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Exame PET-CT e o diagnóstico das demências

19 de março de 2021

*Artigo da Dra. Aline Pepe, médica especialista do Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Português

As condições de deterioração da cognição se caracterizam por impor sérias limitações sociais e econômicas à comunidade como um todo. À medida que a expectativa de vida aumenta, mais frequente são os estados demenciais assinalados por disfunções do cérebro que afetam a memória, o discernimento, entre outras capacidades. Nesses casos, a aplicação de exames diagnósticos mais precisos torna-se imperativa, quer para permitir o acesso precoce ao tratamento com novas drogas a um número mais significativo de doentes, quer para reduzir custos com exames complementares a partir de um diagnóstico correto.

Assim, em muitas situações, a avaliação clínica das demências precisa do apoio de métodos de imagem para confirmação diagnóstica. Especialmente, quando a ressonância magnética ou a tomografia computadorizada não apresentam resultados conclusivos, a Medicina Nuclear auxilia a identificação de tais distúrbios com o exame avançado de PET-CT neurológico. Esse estudo funcional de neuroimagem permite avaliar alterações funcionais do cérebro, tendo aplicação em diferentes tipos de patologias, como a epilepsia e os tumores. Também é indicado para o diagnóstico diferencial entre depressão em idosos e demências, como a doença de Alzheimer (mais comum), demências frontotemporal, por corpúsculos de Lewy, entre outras.

Através das imagens adquiridas pelo exame de PET-CT o médico pode observar determinados padrões da atividade neural do paciente, fortemente ligados ao metabolismo da glicose, que é a maior fonte de energia necessária para o funcionamento cerebral. Assim, doenças que induzem mudanças na atividade neuronal do cérebro são refletidas em alterações no metabolismo da glicose. Esses processos podem ser observados após a administração endovenosa no paciente de um radiofármaco (fluordeoxiglicose) com molécula semelhante à glicose. Ao entrar o organismo, o radiofármaco permite a aquisição de imagens pelo moderno equipamento de PET-CT, que demonstram o consumo localizado de glicose no cérebro.

O Serviço de Medicina Nuclear do Hospital Português oferece este exame avançado para a população em geral, sempre que indicado pelo médico, após avaliação clínica adequada. É importante que a avaliação do resultado do exame seja feita por um especialista “expert” no assunto. Esse acompanhamento especializado tem total repercussão na escolha e evolução do plano terapêutico do paciente. Até relativamente pouco tempo atrás, não existiam perspectivas de tratamento medicamentoso para esses tipos de desordem orgânica. Contudo, nos últimos anos, verificamos um significativo progresso no arsenal terapêutico. Hoje, pacientes com condição neuropatológica diagnosticada em fase precoce podem ter seu declínio cognitivo e deterioração intelectual retardados com uso dessas drogas.

Portanto, o uso de métodos funcionais de neuroimagem mais sensíveis, como o PET-CT, nos casos de desordem degenerativa cerebral, ajuda na seleção mais adequada de pacientes que podem eventualmente se beneficiar do tratamento medicamentoso precoce, com melhora da qualidade de vida, eventual aumento da sobrevida e melhor prognóstico geral da doença.