A semelhança de sintomas entre diversas viroses infecciosas sazonais, especialmente aquelas que surgem no período chuvoso, requer atenção redobrada da população. Isto porque embora possa haver semelhanças nas manifestações clínicas iniciais (como febre, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações), o potencial de gravidade gerado pelas infecções virais varia, em cada caso. Além disso, algumas doenças bacterianas podem, também, ter essas mesmas condições clínicas, inicialmente. Infectologista do Hospital Português, Dr. Alessandro Farias alerta para a necessidade de atendimento especializado, visando avaliar a condição clínica do paciente, definir o diagnóstico preciso e instituir o tratamento adequado, para cada situação. Nesta entrevista, o infectologista orienta como agir diante das principais manifestações clínicas associadas a algumas viroses comuns nesta época do ano. Confira!
1. Sintomas como febre, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, são comuns em diferentes quadros infecciosos e costumam motivar a automedicação da população, em geral. Que orientação o senhor dá, nesse sentido? Quando estes sintomas citados devem motivar a procura por atendimento médico?
Automedicar-se envolve riscos, como os de alterar o quadro clínico e desenvolver reações colaterais com medicamentos inadvertidos. Deve-se observar a intensidade dos sintomas, principalmente, aqueles que denotam alterações em funções orgânicas, por exemplo, alteração do nível de consciência, sangramentos, dor que não passa, diminuição do volume de urina, tontura, vômitos persistentes. Nestes casos, a procura pelo Serviço de Emergência deve ser imediata.
2. Doenças respiratórias, como gripes e resfriados, podem ser inicialmente confundidas com outras infecções virais, como dengue, zika e chikungunya. Em que momento deve ser buscado o atendimento especializado, evitando eventuais soluções caseiras e o agravamento do quadro clínico?
Em relação à gripe, associada à febre, tosse, dor na garganta ou outros sintomas de viroses, é indicado sempre buscar orientações adequadas, no Serviço de Emergência. Resfriados não causam febre, sendo condições mais amenas. Porém, a gripe, pode complicar. Já as viroses, adquiridas pelo Aedes Aegypt (dengue, zika e chikungunya) provocam frequentemente: febre, mialgia (dor muscular), cefaleia e dores articulares, que variam em intensidade, conforme cada um dos três tipos de viroses. Na dengue, deve-se observar os sinais de alerta (vômitos frequentes, dor abdominal, sangramentos, redução do volume de urina e hipotensão) e buscar, imediatamente, o Serviço de Emergência.
3. Mesmo diante da eficácia comprovada da vacina, o Brasil registra aumento de casos de infecções graves, como a influenza H1N1 e o sarampo. Que avaliação o senhor faz sobre o surgimento de novos casos dessas doenças, em nossa população?
A vacina contra a gripe tem como principal finalidade reduzir a gravidade da infecção. Desse modo, uma pessoa que não tomou a vacina, ao adquirir gripe, poderá internar-se numa UTI, contudo, aquela que foi vacinada, provavelmente, não terá necessidade de internamento. Já os registros recentes de sarampo, têm relação com o momento de entrada de Venezuelanos portadores da doença, no Brasil, e o contágio de algumas populações não previamente vacinadas contra este vírus. É importante lembrar que o sarampo é uma doença que pode ser controlada com a vacinação adequada de todos, sobretudo, os menores de 29 anos de idade.
4. Em relação à prevenção do contágio por vírus, no período de chuvas, quais as suas orientações para as populações mais vulneráveis, como crianças, gestantes e idosos?
Atualizar seus cartões vacinais é essencial. Manter boa hidratação, dormir bem e higienizar as mãos adequadamente, evitando colocá-las nas mucosas da face, quando estiverem fora de casa, são outras medidas preventivas essenciais.
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