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Alimentação equilibrada para uma gestação saudável

10 de março de 2020

*Artigo de Carla Mendonça, especialista em nutrição clínica e nutrição materno-infantil com atuação na UTI Neonatal da Maternidade Santa Maria/Hospital Português.

Nesse momento tão ímpar que é a gestação, precisamos falar em nutrição de precisão – uma alimentação que ofereça o melhor ao binômio materno-fetal para prevenir complicações gestacionais e garantir ao bebê todo o potencial de desenvolvimento. Ao ser avaliada por um nutricionista, a mulher grávida possibilita o ajuste nas suas refeições diárias, visando o equilíbrio e a correção de problemas nutricionais, como a deficiência de ferro, que tende a piorar no decorrer dos meses. Como toda gestante tem história e necessidades específicas, o planejamento alimentar é individualizado para atender as demandas de todas as fases da gestação, em longo prazo, visando os melhores desfechos.

Em essência, a dieta da gestante, nada mais é do que uma alimentação saudável: variada, balanceada e rica em nutrientes (como vitaminas do complexo B, ferro, zinco, iodo, ômega 3, probióticos e fibras). Afinal, o padrão alimentar do brasileiro tem sido cada vez mais rico em substâncias inflamatórias, que contribuem para alta prevalência de complicações na gestação, como diabetes gestacional e doenças hipertensivas. Assim, as medidas iniciais na gravidez envolvem pouco consumo de produtos industrializados e processados, controle do uso de adoçantes, pouco uso de alimentos com agrotóxicos e consumo equilibrado frutas, verduras, legumes, gorduras boas e carboidratos bons.

Além disso, neste momento tão delicado para a formação neurológica do feto está contraindicado o uso de qualquer substância que interfira nesse processo e gere repercussões futuras. É o caso do álcool (pois não existe dose segura) e dos chás, em geral, pois interagem na absorção de nutrientes dos alimentos, com fármacos e induzem ao aborto. Com segurança, estão liberados apenas os chás de camomila, erva doce, melissa e frutas. Também devem ser evitados alimentos com higienização duvidosa, principalmente, crus e que possam ser contaminados por outros alimentos (contaminação cruzada). Café e produtos com cafeína podem ser ingeridos moderadamente (duas xícaras por dia, no máximo), de preferência o café coado e mais fraco.

Todos esses cuidados otimizam o desenvolvimento adequado da gravidez e previnem inadequações de peso, tanto do feto como da gestante. A propósito, o excesso de peso está associado à maioria das complicações obstétricas – diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), entre outras. Com o acompanhamento nutricional, a mulher que inicia a gestação com sobrepeso ou obesidade pode controlar o ganho de peso, enquanto a grávida que está subnutrida pode aumentar o peso corporal de forma assistida.

É importante lembrar que genética não é destino, nem sentença definitiva de como seremos. Hoje, diversos estudos apontam o valor do ambiente e estilo de vida (alimentação, sono, atividade física, estresse) para “silenciar” genes ruins e “potencializar” genes bons. A alimentação saudável é um desses grandes agentes potencializadores. Então, vamos utilizá-la de forma eficaz para promover a saúde materno-fetal, favorecer o bom desenvolvimento do bebê e a melhor recuperação da mulher no pós-parto.