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Síndrome pós-covid

21 de maio de 2021

*Entrevista com Dr. Octávio Messeder, coordenador médico da UTI Geral do Hosital Português.

Superando 14,5 milhões de casos confirmados de Covid-19, o Brasil se depara com uma nova face da doença: as sequelas desenvolvidas por quem teve até mesmo formas leves da infecção. A síndrome pós-covid-19, também chamada de covid longa, engloba dezenas de sintomas diferentes que persistem após a reabilitação da infecção pelo novo coronavírus, afetando a qualidade de vida. Estudos incipientes tentam avançar sobre as causas de surgimento do problema e as formas de prevenção e tratamento possíveis. Coordenador médico da UTI Geral do Hospital Português, Dr. Octavio Messeder fala sobre o que a medicina já sabe sobre esta síndrome e orienta como agir diante dessa nova condição. Confira a entrevista!

  • O que a medicina já sabe até o momento sobre a síndrome pós-covid-19?

Estamos vivendo uma pandemia, uma situação completamente nova para a população mundial na atualidade. A síndrome pós-covid-19 é algo novo, assim como a infecção viral pelo novo coronavírus é uma doença nova. Não existem ainda dados precisos com base em evidências científicas que permitam formar um consenso sobre as consequências da recuperação da infecção por covid-19. O que sabemos, a partir de relatos de pacientes que tiveram a doença, é a presença de sintomas persistentes, como fadiga, falta de ar, dor muscular, dor de cabeça, problemas no coração e no sistema nervoso, dificuldade de memorização, dentre outros.

  • Como deve ser o cuidado desses pacientes?

O cuidado das disfunções secundárias à covid-19 deve ser individualizado, variando conforme o quadro clínico apresentado pelo paciente e o grau de acometimento da lesão causada pela doença, seja respiratória, seja em órgãos como rim e coração, ou ainda na função cognitiva, em razão de acometimento psico-neurológico. É preciso avaliar o estado geral do indivíduo após a infecção para identificar o tipo de abordagem terapêutica mais adequada para minorar a disfunção pós-covid-19.

  • Então, esses pacientes devem manter o acompanhamento médico?

Sim. O mais comum em um indivíduo que apresenta a covid-19 sintomática é que ele passe algum tempo da fase de convalescência na presença de sintomas como fadiga, indisposição e dores musculares. Essa sintomatologia tende a desaparecer num período aproximado de quatro a oito semanas, a exemplo do que acontece com outros quadros clínicos de infecção viral. Porém, tem-se observado que em alguns pacientes a sintomatologia da doença permanece. São exatamente esses pacientes que podem estar desenvolvendo a síndrome pós-covid-19. É uma condição que requer acompanhamento especializado, uma vez que pode estar ocorrendo por disfunção em diversos órgãos, inclusive, com risco de comprometimento no longo prazo.

  • Quem teve formas leves da infecção também pode desenvolver a síndrome?

Sim. Mas cada organismo reage à doença de forma muito particular, sendo imprevisível quem irá desenvolver sequelas da covid-19. Alguns pacientes desenvolvem quadros leves, com poucos sintomas, contudo a sintomatologia se estende durante meses. Outros apresentam quadros moderados ou formas mais severas da doença, com ameaça à vida, requerendo cuidado especializado de UTI na internação. Cada um desses grupos de pessoas vão ter consequências diferentes. O paciente deve reconhecer se está caminhando bem na sua recuperação, mantendo o repouso, a alimentação adequada, a fisioterapia, o exercício escalonado; buscando identifica se é necessário o suporte médico-hospitalar prestado por equipe multidisciplinar especializada.

  • O que é possível fazer para a prevenção?

A melhor forma de evitar a síndrome pós-covid-19 é adotando todos os cuidados para não ter a covid-19, ou seja, mantendo o distanciamento social, o uso correto da máscara de proteção pessoal, realizando a higienização frequente das mãos e se imunizando com as vacinas disponíveis contra a infecção. Esse é o conjunto de medidas efetivas de segurança preconizadas em todo o mundo.