*Entrevista com Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, coordenador do Programa de Transplantes de Fígado do Hospital Português.
Alinhado com as normas de segurança recomendadas para o enfrentamento à pandemia de Covid-19, o Programa de Transplantes de Fígado do Hospital Português (HP) segue transformando a vida de pessoas que enfrentam a insuficiência hepática com a realização de cirurgia transplantadora. Para o coordenador médico do Programa, Dr. Paulo Lisboa Bittencourt, a manutenção desse desempenho nos dias atuais se deve à junção de diversos fatores – processos assistenciais bem definidos, time transplantador preparado e experiente, equipe multidisciplinar especializada e o suporte de tecnologias de ponta e um dos mais modernos centros cirúrgicos da região Nordeste. Nesta entrevista, o médico destaca como esses diferenciais do HP seguem impulsionando o Programa de Transplante dentro dos padrões de excelência assistencial. Confira!
Mesmo enfrentando momentos de baixa demanda devido à pandemia, o Programa de Transplantes de Fígado do HP se manteve em funcionamento, enquanto outras instituições do país precisaram interromper o serviço. Qual a sua avaliação sobre esse aspecto?
Devido à pandemia, tivemos de reavaliar individualmente o risco-benefício do procedimento em cada paciente. Mantivemos em lista aqueles com maior gravidade de doença hepática ou com câncer primário de fígado (e alto potencial de progressão tumoral nesse período). Conversamos com cada paciente, informamos a todos o maior risco de transmissão da Covid-2, ainda na primeira onda da pandemia. Como a maioria tinha critério de gravidade, não foi possível postergar o procedimento, então os mantivemos em lista de transplante de fígado. Contudo, na Bahia, assim como em todo o Brasil, houve uma queda importante no número de doações logo no início da pandemia porque grande parte das UTIs estava destinada ao tratamento de pacientes com a Covid-19. Assim, com o apoio da Central de Captação e Doação de Órgãos, que estabeleceu protocolos rígidos para evitar transmissão do coronavírus entre doadores, receptores e equipe transplantadora, conseguimos manter a atividade do nosso Programa, apesar da redução global no número de transplantes de fígado na Bahia, no Brasil e no mundo.
Hoje, o Programa está operando com plena capacidade de atendimento?
Dependemos sempre de doações porque realizamos, na Bahia, transplante de fígado com doador cadáver. Mas, posso dizer que houve uma retomada gradual da atividade transplantadora, a partir de outubro do ano passado, semelhante àquela obtida em 2019. Esperamos não sofrer maior repercussão com a recrudescência da pandemia, que vem ocorrendo no país.
Quantos pacientes já se beneficiaram com o transplante de fígado nesse período?
Tivemos apenas 17 transplantados de fígado, até setembro do ano passado. Com a retomada maior de nossa atividade, após outubro de 2020, já realizamos 17 transplantes até fevereiro de 2021.
O atendimento aos pacientes inscritos no Programa e o acompanhamento pós-operatório estão seguindo quais cuidados especiais na pandemia?
Adotamos todos os protocolos de segurança recomendados, desde o atendimento aos pacientes em lista de transplante até o transplante e acompanhamento pós-operatório. A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos e o Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde fizeram recomendações extremamente importantes para reduzir, na medida do possível, o risco de transmissão da COVID-19 entre pacientes em lista, transplantados e equipes multiprofissionais de transplante hepático.
Qual o número atual de transplantes hepáticos já feitos pelo HP?
Desde o início do Programa, já realizamos mais de 550 transplantes de fígado, a maioria capitaneada pelo Dr. Jorge Bastos, que está afastado temporariamente do Programa por motivos de força maior.
A que o senhor atribui as grandes realizações do HP em transplante hepático na Bahia?
Não é possível fazer transplante de fígado em um hospital que não seja de alta complexidade, mas além da estrutura hospitalar, devo mencionar a colaboração intensiva de uma equipe coesa formada por cinco cirurgiões, três clínicos, duas enfermeiras, anestesistas e vários outros profissionais de saúde que dão o suporte de maneira multidisciplinar à nossa atividade transplantadora. Trabalhar em uma equipe de transplante é uma tarefa árdua, cheia de desafios e vicissitudes, imbuída no entanto de grande satisfação pessoal e profissional. Eu não poderia também deixar de ressaltar duas unidades de excelência do HP: o Centro Cirúrgico, equipado para qualquer procedimento de grande porte, e a Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia (UGH), onde é feito o pós-operatório imediato e o manejo das intercorrências.
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