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Mitos e verdades sobre câncer de próstata

4 de novembro de 2019

*Entrevista com Dr. André Bacellar, oncologista do Centro de Oncologia HP/NOB.

Embora seja o segundo tipo de tumor mais frequente entre os homens brasileiros (atrás apenas da neoplasia de pele), o câncer de próstata ainda esbarra em preconceito, desinformação e crenças infundadas que povoam o universo masculino, quando o assunto é prevenção e tratamento efetivos do problema. Neste ano, estão previstos pouco mais de 68 mil casos da doença, conforme levantamento do Instituto Nacional de Câncer – INCA. Para estimular a busca precoce por atendimento especializado, o médico oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Português/NOB, Dr. André Bacellar, esclarece alguns mitos e verdades relacionados à incidência, prevenção e ao tratamento da doença. Confira a entrevista!

O câncer de próstata acomete apenas os idosos?

A idade, sem dúvida, é o fator de risco mais importante para o aparecimento do câncer de próstata. Cerca de 75% dos casos ocorrem a partir dos 65 anos. No entanto, não é incomum diagnosticarmos pacientes na faixa dos 40-50 anos, geralmente, com histórico familiar de câncer.

Sedentarismo e obesidade aumentam o risco para a doença?

O excesso de gordura corporal e o estilo de vida sedentário aumentam a incidência dos mais variados tipos de câncer, inclusive o de próstata. A melhor maneira de se prevenir é adquirir, desde cedo, hábitos nutricionais saudáveis e uma rotina de atividade física.

Quais os primeiros sinais do câncer de próstata e as chances de cura?

A maioria dos pacientes não tem nenhum sintoma no estágio inicial. Quando estão presentes, são similares aos do crescimento benigno da próstata, como dificuldade para urinar ou necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou noite. A chance de cura quando diagnosticado nas fases iniciais passa dos 90%.

A genética (ter um avô, pai ou irmão com histórico de câncer de próstata) aumenta o risco masculino?

Aumenta sim, principalmente, quando há diagnóstico em um familiar com menos de 60 anos. Nesses casos, os familiares devem iniciar o acompanhamento com o urologista aos 40 anos.

O exame de sangue substitui o toque retal?

O paciente deve discutir com o seu médico os riscos e benefícios do rastreamento do câncer de próstata. Utilizamos o PSA (exame de sangue simples) e o toque retal (exame clínico rápido e indolor que pode detectar alterações que nem sempre elevam o PSA). Vale lembrar a importância da ressonância multiparamétrica que, muitas vezes, ajuda a guiar a biópsia, assim como, na decisão de tratar ou não os tumores com menor risco ao paciente. Detectamos, muitas vezes, tumores que podem ser apenas monitorados, sem prejuízo ao paciente.

Como a doença é tratada?

O tratamento da doença na sua fase inicial, restrita à próstata, consiste na cirurgia ou radioterapia, ambos com resultados bastante satisfatórios. Individualiza-se cada caso, pois, a melhor escolha depende das características do paciente e do câncer. Na fase mais avançada, com metástases, nosso objetivo é melhorar a qualidade e expectativa de vida dos pacientes. Terapia hormonal, remédios antiandrógenos de nova geração, quimioterapias mais modernas, radioisótopos pela Medicina Nuclear e imunoterapia são exemplos de tratamentos que vêm contribuindo para uma melhora importante no cuidado destes pacientes, nos últimos anos.

Ter câncer de próstata ou tratar a doença gera impotência sexual?

A disfunção erétil pode ser causada pela doença apenas em fases mais avançadas. Com a disseminação dos exames de rastreamento, felizmente, vemos isto com menos frequência. O tratamento com cirurgia ou radioterapia pode causar impotência de leve a severa, em mais de 50% dos casos. Técnicas modernas têm melhorado estas taxas. Fatores importantes para manter a qualidade da função sexual envolvem: aspectos psicológicos, condições de saúde prévias ao tratamento do câncer, tipo e modalidade de tratamento empregado, estágio em que a doença foi descoberta e grau de experiência da equipe médica.