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Saúde mental e desempenho profissional

21 de maio de 2021

O bem-estar mental, assim como a saúde física, é uma condição básica para que qualquer indivíduo possa atingir objetivos pessoais e profissionais. Nos últimos meses, contudo, com as diversas transformações impostas pela pandemia de Covid-19 e o surgimento de preocupações relacionadas à exposição ao vírus, muitas pessoas têm encontrado dificuldade em manter ou mesmo alcançar o necessário equilíbrio psicoemocional, inclusive para exercerem as suas atividades profissionais. No ambiente da empresa ou home-office, a convivência com sentimentos de ansiedade, medo e angústia tornou-se comum diante da nova realidade. Ao mesmo tempo, algumas situações do dia a dia consideradas estressantes, desde um trânsito congestionado até a realização de um novo projeto, passaram a atuar como gatilhos para estados emocionais comprometedores do desempenho e da qualidade de vida, como explica o atual presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia (APB) e especialista do Hospital Português (HP), Dr. Lucas Alves Pereira.

“As mudanças experimentadas por todo o mundo nos últimos tempos têm impactado a saúde mental das pessoas, em maior ou menor proporção. Essa resposta é bastante particular, variando conforme as experiências e o repertório emocional de cada indivíduo. O importante é perceber se o contexto externo está interferindo no bem-estar a ponto de prejudicar a rotina de vida”, observa o psiquiatra.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os transtornos mentais estão entre as três principais causas de afastamento do trabalho. Em 2020, por força da crise sanitária global, a concessão de aposentadorias por invalidez e auxílios-doença decorrentes de transtornos mentais e comportamentais registrou alta recorde de 26%, em relação ao ano anterior, conforme dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. Um dos caminhos para superar o problema e as suas consequências é observar as próprias emoções e em quais circunstâncias elas surgem. Dr. Lucas também recomenda a adoção de mudanças no estilo de vida, envolvendo a prática regular de atividade física, horas de sono reparador, momentos de lazer (dentro das recomendações de distanciamento social), manter boas relações familiares e profissionais, além de eliminar fatores de risco para o adoecimento, como a má alimentação e o tabagismo.

Outra atitude que ajuda a manter a higiene mental no trabalho é respeitar o tempo estimado da jornada laboral, assim como, realizar pausas de cerca de dez minutos entre as atividades, para beber água ou alongar o corpo. De acordo com o especialista, essas medidas contribuem em situações de dificuldade pontual, quando o indivíduo não demanda apoio terapêutico especializado. Nas situações em que há sofrimento mental, associado, por exemplo, à sensação de pressão ou de que se está atingindo o limite; ou ainda presença de sintomas físicos persistentes, como cansaço, insônia, sensação de esgotamento de energia, entre outros, Dr. Lucas orienta buscar ajuda especializada.  “Todos nós temos de lidar com momentos difíceis em algum momento da vida. Alguns conseguem superar essas experiências sozinhos; outros irão precisar de ajuda para reconhecer quais fatores estão gerando dano psíquico e estabelecer meios adequados de tratamento para restabelecer a saúde mental”, conclui o médico.