Hospital Português ultrapassa a marca de 50 transplantes de fígado — Hospital Português da Bahia
18 de agosto de 2007
Hospital Português ultrapassa a marca de 50 transplantes de fígado
18 August 2007
Pioneiro em transplante de fígado na Bahia, o Hospital Português atingiu, este mês, a marca recorde de 54 transplantes. Graças a uma equipe competente e ao uso de técnicas modernas, o Hospital Português registra uma taxa global de sobrevida de 70%, igualando-se aos principais centros transplantadores do país. O primeiro transplante de fígado bem-sucedido na Bahia foi realizado na Unidade de Gastroenterologia e Hepatologia (UGH) do Hospital Português, em 2001.
Desde então, a UGH tem acompanhado os pacientes transplantados e, atualmente, é referência nacional na área. Com a sua estrutura, a UGH pode aumentar significativamente o número de transplantes, com o mesmo padrão de qualidade, mas esbarra na deficiente infra-estrutura nacional e local de captação de órgãos. Estima-se que mais de 40% dos sete mil pacientes que precisam de fígado, no Brasil, morrerão na fila de espera.
O transplante de fígado é indicado para as pessoas que têm doenças hepáticas, em fase terminal. Nesta situação, quando todas as terapias utilizadas não surtem mais efeito, resta a substituição do órgão como terapia definitiva. O aposentado Alberto Tourinho da Silva Filho, 67 anos, o qüinquagésimo transplantado, estava na fila de espera havia dois anos e em julho passou pelo procedimento. Ele sofria de cirrose hepática, de causa não identificada. “O tratamento que o Hospital Português deu a meu pai foi o melhor possível: desde os recepcionistas aos médicos e enfermeiros, o carinho e a atenção da equipe toda foi muito grande, trouxe muito conforto”, relata Robson Dias, filho de Alberto Tourinho.
O fígado recebido pelo paciente foi doado pela família do diácono Sergio Fontes, 57 anos, que sofreu trauma craniano, tendo evoluído para quadro de morte encefálica. “Pedimos a Deus que traga conforto a eles; foi um ato tão nobre que não temos palavras para agradecer, isso é solidariedade, compaixão, amor ao próximo e generosidade”, afirma Robson Dias. “Com esse gesto, com certeza, ele continuará vivo”, emociona-se.
A cirurgia foi realizada pela equipe de transplantes de fígado do Hospital Português, coordenada pelo cirurgião Dr. Jorge Bastos, que trabalha na Instituição há 19 anos e foi o responsável pelo primeiro transplante realizado na UGH, em 2001. A equipe de transplante de fígado do Hospital Português é composta pelos médicos cirurgiões: Leonardo Canedo, André Gusmão, Álvaro Nonato, Carlos Andrade; pelos anestesiologistas: Eron Santana e Manuel Medeiros Neto; pelos clínicos: Paulo Bittencourt, Liana Codes, Andréa Cavalcanti e por uma equipe multidisciplinar, coordenada pela enfermeira Maria Auxiliadora Evangelista.
O Brasil tem hoje o maior programa de transplante de órgãos públicos do mundo: 98% dos transplantes são feitos pelo SUS. O País, no entanto, sofre carência de leitos de UTI e o nível de doação de órgãos é muito baixo, o que prejudica muito o desenvolvimento dos transplantes. Para suprir a demanda atual de transplantes, seriam necessários cerca de 10 a 12 doadores por milhão de habitantes. Atualmente, a taxa é de apenas cinco doadores por milhão.
Na opinião da Dra. Andréa Cavalcanti, hepatologista da equipe de transplantes de fígado do Hospital Português, o ponto principal do problema está na própria comunidade médica. Segundo pesquisa da Central de Transplantes de São Paulo, apenas um, em cada nove eventos de morte encefálica nos hospitais brasileiros, é adequadamente comunicado às estruturas de captação de órgãos. “O problema do transplante é a educação médica. Ainda existe uma grande estrada pela frente, no sentido de identificar os potenciais doadores, manuseá-los adequadamente e saber abordar as famílias”, esclarece a hepatologista.
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