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Chuvas, alagamentos e infecções virais — Hospital Português da Bahia

8 de maio de 2015

Chuvas, alagamentos e infecções virais

08 May 2015

A incidência de alagamentos e enchentes, comum nos períodos mais chuvosos do ano, expõe a população em geral a uma série de riscos. Não raro, após situações como essas, são esperadas repercussões sociais importantes, tais como o surgimento de infecções virais diversas, sobretudo, naqueles locais de maior vulnerabilidade sanitária e saneamento básico mais deficiente. Nesse contexto, a doença de maior preocupação é a Leptospirose – uma zoonose de grande importância social, com alto custo hospitalar e letalidade de até 40% nos casos mais graves.

Presente em condições de infraestrutura sanitária ruim, a Leptospirose está relacionada ao aumento da população de roedores infectados (principalmente, a ratazana de esgoto), que contamina a água oriunda da chuva. Tipicamente, os primeiros sintomas da doença surgem depois de uma ou duas semanas – febre, calafrios, cefaleia e dor muscular, sobretudo, nas panturrilhas. A doença também pode evoluir para um quadro de meningite ou pneumonia, bem como originar manifestações hemorrágicas, olhos amarelo-avermelhados, insuficiência renal aguda ou envolvimento cardiológico por miocardite. Diante desses sintomas, faz-se necessária uma abordagem de emergência para definir a internação e tratamento, além da discussão sobre a hemodiálise e o suporte de terapia intensiva.

Como estratégia de prevenção da Leptospirose vale ressaltar atitudes como o controle da população de roedores (realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses); evitar a exposição da pele com ferimentos nas águas ou lamas de enchentes, buscando o uso de botas e a limpeza dos domicílios afetados com solução de hipoclorito de sódio (na proporção de 100 ml de água sanitária para 10 litros de água). Outra medida essencial para a prevenção dessa infecção e que envolve a participação ativa da comunidade é o descarte adequado do lixo, evitando o acúmulo de detritos em locais inapropriados.

Também merece atenção da comunidade, em situações de enchente, a prevenção da infecção por Hepatite A. A transmissão do vírus acontece por via oral (contato com água e alimentos contaminados) ou pelo contato direto com a pessoa infectada. Até 95% dos pacientes com esta doença não apresentam qualquer manifestação clinica, o que dificulta o seu controle. Porém, a prevenção efetiva deve envolver melhoria das condições sanitárias e dos hábitos de higiene da população em geral, associada, em paralelo, à vacinação em massa, já que há vacina disponível contra este vírus.

Por último, nos períodos de chuvas intensas, ainda é possível observar a incidência de parasitoses, infecções de pele por micoses superficiais, diarreias, sobretudo, em crianças ou naqueles trabalhadores que estão expostos, mais frequentemente, a este tipo de situação. Logo, é de extrema importância o esforço conjunto para a melhoria das condições sanitárias, de saúde pública da população em geral, associada à maior conscientização das pessoas sobre a importância da higiene corporal e das mãos, como fator de prevenção às infecções.