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Maratona carnavalesca pede condicionamento físico

15 de fevereiro de 2019

O Carnaval se aproxima e faz crescer a euforia capaz de tirar muita gente do sedentarismo (mesmo que por alguns dias, apenas). Atraídos pela descontração e mistura de ritmos da festa, muitos deixam o conforto do sofá e iniciam uma verdadeira maratona carnavalesca, quase sempre, sem nenhum preparo físico. Essa mudança repentina, da inatividade para um desgaste intenso, é semelhante à experimentada pelos chamados atletas de fim de semana e, de acordo com o vice-coordenador da Unidade Coronariana do Hospital Português, Dr. Marcos Barojas, pode colocar a saúde em risco. “No Carnaval, as pessoas se movimentam mais do que o habitual, percorrem longas distâncias, pulam e dançam ao som dos trios elétricos, durante cerca de quatro, oito horas seguidas. É algo que foge à rotina e exige preparo físico, a fim de evitar danos à saúde”, alerta o cardiologista.

Além de cansaço, os dias de folia propiciam, ainda, uma série de excessos e comportamentos nocivos – consumo de bebidas alcóolicas; ingestão de energéticos, estimulantes, entre outras substâncias tóxicas aos músculos, como o coração; tabagismo; alimentação fora de hora e pouco saudável; menor tempo de sono e repouso; baixa ingestão de água, maior transpiração e desidratação, dentre outros aspectos. Considerando tudo isto, o pré-carnaval pode ser uma oportunidade de se preparar, para melhorar a saúde e o fôlego, antes de se aventurar na festa. Aos foliões sedentários, Dr. Barojas recomenda a prática de caminhada. “Tentar correr uma meia maratona sem estar previamente preparado tem seus riscos, assim como, sedentários têm risco ao participarem da maratona de excesso do Carnaval sem o devido preparo cardiovascular. Mas, todos podem começar a caminhar diariamente, mesmo a poucos dias da folia”, frisa.

CAMINHAR: MEIO PRÁTICO DE GANHAR RESISTÊNCIA

Se você reluta, só de imaginar uma caminhada de 40 minutos, tendo que usar tênis e se deslocar para a orla da cidade, o cardiologista lembra que condicionar o corpo pode e deve ser algo incorporado ao dia a dia, de forma mais simples e prática. “Você pode subir escadas, ao invés de usar o elevador; pode pegar o ônibus um ponto depois ou saltar um ponto antes e andar até o seu destino. O risco de permanecer inativo, claramente, é maior do que o de se exercitar. Caminhar é uma opção sempre acessível e prática para adaptar o corpo, inclusive, visando curtir intensamente os dias de festa”, destaca.

Para quem está sedentário, o médico recomenda iniciar a atividade com um esforço de intensidade leve a moderada. Uma dica é observar se dá para caminhar e conversar ao mesmo tempo, sem ficar ofegante. “Se consegue, pode continuar; se não consegue ou sente dor no peito, falta de ar, tontura ou mal-estar, pare a atividade e busque o seu cardiologista”, orienta.

Desenvolver resistência física, seja com caminhadas rotineiras ou outra modalidade de treino, traz vantagens significativas à saúde, na medida em que o corpo se adapta. O risco cardiovascular diminui na proporção em que há regulação da pressão arterial, da frequência cardíaca, dos níveis de glicemia, colesterol e consequentes efeitos terapêuticos, não farmacológicos, para tais fatores de risco. Mas, usufruir desses resultados, pede exercícios físicos sistemáticos e intensos, respeitando a capacidade pessoal e a duração mínima de quarenta minutos, três vezes por semana. “Toda atividade física precisa de um propósito: ganhar massa muscular, perder peso, aumentar a força ou a resistência. É assim que o exercício condiciona o organismo e gera adaptações fisiológicas que melhoram a capacidade funcional do coração, das pernas e pulmões, produzindo benefícios adaptativos ao praticante”, informa o cardiologista.

FOLIÃO X ATLETA DE FIM DE SEMANA

Na maratona carnavalesca, o corpo sente os mesmos efeitos de quem pratica atividades físicas apenas nos finais de semana, ou seja: tem os benefícios mentais do relaxamento, lazer, mas não o condicionamento cardiovascular – já que o organismo não consegue se adaptar fisiologicamente com o esforço apenas uma vez na semana. “Nessa condição há risco, porque diante do esforço súbito, sem preparação e com intensidade mantida, como acontece no futebol de final de semana ou no Carnaval, por exemplo, o coração precisa trabalhar mais para bombear o sangue e atender a demanda do corpo. Se já existir uma doença instalada, pode ocorrer enfarto ou até morte súbita”, alerta o médico.

Por outro lado, o exercício regular traz vantagens reais, porque desafia o corpo a se adaptar fisiologicamente. Dr. Barojas explica que essa adaptação é positiva, pois fortalece o corpo integralmente – o coração bate mais forte, o pulmão respira melhor, a perna funciona melhor. “São processos adaptativos. O esforço tem que acontecer regularmente, a cada 48 horas. É uma intensidade crescente e progressiva, conforme a idade de cada pessoa, o esforço empenhado e a capacidade de entrega”, pondera.

AVALIAÇÃO CARDIOLÓGICA: QUEM DEVE FAZER?

Quem tem doença, reconhecida como fator de risco cardiovascular, deve fazer avaliação cardiológica, antes de iniciar uma atividade física. Eles são os portadores de diabetes, hipertensão, colesterol alto, fumantes (quem fumou nos últimos quinze anos, também), pessoas com histórico familiar de doença arterial coronariana e/ou morte súbita precoce, quem teve problema cardiovascular (enfarto, derrame, colocou ponte de safena ou stent). Quem vai desempenhar atividade de impacto ou esforço maior, precisa também de avaliação cardiológica. Para esses públicos, um treino de volume requer análise médica prévia. Na consulta, através da anamnese, do exame físico e de exames complementares individualizados, o cardiologista pode checar o nível de aptidão física e recomendar a atividade adequada para gerar benefícios.

“O esforço físico é necessário para proporcionar saúde e bem-estar. Sentir mal ou sofrer ao fazer uma atividade física é um sinal de alerta do corpo. Contudo, se não há sintoma cardiovascular previamente diagnosticado, o risco maior é ficar parado. Nesse caso, vamos caminhar!”, finaliza.

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