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Cuidado feminino integral

10 de março de 2020

Mais longevas e com melhor qualidade de vida que no passado, as mulheres se deparam com questões muito atuais interpostas à conquista do bem-estar – desempenho de múltiplos papeis, inatividade física, estresse e um modo de vida similar ao masculino. Reflexos das transformações no padrão de comportamento, nas últimas décadas (como sinaliza o aumento de 42,9% no consumo abusivo de álcool por mulheres, apontado pelo Ministério da Saúde, MS), tais situações integram os fatores de risco que têm ajudado a ampliar o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) entre elas, como câncer, diabetes, obesidade, hipertensão arterial e depressão. Boa parte desses problemas de saúde, felizmente, pode ser evitada ou controlada com melhores hábitos de vida, acompanhamento médico especializado e atitudes preventivas, como destacam especialistas de diferentes áreas do Hospital Português (HP). Confira, a seguir, as recomendações do time médico!

Atenção com o sistema reprodutor e as mamas

Ser mulher demanda cuidados gerais e específicos com a saúde. O acompanhamento ginecológico é uma dessas particularidades, devendo ser iniciado ainda na puberdade e mantido no decorrer da vida adulta. Líder do Serviço de Ginecologia do HP, Dr. José Carlos Macedo Monteiro destaca que esse suporte especializado ajuda a mulher a conhecer o funcionamento do próprio corpo e, principalmente, evitar ou tratar precocemente os principais problemas ginecológicos, como mioma, ovários policísticos, TPM, endometriose, entre outros. “A infecção por HPV atinge, hoje, mais da metade das jovens brasileiras, mesmo com a oferta de vacinas e preservativos para prevenção. O contágio pelo vírus pode causar câncer de colo do útero, quarto tipo mais comum em mulheres. O exame preventivo ginecológico (Papanicolau) é fundamental e deve ser feito anualmente por mulheres que já tiveram ou têm vida sexual ativa”, orienta o ginecologista.

A mamografia e a ultrassonografia das mamas são outras avaliações que devem integrar a lista de cuidados anuais femininos. A primeira mamografia, em geral, deve ser feita aos 40 anos de idade. As imagens geradas pelo exame auxiliam o diagnóstico precoce do câncer de mama, identificando tumores ainda em fase inicial, que não conseguem ser palpados. Já a ultrassonografia revela imagens da estrutura interna das mamas, possibilitando o diagnóstico de nódulos, cistos, espessamento do tecido mamário, entre ouras alterações. Mulheres sem histórico de problemas mamários podem fazer a primeira ultrassom das mamas a partir dos 25 anos de idade, uma vez por ano. “Este exame não substitui a mamografia, mas atua como uma avaliação complementar. Ambas as avaliações podem ser solicitadas pelo ginecologista, na consulta médica de rotina. Em casos específicos, a paciente pode ser encaminhada para acompanhamento com um médico mastologista”, informa o especialista.

Promoção da saúde cardíaca

Viver nos centros urbanos amplia o acesso feminino aos serviços de saúde e, também, aos fatores de risco para muitas doenças crônicas, como a hipertensão arterial. Tabagismo, sedentarismo, má alimentação, excessos no consumo alcoólico, entre outras atitudes prejudiciais (mas, passíveis de serem mudadas), mantêm relação estreita com a maior incidência de problemas cardiovasculares – doenças líderes de mortalidade da mulher jovem. Vice-coordenadora da Unidade de Pós-operatório Cardiovascular (UPC) do HP, Dra. Rebecca Reis destaca que a condição feminina abrange singularidades genéticas que se somam ao estilo de vida. “Muitas vezes, o comportamento de risco provoca enfermidades concomitantes, como quadros de hipertensão arterial decorrentes de obesidade ou diabetes”, exemplifica.

Novos estudos sugerem que os vasos sanguíneos femininos envelhecem mais precocemente que os masculinos, favorecendo o surgimento da hipertensão arterial mais cedo entre elas. A genética também amplia o risco de infarto agudo do miocárdio na menopausa e faz a cardiomiopatia induzida pelo estresse (uma doença incomum) ter maior frequência em mulheres. Diante de tais perspectivas, a cardiologista destaca a prevenção como o melhor caminho para manter o coração saudável. “É importante abandonar comportamentos de risco e desenvolver melhores hábitos de vida o mais cedo possível – alimentação equilibrada, consumo moderado de bebidas alcoólicas, menor exposição a situações de estresse, prática regular de exercícios físicos e acompanhamento regular com o cardiologista”, recomenda.

Fortalecimento de ossos e músculos

Ainda que não represente uma doença crônica, a osteoporose afeta de modo significativo a qualidade de vida feminina. Uma em cada três mulheres desenvolve o problema degenerativo, caracterizado por perda progressiva de densidade óssea e aumento importante do risco de quedas e fraturas. Vice-coordenador da Emergência Ortopédica do HP, Dr. Luis Alfredo Gómez informa que a doença se torna mais perigosa na menopausa, quando a menor produção hormonal amplia o enfraquecimento da estrutura óssea feminina. “Quando há redução de até 15% da massa óssea, temos um quadro de osteopenia, acima disso já é considerada osteoporose. Assim, mulheres com idade superior a 45 anos devem fazer o exame de densitometria óssea, para diagnosticar o grau de densidade óssea e seguir, se preciso, medidas terapêuticas individualizadas”, recomenda. A avaliação pode ser solicitada por um médico ortopedista ou reumatologista.

Manter uma alimentação saudável associada ao desempenho de atividades físicas e à exposição solar em horários indicados (para a produção de vitamina D) são orientações do ortopedista para prevenir o problema. “Exercitar-se traz diversas vantagens para a mulher: aumento da força e resistência muscular, maior flexibilidade, melhora do equilíbrio, da coordenação motora e dos reflexos, e consequente prevenção do risco de quedas, que é uma das ocorrências ortopédicas mais frequentes em idosas”, destaca.

Cuidado em todas as fases da vida                                                                                 

Muitos problemas de saúde vivenciados pelas mulheres, sobretudo, quando mais velhas, resultam do estilo de vida levado na juventude e vida adulta, com exposição a fatores de risco para enfermidades. O amplo consumo de produtos industrializados e uma alimentação pobre em frutas e vegetais são alguns dos principais fatores que ampliam as chances de adoecimento na terceira idade. Especialista em geriatria e gerontologia do HP, Dr. Márcio Peixoto destaca que o envelhecimento saudável requer uma integração de cuidados voltados ao bem-estar físico e mental, mantidos ao longo da vida. “Sabemos que as doenças crônicas são multifatoriais, sendo causadas por fatores pessoais e ambientais diversos, e que uma vez desenvolvidas apresentam longa duração. Logo, o cuidado com a saúde da mulher deve acontecer em todas as fases da vida, respeitando as especificidades de cada ciclo”, observa o geriatra.

O acompanhamento médico (visando prevenir ou controlar doenças preexistentes) e bons hábitos são condições que, de acordo com Dr. Márcio, elevam a qualidade de vida e contribuem para o envelhecimento natural com saúde, autonomia e independência física e intelectual.