A população brasileira envelhece de forma rápida e progressiva, especialmente com o aumento da expectativa de vida. Os idosos já somam mais de 29,3 milhões de pessoas, no País; o equivalente a 14,3% da população total. Ao mesmo tempo em que esse avanço reflete melhores condições de vida, gera a necessidade de promover cuidados específicos para a população idosa, voltados ao envelhecimento saudável e com bem-estar. O vice-coordenador médico da Emergência Ortopédica do Hospital Português e líder da especialidade de ombro e cotovelo, Dr. Luis Alfredo Gómez, chama a atenção para a importância de prevenir um dos eventos mais impactantes na qualidade de vida dos idosos: as lesões e traumas ortopédicos. Nesta entrevista, o especialista relaciona os principais agentes causadores e impactos desses danos e as formas de prevenção e tratamento. Confira!
1. Além do trauma físico, as lesões ortopédicas geram prejuízos psicossociais ao idoso. Como o senhor avalia essa situação?
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Entretanto, com o avanço da medicina e das condições de vida, o conceito de envelhecimento vem sendo transformado ao longo do tempo. Cada vez mais, as pessoas idosas exercitam a sua autonomia e independência, ocupando espaços de relevância social, no contexto profissional, dentre outros. Ter a rotina de vida alterada, de forma abrupta, em decorrência de uma lesão ortopédica (por vezes evitável, mas que gera incapacidade física), pode desencadear um estado deprimido e interferir, inclusive, no plano terapêutico e processo de reabilitação física.
2. Quais as principais lesões traumáticas em idosos?
Estudos nessa área mostram que a fratura do fêmur apresenta um predomínio nas ocorrências de traumas ortopédicos, em idosos. As mulheres idosas são as mais afetadas, correspondendo a mais de 40% dos casos, sobretudo, de fraturas no membro inferior direito. Mas, também podem ocorrer contusão muscular, luxações, entorses e traumatismos em outras partes do corpo, como cabeça, ombro, joelho e tornozelo.
3. Poderia citar os fatores mais relacionados a esse tipo de ocorrência?
O envelhecimento é um processo natural e individual, pois acontece de forma diferente para cada indivíduo. Contudo, com o avanço da idade, se não houver um preparo para essa fase da vida, podem surgir alterações do equilíbrio, da coordenação, dos reflexos e da marcha. Todos estes fatores estão muito relacionados à queda em idosos.
4. Como é feito o tratamento, nesses casos?
De modo geral, a terapia de lesões e traumas em idosos considera alguns aspectos próprios dessa população, como a tendência para patologias associadas e o maior tempo necessário para a recuperação. A avaliação individualizada do idoso, por equipe multidisciplinar, permite um diagnóstico mais preciso para a definição de um plano terapêutico personalizado, conforme a gravidade da lesão apresentada. Assim, além da intervenção cirúrgica, que é o tratamento aplicado na maioria dos casos de fratura, pode haver o emprego de terapias menos invasivas e mais efetivas para casos específicos, a fim de evitar complicações.
5. Quais as suas orientações para a prevenção de quedas em idosos?
Embora frequentes, as quedas em pessoas idosas podem ser evitadas com medidas preventivas, especialmente, no ambiente doméstico, como: a instalação de corrimão nos dois lados das escadas; usar calçados fechados com solados de borracha; não caminhar sobre piso úmido ou encerado; não utilizar tapetes nos ambientes da casa; evitar móveis e objetos que sirvam de obstáculo; utilizar tapete antiderrapante, apenas no banheiro; ter um abajur aceso, próximo à cama, caso precise levantar à noite; usar sempre a faixa de pedestres e não correr, sobretudo na rua, em caso de mobilidade limitada; se for preciso, utilizar instrumentos de apoio, como bengalas ou muletas.
Dr. Luis Alfredo Gómez, vice-coordenador do Serviço de Ortopedia do HP.
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