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Tecnologia avançada na terapia respiratória intensiva

10 de junho de 2021

O emprego da oxigenação pulmonar artificial ECMO (membrana de oxigenação extracorpórea) em pacientes graves de Covid-19 vem chamando a atenção para essa terapia de alta complexidade hospitalar. Mais usual em cirurgias cardíacas, a estratégia terapêutica passou a ser empregada em casos de insuficiência respiratória aguda, como alternativa extrema para reverter o estado crítico. No Hospital Português (HP) a técnica moderna foi realizada, recentemente, em pacientes internados em setores específicos para Covid-19, UTI Geral e UTI Clínica. A Instituição também já utilizou o método anteriormente na reabilitação de paciente gestante com H1N1.

O coordenador da UTI Clínica e Semi-intensiva, Dr. Márcio Peixoto, destaca o preparo da Instituição para a realização do procedimento de alta complexidade. “A prestação do suporte intensivo em quadros complexos demanda equipes especializadas e experientes, tecnologias de ponta e processos assistenciais bem definidos. O HP agrega esses diferenciais, dispondo de infraestrutura completa e cultura de cuidado centrado no paciente”, observa o médico.

Cuidado especializado

A aliança entre preparo assistencial e tecnologias avançadas é um fator que se mostra de extrema relevância no delicado processo de recuperação do paciente submetido à ECMO. A terapia complexa e de alto custo exige infraestrutura hospitalar de ponta – desde aparato tecnológico específico para UTI até o suporte multidisciplinar de profissionais treinados e experientes no manejo clínico. Sendo um dos últimos recursos usados para reverter condições agravadas de perda da capacidade pulmonar, a abordagem mobiliza profissionais de diferentes áreas, demandando alto nível de qualificação, treinamento e integração dos times envolvidos na prestação do cuidado.

De acordo com Dr. Márcio Peixoto, desde o momento da indicação do método, o trabalho em equipe é fundamental para promover a reabilitação do paciente. “A assistência multiprofissional e personalizada tem contribuição muito importante na reversão do estado crítico de pacientes com disfunção pulmonar persistente e refratária, que não respondem mais aos tratamentos convencionais”, observa o especialista.

Alta tecnologia

Situações extremas de falência dos pulmões têm se apresentado de forma mais frequente na população em razão da pandemia, muitas vezes recebendo a indicação de uso da ECMO.  Além da Covid-19, diversas condições clínicas podem originar estados graves de insuficiência respiratória, de acordo com o médico, requerendo intervenção rápida. “Nesses quadros, o pulmão perde a textura similar à de uma esponja e, assim, a sua capacidade de expansão fica comprometida”, compara. Em geral, o ventilador mecânico é o equipamento utilizado nos casos em que o paciente enfrenta incapacidade de respirar pelas vias naturais. O aparelho injeta e retira ar dos pulmões, promovendo a ventilação artificial e o suporte à vida. Quando este recurso terapêutico não produz efeitos, a ECMO torna-se uma alternativa.

O tratamento acontece de modo substitutivo à função pulmonar – equivalente à diálise para os rins. Um aparelho passa a desempenhar o transporte de oxigênio no sangue, permitindo o funcionamento do organismo como um todo. Assim, até que a capacidade respiratória seja restabelecida, o aparelho cumpre o papel de fazer o sangue circular fora do corpo, por meio de cânulas. No trajeto extracorpóreo, o sangue passa por uma membrana na máquina, que funciona com um “pulmão artificial”, oxigenando o sangue que retorna para o paciente. Essa abordagem pode ser empregada ininterruptamente por cerca de algumas semanas, viabilizando que o organismo se reabilite de forma progressiva.

Dr. Márcio Peixoto observa que a resposta à ECMO é bastante heterogênea, pelo nível de gravidade clínica. “Alguns pacientes submetidos ao método apresentam melhora respiratória, com retorno da oxigenação ao organismo. É sempre muito gratificante observarmos que a técnica funcionou para o paciente, depois que todas as opções possíveis de tratamento já foram adotadas”, finaliza o especialista.