Brasil, assim como acontece em outros países em desenvolvimento, a mortalidade materna ainda é um drama a ser superado. Os avanços obtidos nas últimas décadas, por meio de ações para melhoria na qualidade e segurança da infraestrutura dos serviços de saúde, ajudaram a reduzir (mas não eliminar) a incidência de complicações relacionadas à gestação. Como consequência, muitas mulheres ainda são vítimas, sobretudo, de hemorragia obstétrica, hipertensão arterial ou infecções, durante ou imediatamente após o parto. Coordenador médico do Centro Obstétrico da Maternidade Santamaria, Dr. Leomar Lyrio, destaca a relevância de ofertar uma infraestrutura de saúde preparada para o atendimento materno-fetal. “A maternidade é um momento especial na vida da mulher. Para vivenciá-lo, plenamente, ela precisa receber cuidado especializado, durante todo o período pré-natal até à fase pós-parto. Essa atenção personalizada melhora a qualidade de vida feminina e afasta os riscos associados à gestação, como a prematuridade ou o óbito”, destaca.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte das situações que colocam em risco a saúde materno-fetal poderia ser evitada, através do acesso das mulheres grávidas ao atendimento de saúde seguro e qualificado. O Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, 28 de maio, chama a atenção para a necessidade de reverter este cenário. Esforços conjuntos, na América Latina, já resultaram na queda de 43% da mortalidade materna, de 1990 a 2010. Mesmo expressivo, o resultado não atingiu a redução de 75% estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, para 2015. Mais recentemente, o Ministério da Saúde apontou oito Estados brasileiros considerados prioritários para o recebimento da ação Zero Morte Materna por Hemorragia. As gestantes e profissionais da saúde pública, do Maranhão, Ceará e Tocantins já foram contemplados pela iniciativa do MS e Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que deve chegar também à Bahia, Minas Gerais, Pará, Piauí e Rio Grande do Sul.
IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL
Dr. Leomar ressalta que o acompanhamento pré-natal é fundamental para a segurança e qualidade de vida da mulher e do recém-nascido, durante e após a gestação. O especialista acrescenta que essa assistência especializada ajuda a prevenir complicações evitáveis, associadas a cada fase gestacional. No terceiro trimestre da gravidez, por exemplo, há maior risco de hemorragias – um dos principais fatores de mortalidade materna. “A gestante que é acompanhada periodicamente por um médico obstetra tem melhores condições de vivenciar a gestação, o parto e o pós-parto, de modo seguro e saudável, recebendo orientações e o cuidado necessário à manutenção da sua saúde e do seu bebê. O MS preconiza, para isso, no mínimo, sete consultas durante o período gestacional”, observa.
O reconhecimento de doenças pré-existentes na mulher, além do diagnóstico precoce de diversos problemas relacionados à gravidez, é realizado por meio da análise do histórico clínico da gestante, e dos exames de imagem e laboratoriais realizados nesse período. Esses recursos dão o suporte necessário ao diagnóstico do médico obstetra, podendo ser enriquecidos por outras avaliações complementares, conforme o estado clínico de cada gestante. Dr. Leomar orienta que as consultas durante o pré-natal sejam iniciadas logo na descoberta da gestação ou, preferencialmente, antes da concepção, sendo realizadas mensalmente, até à 32ª semana. A partir desse momento, as consultas devem ser quinzenais até à 36ª semana, quando passam a ser semanais até o parto. “Esse cuidado feminino com a própria saúde, associado às práticas de segurança de uma infraestrutura assistencial preparada, constitui condição essencial à redução de riscos e eventos adversos na gestação”, conclui.
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