*Artigo de Dr. Alessandro Farias, infectologista líder da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do HP
Após o início da pandemia de Covid-19, o tema mais difundido no mundo todo tem sido exatamente a higienização das mãos, com água e sabão ou usando o álcool em gel 70%. É interessante como tal prática simples influencia tudo e a todos, impactando nesta doença infecciosa em discussão global, como também, interferindo em praticamente todos os micro-organismos – diversos vírus, alguns fungos e todas as bactérias. Sim, a higiene das mãos combate o invisível. Bactérias, fungos e vírus não são capazes de serem vistos, exceto em laboratório. Mas, eles podem provocar óbitos de muitos e os exemplos têm sido de uma clareza dolorosa, desde o início de 2020.
Infelizmente, hoje, o mundo está recebendo uma lição de forma dramática; por isso, entende-se e espera-se que as pessoas mantenham o hábito de lavar as mãos em suas rotinas e pratiquem essa higienização em todas as oportunidades necessárias. O mesmo se aplica especificamente ao ambiente hospitalar, onde a adoção dessa prática elementar pelas equipes da linha de cuidado colabora de maneira significativa para os doentes internados, fornecendo a eles um caminho de tratamento mais seguro possível, em busca do melhor desfecho terapêutico.
Em busca de taxas de infecções controladas no ambiente hospitalar, ações diversas são tomadas, são reavaliadas e cobradas, cada uma com seu valor e sua potencialidade, mas nenhuma ação isoladamente tem o impacto de uma higiene correta de mãos. Logo, podemos dizer que os esforços empenhados para salvar pacientes de Covid-19 passam primeiro por essa prática simples; do contrário, se tornam insuficientes, uma vez que a ausência desse cuidado elementar pode levar à perda da vida por qualquer outra infecção relacionada aos procedimentos assistenciais.
Por força da atual epidemia este assunto vem sendo discutido e lembrado diariamente. É como se, excepcionalmente, não fossem mais necessárias datas simbólicas para lembrá-lo, como o dia mundial de higiene das mãos (05/05) e o dia nacional do controle da infecção hospitalar (15/05). Contudo, tão logo a pandemia seja controlada, muitos voltarão a negligenciar a higiene das mãos ou praticar ações de forma imprudente. Por isso, é sempre importante relembrar este tema tão debatido, mas, também, tão desvalorizado por tantos. A mensagem parece evidente: higienize suas mãos e salve vidas!