*Entrevista com Dr. Octávio Messeder, coordenador médico da UTI Geral do Hosital Português.
Superando 14,5 milhões de casos confirmados de Covid-19, o Brasil se depara com uma nova face da doença: as sequelas desenvolvidas por quem teve até mesmo formas leves da infecção. A síndrome pós-covid-19, também chamada de covid longa, engloba dezenas de sintomas diferentes que persistem após a reabilitação da infecção pelo novo coronavírus, afetando a qualidade de vida. Estudos incipientes tentam avançar sobre as causas de surgimento do problema e as formas de prevenção e tratamento possíveis. Coordenador médico da UTI Geral do Hospital Português, Dr. Octavio Messeder fala sobre o que a medicina já sabe sobre esta síndrome e orienta como agir diante dessa nova condição. Confira a entrevista!
O que a medicina já sabe até o momento sobre a síndrome pós-covid-19?
Estamos vivendo uma pandemia, uma situação completamente nova para a população mundial na atualidade. A síndrome pós-covid-19 é algo novo, assim como a infecção viral pelo novo coronavírus é uma doença nova. Não existem ainda dados precisos com base em evidências científicas que permitam formar um consenso sobre as consequências da recuperação da infecção por covid-19. O que sabemos, a partir de relatos de pacientes que tiveram a doença, é a presença de sintomas persistentes, como fadiga, falta de ar, dor muscular, dor de cabeça, problemas no coração e no sistema nervoso, dificuldade de memorização, dentre outros.
Como deve ser o cuidado desses pacientes?
O cuidado das disfunções secundárias à covid-19 deve ser individualizado, variando conforme o quadro clínico apresentado pelo paciente e o grau de acometimento da lesão causada pela doença, seja respiratória, seja em órgãos como rim e coração, ou ainda na função cognitiva, em razão de acometimento psico-neurológico. É preciso avaliar o estado geral do indivíduo após a infecção para identificar o tipo de abordagem terapêutica mais adequada para minorar a disfunção pós-covid-19.
Então, esses pacientes devem manter o acompanhamento médico?
Sim. O mais comum em um indivíduo que apresenta a covid-19 sintomática é que ele passe algum tempo da fase de convalescência na presença de sintomas como fadiga, indisposição e dores musculares. Essa sintomatologia tende a desaparecer num período aproximado de quatro a oito semanas, a exemplo do que acontece com outros quadros clínicos de infecção viral. Porém, tem-se observado que em alguns pacientes a sintomatologia da doença permanece. São exatamente esses pacientes que podem estar desenvolvendo a síndrome pós-covid-19. É uma condição que requer acompanhamento especializado, uma vez que pode estar ocorrendo por disfunção em diversos órgãos, inclusive, com risco de comprometimento no longo prazo.
Quem teve formas leves da infecção também pode desenvolver a síndrome?
Sim. Mas cada organismo reage à doença de forma muito particular, sendo imprevisível quem irá desenvolver sequelas da covid-19. Alguns pacientes desenvolvem quadros leves, com poucos sintomas, contudo a sintomatologia se estende durante meses. Outros apresentam quadros moderados ou formas mais severas da doença, com ameaça à vida, requerendo cuidado especializado de UTI na internação. Cada um desses grupos de pessoas vão ter consequências diferentes. O paciente deve reconhecer se está caminhando bem na sua recuperação, mantendo o repouso, a alimentação adequada, a fisioterapia, o exercício escalonado; buscando identifica se é necessário o suporte médico-hospitalar prestado por equipe multidisciplinar especializada.
O que é possível fazer para a prevenção?
A melhor forma de evitar a síndrome pós-covid-19 é adotando todos os cuidados para não ter a covid-19, ou seja, mantendo o distanciamento social, o uso correto da máscara de proteção pessoal, realizando a higienização frequente das mãos e se imunizando com as vacinas disponíveis contra a infecção. Esse é o conjunto de medidas efetivas de segurança preconizadas em todo o mundo.
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