Convívio com pets beneficia a saúde e o estado emocional
12 de dezembro de 2018
Quem já passou pela experiência de adotar um animal de estimação revela que, desse convívio, costuma nascer um forte vínculo emocional. No entanto, os efeitos positivos de se relacionar com um bichinho vão muito além dos laços afetivos; abrange benefícios relevantes para a saúde e manutenção do equilíbrio físico e mental. Estudos mostram que a proximidade dos pets é capaz de auxiliar as pessoas na redução do estresse e da ansiedade, na eliminação de dores de fundo emocional, no combate à depressão, na melhoria da resistência imunológica infantil e redução do risco da criança desenvolver alergias, dentre outras contribuições favoráveis à qualidade de vida. Segundo os estudiosos do assunto, crianças, adultos e idosos podem tirar proveito desse relacionamento.
É o que faz a publicitária Deise Oliveira, de 33 anos. Para lidar melhor com a experiência de morar sozinha, em Salvador, e suprir o sentimento de solidão, muitas vezes inevitável, pela distância da família, que reside no interior baiano, ela adotou três felinos: Palhaço, Theo e Mia. A jovem revela que, ter a presença dos bichanos, ao chegar em casa, é relaxante, além de um alivio para o estresse do dia a dia. “Depois que adotei o meu primeiro gato, a minha saúde mental e, consequentemente, o meu estado físico melhoraram muito. Ter um felino ao lado é ter uma chance de meditação permanente. Eles nos ensinam a desenvolver paciência, atenção, silêncio e mistério. Sou muito mais feliz depois deles; digo com toda certeza: vale a pena entrar no mundo dos gatos, pois o nosso mundo aqui fica bem melhor”, afirma.
Especialista do Serviço de Neurologia do Hospital Português, Dra. Jesângeli Dias, vê vários aspectos vantajosos na interação homem-animal. “Os animais domésticos dão um suporte importante à saúde humana. A simples convivência e proximidade deles estimula a produção de substâncias que promovem o bem-estar, em áreas do cérebro responsáveis por sensações positivas, como prazer, conforto e felicidade”, informa. Como consequência, a neurologista explica que há um estado de relaxamento físico e mental, com melhoria das funções cognitivas, memória, regulação do ritmo cardíaco e da pressão arterial; fatores que ajudam a proteger o coração e prevenir problemas cardiovasculares, como o AVC. Para quem tem a companhia de um cão, os passeios rotineiros com o animal também podem favorecer a redução de peso, o controle do colesterol e dos níveis de triglicérides, ajudando a prevenir a obesidade, assim como, melhorar o equilíbrio e a coordenação motora.
Estudos norte-americanos, desenvolvidos na Universidade de Minnesota, mostraram que desfrutar da companhia de um cão, por 12 minutos, em média, melhora a função cardíaca e pulmonar de portadores de problemas no coração. A Instituição investigou, também, os benefícios da convivência com os felinos e descobriu que essa relação pode ajudar a prevenir o risco de acidente vascular cerebral, infarto e outras doenças cardiovasculares. Durante duas décadas os pesquisadores avaliaram cerca de 4,5 mil norte-americanos, com idades entre 30 anos e 75 anos. Mais da metade deles possuía um gato de estimação. O resultado revelou uma predisposição 40% maior para cardiopatias e 30% maior para doenças cardiovasculares, entre os participantes que não conviviam com um felino, na comparação com os donos de bichanos. As razões para os achados foram atribuídas ao relaxamento, diminuição da ansiedade e do estresse, decorrentes da convivência com os gatos.
No Brasil, muita gente tem usufruído de tamanhas vantagens, talvez, sem ao menos se dar conta. O País é o quarto no mundo em número de animais de estimação, com 132 milhões de pets, e já possui a segunda maior população de cães (52,2 milhões) e gatos (22,1 milhões), conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Para o médico geriatra e gerontologista, líder das especialidades de geriatria e clínica médica do Hospital Português, Dr. Márcio Peixoto, esse interesse pela convivência doméstica com animais traz outro importante benefício: o melhor enfrentamento de uma situação comum na atualidade, o sentimento de solidão.
O geriatra observa que o isolamento social, os transtornos de humor (depressão) e ansiedade são, hoje, condições muito presentes na população mundial, em razão do estilo de vida moderno. “Tais problemas geram impactos importantes na qualidade de vida e independência, sobretudo, dos idosos. Por vezes, a companhia de um animal de estimação resgata a afetividade, a autoestima, a capacidade de comunicação e interação social, melhorando o ânimo e minimizando limitações físicas ou emocionais”, pondera.
Este apoio lúdico dos pets responde, ainda, pela disseminação da Terapia Assistida por Animais (AAT); um recurso terapêutico alternativo, criado na Inglaterra, há cerca de 226 anos, visando melhorar as trocas sociais, emocionais ou cognitivas de pacientes hospitalizados. Hoje, a AAT insere cães e outros animais adestrados, na rotina de pacientes, por meio de sessões que buscam complementar o trabalho assistencial, humanizar o cuidado e promover bem-estar. Para a neurologista Jesângeli Dias, os benefícios da convivência com um animal são inegáveis, dentro ou fora de uma unidade de saúde. “Quem ainda não viveu essa experiência pode se surpreender, de forma muito positiva”, finaliza.
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