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5 mitos sobre alimentação saudável

9 de setembro de 2019

Gildete Fernandes é chefe do Serviço de Nutrição do Hospital Português

Cuidar da alimentação diária é, seguramente, uma atitude fundamental para conquistar uma vida mais saudável. Para os melhores resultados, especialistas recomendam planejar a reeducação alimentar com a orientação de um nutricionista. Ainda assim, em busca de resultados rápidos, muita gente adota a experiência de pessoas próximas (ou internet) como fonte de informação e, até mesmo, um guia para decisões e escolhas sobre alimentação, dietas, saúde e bem-estar. “Essa influência pode ser perigosa, pois muitos conteúdos propagados carecem de embasamento científico e ajudam a enraizar crenças infundadas. Consultar fontes de informação segura é essencial”, alerta a chefe de Nutrição do Hospital Português, Gildete Fernandes, que esclarece, a seguir, alguns mitos popularizados, nessa área. Confira!

1. Produtos light, diet, com zero açúcar e gordura promovem uma dieta saudável.
Para pessoas com indicação de consumir esses produtos, sim! Os produtos diet foram criados para quem precisa excluir da alimentação algum princípio ativo do alimento, que causa mal à saúde. Esses produtos atendem necessidades específicas, excluindo o sal (para portadores de hipertensão arterial) e o açúcar (para portadores de diabetes, intolerância à glicose ou glúten). Produtos light possuem, em média, 30% menos calorias que os alimentos integrais. Essa redução pode ocorrer por menor oferta de açúcar e gordura, mantendo os níveis de proteína. Produtos light são indicados para a dieta de públicos específicos, com objetivos específicos, visando uma alimentação menos calórica, porém com sabor próximo do habitual. Pessoas saudáveis não possuem indicação para consumir esses alimentos, devendo manter a ingestão equilibrada de nutrientes essenciais para uma alimentação saudável.

2. Alimentos com glúten ou lactose causam intolerância e riscos à saúde.
As intolerâncias ao glúten e à lactose são condições raras na população. Pessoas diagnosticadas com doença celíaca são intolerantes ao glúten, porque nascem sem a enzima que faz a digestão dessa substância e, por isso, sofrem com uma série de transtornos gastrointestinais, que podem comprometer a saúde. Para esse público, foram desenvolvidos os alimentos sem glúten. Não existe alguém mais ou menos intolerante ao glúten. O diagnóstico de doença celíaca aponta uma intolerância real, embasada em diversos sintomas, que precisa de cuidados especializados, assim como acontece na intolerância à lactose. Pessoas diagnosticadas com intolerância à lactose não realizam a digestão do açúcar presente no leite e seus derivados, porque nascem sem a enzima lactase. Essa condição é diferente da sensibilidade à lactose, gerada pela redução progressiva na produção da enzima lactase, natural ao processo de envelhecimento. Diversas patologias intestinais, comuns na população, causam desconforto digestivo e outras condições passageiras (como gases, fermentação e sensação de plenitude).

3. Uma alimentação restritiva (com zero carboidrato, por exemplo) acelera a perda de peso.
A exclusão de qualquer componente da alimentação habitual do indivíduo leva à perda de peso. O organismo humano precisa receber, todos os dias, fontes de carboidratos e açúcares, para manter o pleno desempenho. Uma alimentação restritiva, feita de modo indiscriminado, sem avaliação prévia da condição clínica pessoal, pode desencadear sérios problemas de saúde, por privação de nutrientes essenciais. A gordura, por exemplo, faz parte da reserva nutricional do organismo, sendo necessária para a absorção de vitaminas lipossolúveis, a produção hormonal e de colesterol saudável. Retirar algum componente alimentar, sem critérios substitutivos, resulta em perdas orgânicas importantes do ponto de vista nutricional, com absorção insuficiente de vitaminas, minerais, proteínas, calorias, entre outros nutrientes.

4. Comer a cada três horas acelera o metabolismo e potencializa a redução de peso.
A alimentação feita a cada três horas não acelera o metabolismo, nem potencializa a redução de peso. Na verdade, comer em menor quantidade, em intervalos mais frequentes, colabora para o maior conforto intestinal, controle dos hormônios responsáveis pela fome e saciedade, e maior conforto na digestão dos alimentos – já que o estômago não vai permanecer vazio, por muito tempo para, depois, receber grandes quantidades de alimento de uma só vez. Esse hábito está bastante relacionado ao refluxo gastroesofágico.Não há evidencias científicas relacionando propriedades termogênicas ao limão. O fruto cítrico é rico em vitamina C, potássio, ferro, entre outros nutrientes, podendo ser consumido, em jejum, em forma de suco, por quem aprecia a fruta, mas, sem a expectativa infundada de perder peso.