Falta de prevenção e assistência tardia comprometem chances de cura e sobrevida dos pacientes com câncer.
O cenário de medo e receio desencadeado pela Covid-19 vem afastando os pacientes dos serviços de saúde, desde os primeiros meses da pandemia. Essa realidade presente nas diferentes regiões brasileiras abrange, inclusive, pessoas que necessitam receber assistência médica imediata ou periódica para monitorar quadros clínicos mais graves, como os de câncer. As estatísticas da doença não mudaram. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) prevê 625 mil novos casos a cada ano, até 2022. Ainda assim, a falta de prevenção persiste; mesmo após um ano do início da crise sanitária, com unidades de saúde já devidamente estruturadas e preparadas para o atendimento segmentado e seguro contra a infecção. “Pessoas com suspeita de câncer e outras afecções graves não estão procurando assistência médica, o que é alarmante”, constata o cirurgião oncológico e coordenador cirúrgico do Centro de Oncologia Hospital Português, Dr. André Carvalho.
Focados na Covid-19, muitos se esquecem de doenças igualmente perigosas, como o câncer e os problemas cardiovasculares. O especialista denomina esta situação como “lado B da pandemia pelo novo coronavírus” e alerta que o temor desmedido põe em risco a vida de quem mais precisa de cuidados.“Enfermidades graves não tratadas evoluem de forma desfavorável e podem ser fatais. Já o diagnóstico precoce e a assistência no momento correto melhoram o prognóstico das diversas patologias”, adverte. Nos casos de câncer essa atenção deve ser ainda maior, já que o tempo é o principal determinante para a escolha e sucesso do tratamento. Dr. André observa que quanto mais tardiamente for detectado o tumor, menor a probabilidade de utilizar métodos diagnósticos e terapias mais simples. “O diagnóstico atrasado muitas vezes retira a possibilidade de cura do paciente. Em diversas situações, a agressividade da doença impede a estratégia cirúrgica, demandando abordagens com mais efeitos colaterais e menores chances de sobrevida a longo prazo”, revela.
Hoje em dia, o tratamento cirúrgico das neoplasias está sendo empregado basicamente nos casos mais agressivos e urgentes de câncer, quando a sintomatologia torna a vida do paciente insustentável sem o suporte hospitalar – contexto considerado distante do ideal, uma vez que quadros complexos e emergenciais, de doença avançada, muitas vezes esbarram numa maior taxa de mortalidade pelo câncer. Essa redução nas realizações de cirurgias oncológicas já havia sido observada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), logo nos primeiros meses da pandemia, através da queda de 70% dos procedimentos em serviços públicos e privados de referência do País. As entidades avaliam que pelo menos 50 mil brasileiros deixaram de receber diagnósticos de câncer, no período.
Levantamentos mais recentes também reforçam essa evasão de pacientes oncológicos dos centros médico-hospitalares. No comparativo entre março a dezembro de 2020 e 2019, divulgado pelo Instituto Oncoguia, observa-se uma queda de 7,44% no número de novos pacientes que iniciaram a quimioterapia; além da redução de 19,88% no total de internações hospitalares por neoplasias, no SUS; e diminuição de 39,11% na realização de biópsias (um dos principais meios diagnósticos do câncer).
Diversas organizações do setor alertam que a ausência de atendimento especializado já produz repercussões imediatas e também estimadas no longo prazo, como diagnósticos tardios, subnotificação de casos de doenças crônicas e outras patologias, com consequente limitação terapêutica e comprometimento das chances de cura. Para Dr. André, um dos atuais desafios da área é fazer as pessoas entenderem que o sucesso do tratamento está muito ligado à detecção precoce da neoplasia e ao acompanhamento com especialistas. “As evidências científicas demonstram melhor resposta associada ao cuidado personalizado, feito no tempo adequado e por equipe multidisciplinar. Essa tríade sustenta a oferta de um plano terapêutico ideal para as necessidades do paciente”, ressalta o médico.
Segurança assistencial
Desde o início da pandemia, o Centro de Oncologia HP adota protocolos rígidos de segurança para ampliar a proteção dos pacientes que necessitam prosseguir com seus tratamentos e das equipes assistenciais. A unidade possui fluxos de atendimento segmentados e mantém protocolos de distanciamento seguro entre pessoas nas salas de espera e de terapia – com separação das poltronas e número reduzido de agendamentos clínicos diários, para evitar aglomeração. As recepções são equipadas com visor em acrílico, mantendo a proteção; e no acesso ao Serviço, cada paciente e respectivo acompanhante tem a temperatura corporal aferida.
Quem está com atendimento agendado na unidade é contatado por telefone para identificação prévia de sintomas gripais. O Serviço também reforça outras medidas preventivas, como a higiene das mãos e testagem permanente do time multiprofissional. “A adoção conjunta desses protocolos nos permite ofertar um ambiente de cuidado altamente preparado e seguro para os pacientes que necessitam começar ou continuar seus acompanhamentos médicos”, conclui o especialista.
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