4 de setembro de 2020
Em grande parte dos casos, para um paciente oncológico, quanto mais rápido for iniciado o diagnóstico e tratamento da neoplasia, maiores são as chances de cura. No entanto, por medo de contrair o coronavírus, por se tratar de grupo de risco, muita gente tem postergado a ida aos consultórios médicos, assim como adiado o tratamento e o procedimento cirúrgico, o que é fator preocupante para os especialistas.
De acordo com o oncologista e líder do Centro de Oncologia do HP/ Clion, Dr. Fernando Nunes, houve uma redução em torno de 85% no agendamento de novas consultas e cirurgias. “Ficamos muito tristes com a notícia de muitos diagnósticos de câncer não terem sido confirmados por medo de comparecimento. Em muitas situações, optamos mesmo por não continuar ou modificar o tratamento durante a pandemia, porém essa é uma decisão individualizada. Os pacientes devem ser vistos de forma única, pois cada neoplasia possui características próprias e com estágios variados da doença. Essa decisão cabe ao oncologista, e só ele em conjunto com o paciente devem tomar a decisão sobre o melhor caminho a ser seguido durante essa crise que passamos. Alguns tratamentos podem ser adiados sem prejuízos, no entanto, em grande parte deles, o tempo é o fator principal para a cura do paciente”, explica Dr. Fernando Nunes.
Por fazer parte do grupo de risco, podendo desenvolver a forma mais grave da Covid-19, os pacientes oncológicos, devem tomar maiores cuidados, como evitar exposições desnecessárias, aglomerações, e o mais importante: seguir as recomendações do médico. Para Dr. Fernando Nunes, as consequências da interrupção do tratamento são inúmeras. “O paciente pode precisar fazer um tratamento que antes não era necessário como cirurgia, radioterapia ou quimioterapia. Além disso, pode acontecer o que nós oncologistas sempre tememos, que é perda da possibilidade de cura desse paciente. No entanto, volto a reforçar que muitos tratamentos e acompanhamentos podem ser adiados, mas após uma análise detalhada de cada caso e evolução atual do paciente”, aconselha o especialista.
De acordo com as recomendações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o paciente deve tomar algumas precauções no dia tratamento, durante a pandemia de coronavírus. São elas:
• Ter somente um acompanhante, com menos de 60 anos, se possível. O acompanhante não poderá ter sintomas de resfriado ou gripe;
• Tentar manter distância de outras pessoas, mesmo da equipe de saúde;
• Não ficar próximo de outros pacientes;
• Evitar circular pelo hospital;
• Não ficar no local de tratamento por mais tempo do que o necessário;
• Manter as recomendações de prevenção como lavar as mãos com água e sabão, na sua ausência, usar álcool em gel; cobrir nariz e boca com lenço ao tossir ou espirrar – se não for possível, deve usar o antebraço como barreira e não compartilhar objetos pessoais.