A ausência de estudos mais robustos, até o momento, sobre o novo coronavírus tem motivado dúvidas diversas na população, especialmente, no que tange a semelhança de sintomas entre a Covid-19 e os problemas respiratórios frequentes no período chuvoso. Qual o momento certo de buscar a assistência de emergência especializada é outro questionamento comum, frente a atual pandemia. O médico da Emergência de Otorrinolaringologia do Hospital Português (HP), Dr. Miguel Leal Andrade Neto esclarece essa questão e dá mais informações sobre os sintomas, o diagnóstico e os cuidados dos problemas respiratórios. Confira a entrevista!
Existem diferenças entre os sintomas de doenças respiratórias e Covid-19?
A doença causada pelo Covid-19 em muito se assemelha a outras doenças respiratórias causadas por vírus e com as quais lidamos todos os anos. Seus principais sintomas são febre, prostração e tosse seca. Mas os pacientes podem ter também dores pelo corpo, congestão nasal, coriza, dor de garganta, diarreia e anosmia. Cerca de 1 em cada 6 pacientes pode desenvolver um quadro mais severo, cursar com dispneia (falta de ar) e necessitar de hospitalização. Nenhum desses sintomas é exclusivo da Covid-19 e ainda temos boa parte de portadores assintomáticos, ou seja, que não apresentam queixa alguma, mas que podem transmitir a doença.
A perda de olfato é um sintoma de infecção pelo novo coronavírus?
Um recente estudo chinês (Mao e cols., 2020) identificou apenas 5,1% de anosmia (perda do olfato) nos pacientes com Covid-19. Porém, há evidências desse sintoma nas infecções pelo novo coronavírus na Coreia do Sul (30%, em Daegu) e na Alemanha (mais de 60%, em Heinsberg). Além disso, temos observado diversos relatos semelhantes em nosso meio, que nos fazem acreditar que a anosmia é realmente um sintoma de alarme para a Covid-19. Assim, a Associação Brasileira de Rinologia (ABR) orienta que a presença de anosmia súbita (com ou sem alteração do paladar e sem obstrução nasal concomitante) talvez possa sugerir Covid-19, neste cenário de pandemia e transmissão sustentada do vírus Sars-CoV-2. A ABR sugere que pacientes nestas condições sejam orientados a realizar isolamento domiciliar por 14 dias e aguardar a resolução da anosmia, que parece ser temporária na maioria dos casos.
Portadores de alergias respiratórias entram no grupo de risco da Covid-19?
Os pacientes portadores de alergias respiratórias não são mais propensos a adquirirem a infecção pelo Covid-19, mas os asmáticos têm uma maior chance de desenvolver complicações em caso de contágio. A Organização Mundial de Saúde inclui a asma no grupo de maior risco por ser uma doença crônica que cursa com inflamação broncopulmonar. Assim, formas graves da doença causada pela Covid-19, que levam a um comprometimento pulmonar, tendem a ser mais severas em pacientes com quadro asmático descompensado, por exemplo. Mas, até o momento, pouco se sabe sobre como o vírus afeta pessoas portadoras de asma.
A Emergência de Otorrinolaringologia deve ser buscada em quais situações?
Em situações de sintomas e/ou doenças no ouvido, nariz e garganta. A Emergência do HP está preparada para receber todos os pacientes, com ou sem suspeita de Covid-19. Existe uma segmentação, desde o atendimento emergencial até o internamento (quando necessário), para que casos suspeitos de Covid-19 não tenham contato com os demais, evitando-se, assim, a transmissão dentro do Hospital. A única recomendação é que pacientes com quadros gripais leves (febre, tosse, coriza, sem falta de ar) permaneçam em casa e tentem contato com seu médico de confiança para maiores informações. Para aqueles que não podem ou não querem se deslocar nesse momento, oferecemos assistência por Telemedicina.
Com a atual pandemia, há alguma orientação especial para o agendamento e realização de exames otorrinolaringológicos de endoscopia?
Os exames endoscópicos otorrinolaringológicos continuam sendo realizados, seguindo protocolos rigorosos para proteger médicos e pacientes, já que muitos dos nossos diagnósticos dependem desses recursos. Quando há uma suspeita ou confirmação de Covid-19, existe uma recomendação de que esses exames sejam evitados, sempre que possível, e que as condutas se baseiem em critérios clínicos apenas.
Em tempos de isolamento social e longa permanência no ambiente doméstico, quais cuidados devem ser seguidos por quem tem alergia respiratória?
É fundamental que pacientes com asma e rinite alérgica mantenham seus tratamentos para evitar exacerbações que podem, muitas vezes, ser confundidas com sintomas do Covid-19. Além das medicações de que fazem uso, é importante manter a casa arejada e fazer a higiene do ambiente de forma regular.
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