especialista esclarece as formas de transmissão e prevenção das hepatites, e os avanços no tratamento. Confira!
1.Considerando que as hepatites não costumam apresentar sintomas, quem deve realizar o teste sorológico para diagnosticar a doença?
Todas as pessoas que fazem parte do grupo de risco para hepatites B e C devem realizar o teste sorológico para diagnosticar estas doenças. No grupo de risco para a hepatite C estão pessoas acima de 40 anos ou de qualquer idade, que realizaram cirurgias ou transfusão de sangue, há mais de 20 anos; pessoas que compartilham agulhas injetáveis e objetos cortantes; quem aplicou tatuagens ou piercings em ambiente não estéril e sem material descartável; quem faz sexo desprotegido com múltiplos parceiros; e quem possui o vírus HIV. Quem pertence a este grupo de risco e também tem pais ou familiares de primeiro grau com história de infecção por hepatite B deve, ainda, realizar o teste sorológico anti-HBV.
2.Como se dá a transmissão dos vírus das hepatites?
Em geral, as hepatites A e E têm transmissão fecal-oral relacionada a más condições de saneamento básico, higiene pessoal, água ou alimentos contaminados. Já os vírus B e C podem ser transmitidos por via parenteral (injetável), sendo os fatores de risco principais: transfusões de sangue ou hemoderivados (realizadas antes de 1992), uso de drogas compartilhando seringas e agulhas, ato sexual.
3.O diagnóstico precoce pode evitar quais complicações?
Hepatite crônica, cirrose e câncer no fígado. O diagnóstico precocepermite tratar a hepatite C, com chance de cura superior a 90%, atualmente; e também controlar o contágio da hepatite B, impedindo que a doença avance para cirrose.
4.Novas medicações para hepatite C crônica têm obtido grande sucesso terapêutico, segundo o MS. O Brasil tem acompanhado essa evolução mundial?
Sim. Atualmente, a hepatite C tem cura. O tratamento é feito pelo SUS, com comprimidos por via oral, tendo efeitos colaterais mínimos. No Brasil, mais de 90% das pessoas tratadas, mesmo em fase de doença avançada, eliminaram o vírus.
5.Algumas pessoas apresentam cura espontânea da hepatite?
Eventualmente. Entretanto, somente um especialista pode avaliar o quadro clínico do paciente, de modo individualizado, para definir o diagnóstico preciso e a conduta mais adequada para tratamento.
6.A vacinação contra hepatite é eficaz?
A vacinação é a forma mais eficaz de obter imunidade permanente para os vírus da hepatite A e hepatite B. Não existem, ainda, vacinas para a hepatite C. Logo, a prevenção deve ser feita, evitando-se a exposição aos fatores de risco já citados.
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