*Artigo de Gabriel Pereira, fisioterapeuta do Hospital Português, especialista em Fisiologia do Exercício e Prescrição de Exercício Físico.
Decorrido mais de um ano do início da pandemia, os países ao redor do mundo enfrentam fases distintas dessa realidade. Alguns começam a entrar no estágio pós-Covid-19; e à medida que mais pessoas se recuperam da infecção causada pelo novo coronavírus – muitas vezes deixando o ambiente hospitalar e retornando aos seus respectivos lares – notamos que o processo de reabilitação da saúde frequentemente se estende ao longo do tempo, em razão de sinais persistentes da doença. Mesmo após a cura da Covid-19, cerca de 40% dos pacientes continuam com algum tipo de sintoma ou desenvolvem novos problemas ligados à doença depois que deixam as UTIs ou enfermarias, segundo dados do Ministério da Saúde citados pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde.
Logo, vemos que a palavra de ordem para a Covid-19 se chama reabilitação. O processo se inicia com a admissão do paciente na emergência e continua não só no ambiente hospitalar (unidades de terapia intensiva e unidades abertas), como também nas clínicas, ambulatórios e no domicílio. O foco da assistência é tratar eventuais consequências da infecção, que variam de longa permanência do paciente na ventilação mecânica, imobilismo causado pela restrição prolongada no leito, descondicionamento neuromuscular e cardiorrespiratório, e até mesmo alterações cognitivas. O cuidado multidisciplinar nesse contexto é vital à recuperação plena (física e mental), especialmente, com estratégias e técnicas lançadas a partir da avaliação funcional do indivíduo.
A fisioterapia é parte fundamental desse processo. O fisioterapeuta atua com um conjunto de técnicas específicas e, sobretudo, estratégias voltadas ao treinamento respiratório e da musculatura respiratória, visando o incremento de força e resistência. Sim! Por meio dessas condutas conseguimos melhorar não só a resistência do paciente, como também a força dos seus músculos inspiratórios e expiratórios. Ao mesmo tempo, sempre que preciso, podemos instituir a periodização de uma planilha de exercícios individualizada para a condição clínica apresentada, considerando o intervalo apropriado de atividades aeróbicas, de força, de mobilidade e de propriocepção (equilíbrio) com o intuito de promover o recondicionamento integral.
O resultado desse trabalho se revela com a reabilitação progressiva de movimentos e a melhora da capacidade funcional do indivíduo, ao falar, escrever e andar, por exemplo. É importante ressaltar que o tempo de recuperação varia conforme o quadro clínico de cada paciente, sua idade e doenças associadas; mas a fisioterapia dispõe dos instrumentos necessários para ajudar na superação dos desafios impostos no pós-Covid. Essa batalha deve ser encarada como uma maratona, não como prova de velocidade. Considerando as características individuais, a fisioterapia de alta qualidade presta suporte essencial a fim de produzir benefícios globais: para o paciente, sua família e a sociedade com um todo.
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