Você sabe o que é desnutrição hospitalar? Sabe que você pode ter um parente ou conhecido nesta condição? Estes questionamentos integram a campanha da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN), que visa conscientizar profissionais da saúde e a sociedade sobre este problema, que atinge cerca de 60% dos adultos internados. De acordo com a BRASPEN, a desnutrição hospitalar aumenta em três vezes o tempo de hospitalização, sendo mais frequente em pacientes idosos e críticos que são, também, os mais afetados por complicações associadas, como a piora imunológica. A chefe do Serviço de Nutrição do Hospital Português (HP), Gildete Fernandes, observa que o seguimento de estratégias preventivas na rotina de cuidados do paciente, como o Protocolo de Abreviação do Jejum do HP, é um dos meios eficazes de evitar e combater a desnutrição hospitalar. Confira a entrevista!
1. Qual a motivação das campanhas de prevenção à desnutrição hospitalar?
A nutrição do paciente hospitalizado é objeto de estudo do Ministério da Saúde (MS), desde as últimas quatro décadas. Em 1997, o Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI), envolveu 4 mil pacientes de 12 capitais brasileiras, mostrando uma relação estreita entre o estado nutricional e o tempo de internação. Este estudo motivou a criação de duas portarias pelo MS, que passaram a nortear, desde então, a nutrição hospitalar adequada. Novos estudos buscam mostrar como a formação de equipes multidisciplinares melhorou o perfil nutricional do paciente internado. As campanhas alertam para a importância de cumprir essas normas, visando à saúde do paciente.
2. Como a nutrição adequada favorece a reabilitação do paciente?
Sabemos que um paciente bem nutrido, isto é, com valores bioquímicos mais próximos da normalidade; com peso, avaliação física e nutricional próximos do ideal; tem melhor resposta fisiológica ao plano terapêutico, se recupera mais rápido e, consequentemente, alcança a alta hospitalar. O estado nutricional, inclusive, é decisivo para os processos cirúrgicos, visto que o paciente deve estar em condições de se submeter a uma cirurgia.
3. Como é feita a identificação precoce do estado nutricional do paciente internado?
Através do seguimento de diretrizes pela Nutrição Hospitalar. Inicialmente, empregamos a triagem nutricional, para fazer esse diagnóstico. Através de um checklist (Nutritional Risk Screening ESPEN 2002), aplicado nas primeiras 12 horas seguintes ao internamento, identificamos o risco nutricional do paciente, o seu histórico clínico (idade, perda de peso, doenças crônicas, cirurgias, patologia atual e problemas associados), dentre outros fatores. Também, aplicamos a avaliação antropométrica para identificar os percentuais de musculatura e gordura, seguida da avaliação física-nutricional (que analisa aspectos do cabelo, pele, língua, dentes), buscando a presença de sinais de deficiência nutricional, como queda de cabelo, baixo peso, dentre outros. Essa percepção geral do paciente fundamenta o Plano da Terapia Nutricional, podendo haver necessidade de suplementação por via oral, sonda enteral ou parenteral.
4. Como o Protocolo de Abreviação do Jejum do HP beneficia o paciente?
Estudos mostram que após 4h de jejum, há um gasto de energia substancial; após 6h, esse gasto aumenta; após 24h, a reserva energética acaba, gerando estresse metabólico. O organismo passa, então, a transformar reservas de tecido adiposo e massa muscular em energia (necessária ao funcionamento de órgãos vitais, como cérebro, rins e fígado), provocando perda de peso e desnutrição no paciente. O Protocolo de Abreviação do Tempo de Jejum visa ofertar uma solução de 200 ml (de maltodextrina a 12,5%), até 2 horas antes da cirurgia, para diminuir os agravos e a mortalidade associada à condição nutricional e cirúrgica do paciente; assim como, visa o reinício da alimentação, tão logo possível, após o procedimento.
5. A família do paciente deve participar, também, desse processo?
O engajamento da família, com o trabalho da equipe multidisciplinar, otimiza a recuperação rápida e plena do paciente. Os familiares e acompanhantes devem aderir e interagir com a equipe para o sucesso da Terapêutica Nutricional. Ao auxiliar na oferta dos alimentos institucionais ao paciente, a família humaniza o momento da refeição e fortalece as referências da “comida afetiva”. O Setor de Nutrição disponibiliza todos os alimentos necessários às especificidades do paciente. Quando há indicação, ofertamos, também, suplementos nutricionais, via oral ou através de sonda enteral e/ou parenteral.
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