Atenção para a alimentação de recém-nascidos e de futuras mamães
10 de janeiro de 2019
Nove meses de espera e preparação para um momento mais do que especial para as futuras mamães. O período de gestação representa um sonho para muitas mulheres e deve ser observado com bastante cuidado no que tange a uma alimentação adequada visando uma boa nutrição tanto para as mães quanto para os bebês. Pensando nisso, trazemos aqui uma entrevista com a nutricionista Carla Mendonça, que aprofunda importantes questões acerca de alimentos saudáveis para os recém-nascidos e gestantes. Confira!
Como a alimentação desde o período da gestação pode influenciar no desenvolvimento da criança?
Nos últimos anos, a preocupação com alimentação ideal durante o período gestacional tem ganhado destaque em função dos inúmeros estudos que demonstram um papel extremamente relevante dos alimentos/nutrientes na influência no genoma, atuando na programação metabólica e podendo modular a expressão de genes que estarão associados à manutenção da saúde e prevenção de doenças. Além disso, muito tem se discutido sobre a importância dos primeiros 1000 dias para o desenvolvimento infantil. Entende-se como 1000 dias o período que compreende desde a gestação e vai até os dois primeiros anos de vida do bebê. Esta fase tem sido considerada como uma janela de oportunidades para o pleno desenvolvimento da criança, desde a vida intrauterina e o desenvolvimento fetal adequado, bem como ponto chave na prevenção de doenças crônicas na vida adulta como obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus.
Quais características principais as mamães devem observar na qualidade dos alimentos consumidos durante a gestação?
Em geral, a alimentação precisa ser completa, equilibrada do ponto de vista dos macronutrientes como os carboidratos, lipídeos e proteína, além de ser variada a fim de proporcionar todos os micronutrientes necessários para o desenvolvimento adequado criança. Atenção especial com o ganho de peso materno, pois este relaciona-se diretamente ao ganho de peso fetal. A recomendação deve sempre ser individualizada, considerando o estado de saúde da mulher e o estado nutricional ao iniciar este período. Mulheres que são obesas têm recomendações diferentes das mulheres com baixo peso, por exemplo.
Aprofundando os tipos de alimentos e vitaminas, quais as prioridades que a mamães devem ter em mente na escolha?
A alimentação deve estar pautada em “comida de verdade”, aumentando o consumo dos alimentos frescos e naturais, reduzindo a exposição a agrotóxicos, consumindo a maior quantidade de alimentos orgânicos, reduzindo ao máximo o consumo de alimentos processados e ultraprocessados (industrializados), seguindo o lema “descascar mais e desembalar menos”. Atenção especial a nutrientes como: ácido fólico, Vitamina B6, ferro, cálcio, vitamina D, selênio, vitamina A, zinco, iodo e ômega 3 podendo ser encontrados de forma abundante numa alimentação variada, além de diminuir a exposição a contaminantes como mercúrio, presentes em alguns peixes.
Quais as principais características que o tornam o leite materno tão importante para a nutrição do bebê?
O leite materno atende as necessidade do bebê por ser plenamente adaptado a imaturidade fisiológica dos tratos digestivo, renal e imunológico que estão em processo de maturação, mesmo após o nascimento. Sabe-se que o leite materno é um alimento de composição dinâmica. É rico em compostos imunológicos com atividade protetora que vão modulando-se ao longo das necessidades do bebê, modificando-se para atender as demandas específicas de cada fase, a exemplo disso temos o leite das mães de bebês prematuros, que são mais hipercalóricos e mais hiperproteicos do que de mães de bebês nascidos a termo. Além disso, ele proporciona o desenvolvimento do sistema imunológico, maturação de outros sistemas como o neurológico, além de desenvolver e fortalecer o vínculo mãe e filho.
Quais obstáculos a senhora citaria para uma maior conscientização dessa importância do aleitamento?
Mesmo com todos os benefícios já respaldados pela ciência sobre a importância do aleitamento materno para o binômio mãe e bebê, no cenário atual a média de dias e a prevalência do aleitamento materno ainda estão aquém do preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Como obstáculos a consolidação da pratica, destaca-se a presença de crenças, cultura e mitos a respeito do leite como a percepção de que o leite é insuficiente ou fraco; falta de confiança na capacidade de amamentação; falta de suporte familiar e da comunidade, falta de suporte dos profissionais de saúde; o retorno precoce da mulher a atividade laboral e o excessivo marketing sobre as fórmulas infantis são alguns dos aspectos.
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