A analogia entre o ano novo e a representação simbólica da passagem para um novo ciclo de vida, serve de inspiração para pessoas de diferentes idades, credos, culturas e condições sociais e econômicas. Tendo em comum a expectativa de recomeço, muita gente enxerga neste marco cronológico uma oportunidade para traçar novos projetos de vida, reafirmar compromissos pessoais e renovar a motivação necessária ao alcance de metas. Nesta entrevista, a psicóloga do Hospital Português, Elisa Teixeira, traz o olhar da especialidade para falar sobre a alegoria de recomeço vinculada ao ano novo. Confira!
Como você avalia a associação feita por diversas culturas entre a passagem de ano e o início de um novo ciclo de vida?
O fim de ano, pelo próprio conceito de marco de passagem, que sinaliza o fim de um ciclo e início de outro, de fato, tem uma representação importante para a maioria das pessoas, em relação à análise e autorreflexão das diversas áreas da vida. Mas, esse processo de autorreflexão pode acontecer em qualquer época, seja no período do aniversário, no ciclo das estações do ano ou associado a acontecimentos externos, como, por exemplo, o período de férias, a conquista de um novo emprego ou de uma nova casa, o nascimento de filhos, entre outros.
Cultivar essa visão traz benefícios?
Pensar sobre si mesmo, sobre a vida e os projetos pessoais e profissionais é sempre bem-vindo. Em qualquer época do ano, se lançar sobre o próprio desejo, expectativas e projetos, traz benefícios para o sujeito.
Planejar as realizações para o ano novo favorece a saúde psicoemocional?
Em tempos marcados pelo aumento da ansiedade, o ato de planejar o ano novo pode ser mais um fator ansiogênico (contribuindo para o desconforto físico ou psíquico), como, também, pode ajudar a apaziguar as repercussões da ansiedade. O que de fato favorece a saúde psicoemocional não é o planejamento em si, mas, a percepção de realização, de alinhamento entre o objetivo traçado e as metas conquistadas.
A chegada de um novo tempo contribui para ressignificar posturas habituais?
A chegada de um novo tempo cria uma ilusão de transformação completa. Existe uma ideia de que tudo vai ser diferente. As promessas e planos ganham lugar; por vezes, há o resgate e a reformulação de listas de metas dos anos anteriores. Mas, um detalhe é o mais importante: verificar o que faz a pessoa vacilar, travar, se auto boicotar e descumprir os compromissos estabelecidos com ela mesma. Esse entendimento é fundamental, antes de se lançar em novas listas intermináveis e pouco factíveis. A psicoterapia pode auxiliar a compreensão deste processo intransferível de autorreflexão e elaborações referentes aos projetos pessoais.
Criar expectativas é muito natural, diante de um ano novo. Qual a sua orientação frente a esse sentimento?
Antes de planejar o 2020 e elaborar novas metas é importante observar situações pessoais que se repetem, a cada ano, porque não saem do papel. Ao tomarmos consciência de que somos responsáveis por nossas escolhas, decisões e lugares simbólicos que ocupamos, nos tornamos protagonistas da própria vida. Para se alinhar com as expectativas é preciso desenvolver o comprometimento pessoal, valorizar a própria trajetória, as qualidades e reconhecer o que se tem de bom. Ser realista com os sonhos minimiza frustrações, mas ter um propósito ajuda a guiar as escolhas para o ano novo.
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