Tecnologia não invasiva otimiza diagnóstico e terapia vascular
3 de fevereiro de 2021
A modificação da aparência das pernas devido ao aparecimento de varizes e vasinhos indesejados é uma das manifestações mais claras e frequentes das doenças vasculares. Mas, este grupo de afecções atinge artérias, veias e vasos em diferentes partes do corpo, quase sempre sem demonstrar sinais. À medida que o tempo passa, os prejuízos à circulação sanguínea podem comprometer o funcionamento de órgãos vitais, trazendo sérios riscos à saúde. O especialista da equipe de Cirurgia Vascular e Endovascular do Hospital Português (HP), Dr. Almiro Vieira de Melo Neto destaca que, hoje, graças ao emprego de tecnologias avançadas, os pacientes com doenças vasculares contam com alta acurácia no diagnóstico e tratamento efetivo das mais diversas manifestações clínicas. “A evolução contínua dos instrumentos médicos tem prestado suporte decisivo à obtenção dos melhores desfechos clínicos, sobretudo, com o acompanhamento individualizado e especializado do paciente”, ressalta o angiologista.
Ultrassom intravascular
Uma das tecnologias modernas que apontam nesta direção é o aparelho de ultrassom intravascular ou ecografia intravascular. A ferramenta minimamente invasiva utilizada na abordagem dos problemas circulatórios pelo Serviço de Hemodinâmica do HP, constitui um método adicional à angiografia com contraste. Além de fornecer ao médico uma visão geral das artérias, permite obter imagens do interior dos vasos sanguíneos. Isto é possível porque o instrumento é equipado com um cateter especial e um transdutor de ultrassom na ponta. Essa estrutura confere precisão ao médico, que passa a ter uma visão de 360 graus do vaso estudado. Dr. Almiro explica que o cirurgião introduz o cateter na artéria ou veia por um acesso específico, exatamente como acontece no cateterismo. “Assim, podemos estudar em loco a parede do vaso adoecido, durante todas as etapas do procedimento, inclusive, comparando os resultados de antes e depois das angioplastias”, informa o angiologista.
Aplicações e vantagens do equipamento
Como as imagens do ultrassom intravascular mostram o interior das paredes das artérias, revelam danos que, muitas vezes, passam despercebidos por outros métodos de investigação clínica, como a presença de colesterol e depósitos (placas) de gordura. O acúmulo desses depósitos é reconhecidamente associado ao maior risco para uma série de eventos cardiovasculares, como as doenças arteriais coronarianas. Nesses casos, o uso do ultrassom intravascular tem histórico de êxito consolidado, tanto nos diagnósticos como no suporte às terapias da cardiologia intervencionista. Recentemente, a tecnologia tem demonstrado sucesso também em pacientes com quadros de estenose (estreitamento anormal de um vaso sanguíneo) ou oclusão venosa, assim como na doença arterial periférica, nas doenças venosas, da aorta e artérias carótidas. Para Dr. Almiro, essas novas aplicações da tecnologia representam ganhos altamente relevantes para a investigação e terapia mais acurada das diferentes manifestações circulatórias.
Na cirurgia vascular, o angiologista observa que a ferramenta tem sido de grande utilidade para a maior exatidão diagnóstica dos procedimentos, com uso mínimo (ou isenção) de contraste – elevando o conforto para o paciente durante a realização do método. Já na cirurgia endovenosa, o recurso complementar tem tido papel fundamental no tratamento de quadros patológicos específicos de compressões venosas, como a síndrome de May Turner. “Estudos relacionados apontam o ultrassom intravascular como padrão ouro na detecção objetiva dessa síndrome, que é uma condição clínica em que a artéria ilíaca esquerda sofre compressão, próximo a pelve, por uma sobreposição da artéria ilíaca direita. Em alguns pacientes, esse quadro causa trombose no membro inferior esquerdo com edema e dor”, relata o angiologista.
O equipamento reúne ainda outras funcionalidades que ampliam a definição diagnóstica e terapêutica, tais como: estimar graus de estenose por placas de ateroma e cálcio; permitir o estudo da morfologia dessas placas (se calcificada ou não); bem como, calcular o diâmetro preciso do vaso, indicando ao cirurgião o tamanho e comprimento do balão ou stent a ser utilizado, em cada caso. “Quando conhecemos todas as funções deste recurso acessório, podemos usá-lo amplamente, sobretudo, realizando análises muito mais apuradas e elegendo a terapia mais adequada para a condição de cada paciente”, observa o especialista.
Doenças vasculares na população
Os problemas circulatórios pertencem ao grupo de doenças crônicas não transmissíveis que mais afeta a população mundial, estando associados às principais causas de mortalidade. O surgimento destas doenças tem relação com fatores de risco modificáveis (sedentarismo, tabagismo, obesidade, etilismo, má alimentação, entre outros) e, também, com fatores de risco não modificáveis (como idade avançada, sexo e predisposição genética), que devem ser monitorados com o acompanhamento médico de rotina. Além desse cuidado, seguir um estilo de vida saudável é a melhor forma de prevenir ou controlar o avanço de doenças vasculares como, por exemplo, as varizes, que atingem cerca de 38% da população, principalmente a feminina, de acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV).
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