CIHDOTT-HP: mediação e fomento no processo de doação de órgãos
5 de setembro de 2019
O aumento de 7% no número de doadores de órgãos, no Brasil, em 2018, apontado pelo Ministério da Saúde (MS), e a consequente impulsão dos transplantes realizados no País, em relação ao ano anterior, não atenuam uma realidade ainda presente nos centros transplantadores brasileiros: a dificuldade das famílias em autorizar a doação de órgãos. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o Brasil registra uma média anual de 3,7 doadores, por milhão de habitantes – número muito inferior ao de países latinos, como Argentina e Chile, onde a média anual de doadores gira em torno de 10 a 12 habitantes, por milhão; e de países desenvolvidos, onde a taxa anual chega a cerca de 20 a 40 doadores de órgãos, por milhão de habitantes.
Esses dados revelam que há muito trabalho de conscientização social a ser feito. Coordenadora atual da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do Hospital Português (CIHDOTT-HP), Dra. Raquel Hermes ressalta o papel relevante da Comissão na mediação e fomento do processo de doação de órgãos, em todas as etapas, além da capacitação de profissionais dos serviços hospitalares. “Muitos profissionais da saúde, de áreas com potenciais doadores, como a Oncologia, não sabem, por exemplo, que pessoas com tumores malignos podem doar córneas. Nesses casos, esclarecemos que a captação das córneas pode ocorrer até 6 horas, após o óbito”, informa a médica.
Além de treinar profissionais de unidades de medicina crítica, entre outras frentes, para identificar possíveis doadores e viabilizar a doação de órgãos, a CIHDOTT-HP desenvolve uma série de ações integradas, durante todo o ano: acolhe as famílias de potenciais doadores, esclarece como a doação de órgãos pode ser feita no HP, promove campanhas e eventos socioeducativos abertos à comunidade (como o Setembro Verde), acompanha todos os protocolos de morte encefálica caso a caso, dentre outras iniciativas. Os membros da Comissão também mantêm atualização contínua sobre os trâmites da doação, em treinamentos e reuniões mensais, eventos da Central Estadual de Transplantes e outras instituições, visando aperfeiçoar o acolhimento humano na entrevista de familiares.
“A nossa missão é acolher as famílias, com respeito e empatia, para ajudá-las a elaborar o luto; apresentando a possibilidade de transformar a dor da perda em oportunidade de ajudar outras pessoas, com a doação de órgãos. Essa autorização tão generosa reflete uma mudança profunda de paradigma sobre a vida”, ressalta a especialista. Hoje, mais de 30 mil brasileiros vivenciam a espera por um doador de órgão. Na Bahia, mais de 1,8 mil pessoas anseiam retomar suas rotinas de vida com a realização da cirurgia transplantadora de rim, fígado ou córneas. A esperança dessas pessoas se acende diante do histórico de êxitos e pioneirismos alcançados por centros transplantadores de referência, como o Hospital Português – Instituição filantrópica que mantém infraestrutura completa para cirurgias de alta complexidade nos Programas de Transplantes de Fígado e Rim, e grande potencial para a doação de córneas.
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