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Rins em plena atividade

10 de março de 2020

Confira a entrevista com Dra. Maria Fernanda Coelho Alves, coordenadora médica do Serviço de Hemodiálise do HP.

Rins em plena atividade

Todos os anos, em março, o Dia Mundial do Rim alerta sobre a importância de prevenir e tratar precocemente as disfunções renais. Muitas vezes, esses problemas são silenciosos e sem sintomas, podendo levar à Doença Renal Crônica (DRC) – condição clínica que atinge 850 milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia. Coordenadora médica do Serviço de Hemodiálise do Hospital Português (HP), Dra. Maria Fernanda Coelho Alves, informa quais cuidados de rotina ajudam a preservar a função renal e quando é preciso buscar ajuda médica especializada. Confira a entrevista.

Como a alimentação pode ajudar na prevenção da doença renal?

Uma alimentação equilibrada associada a bons hábitos de vida (como praticar exercícios físicos regularmente, evitar o tabagismo e consumir bebidas alcoólicas com moderação) ajuda a prevenir diversas doenças com potencial de atingir os rins e prejudicar o seu funcionamento – hipertensão arterial, diabetes, obesidade, infecção urinaria, litíase renal, DRC, entre outras. A alimentação saudável deve ser nutritiva e pobre em sal, gordura e açucares, promovendo uma hidratação adequada a fim de prevenir o aparecimento de várias doenças.

O consumo regular de líquidos também mantém os rins saudáveis por mais tempo?

O nosso organismo é composto de 70% de água. Logo, a hidratação é essencial à nossa vida e constitui um importante fator de prevenção de doenças que atingem os rins, como cálculo renal e infecção urinária. Essas doenças costumam ter maior incidência no verão, quando perdemos mais líquidos na urina e transpiração, muitas vezes, sem nos hidratarmos adequadamente. Recomenda-se que um adulto saudável consuma, em média, 2 litros de líquidos por dia. Água é vida e essencial à saúde dos rins.

Que outras orientações devem ser seguidas para preservar a função renal?

Além dos bons hábitos já citados, pessoas sem doença renal estabelecida devem realizar exames periódicos para avaliar a saúde dos rins. Para aqueles que já possuem alguma doença que afeta o funcionamento renal (como hipertensão ou diabetes), as condutas preventivas devem ser aliadas a medidas específicas para cada caso. Essa avaliação deve ser é feita por um médico nefrologista, que é o profissional habilitado para estabelecer um plano de cuidados voltado à preservação da função renal residual.

Quais fatores ampliam as chances de uma pessoa desenvolver doença renal?

Os principais fatores de risco para a DRC são diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo e uso frequente de medicamentos com potencial nefrotóxico, como os anti-inflamatórios não hormonais. Algumas doenças congênitas ou autoimunes também podem desencadear a doença. Pessoas com disfunções renais, que não façam acompanhamento médico adequado e regular ou não sigam as orientações médicas, têm maior chance de desenvolver DRC grave, muitas vezes, com necessidade de tratamento dialítico.

Quando é preciso buscar cuidado médico especializado?

Sempre que se percebam sintomas que indiquem uma doença renal em atividade, tais como: inchaço da face e membros inferiores, presença de espuma ou sangue na urina, alteração da cor ou volume urinário e alteração do hálito. Portadores de hipertensão arterial, diabetes, cálculo renal, infecções urinárias de repetição ou pessoas com alteração no exame de creatinina devem ser acompanhadas regularmente por um médico nefrologista.

Qual a importância do teste de creatinina? Quem deve fazer?

A creatinina elevada pode sinalizar alguma disfunção renal. Todos devem realizar esse exame (que é de baixo custo e acessível na maioria dos centros de saúde) ao menos uma vez por ano. A DRC pode ser silenciosa e avançar sem sintomas ou com poucos sinais, favorecendo o diagnóstico tardio – quando o funcionamento dos rins já está bastante comprometido. Em alguns casos é preciso iniciar tratamento dialítico ou fazer transplante renal. Logo, a dosagem de creatinina é essencial para prevenir a doença ou diagnosticá-la precocemente.