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Segurança na prescrição de medicamentos — Hospital Português da Bahia

27 de outubro de 2007

Segurança na prescrição de medicamentos

27 October 2007

Segurança na prescrição de medicamentos Os medicamentos que ajudam a viabilizar a cura podem provocar problemas graves. Há quase dois anos, o Serviço de Farmácia Hospitalar do Hospital Português realiza o trabalho de Farmacovigilância: qualquer efeito adverso observado nos pacientes internados é relatado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dessa forma, o Hospital evita a repetição desses eventos, alterando posologia e monitorando as substâncias que mais comumente causam problemas, o que garante uma terapêutica mais segura e eficiente.

Instituição multidisciplinar, o Hospital Português se preocupa com todos os aspectos que envolvem o tratamento de seus pacientes. O Serviço de Farmácia tem papel estratégico nesse contexto. Cada uma das terapias prescritas no Hospital é acompanhada de perto por esses profissionais; cabe a eles zelar pela dose e administração correta dos medicamentos. Dessa forma, o farmacêutico participa da evolução clínica do paciente.

O Hospital participa como colaborador do Programa de Farmacovigilância da Anvisa e recentemente foi convidado a participar do projeto Reações Adversas como causa de Admissão Hospitalar. O trabalho da Farmacovigilância no Hospital Português foi iniciado com um piloto na Unidade Coronariana e, em pouco tempo, enfermeiras, auxiliares e médicos de outros setores foram treinados para reconhecer e notificar reações adversas. Atualmente, o farmacêutico da Farmacovigilância participa do treinamento introdutório realizado na admissão destes profissionais.

A Farmacovigilância teve início nos Estados Unidos com o advento da talidomida. Gestantes que fizeram uso dessa substância deram à luz filhos com membros deformados ou ausentes (focamegalia). A re repercussão do caso fez com que os profissionais de saúde passassem a observar os efeitos adversos dos medicamentos.

A indústria farmacêutica produz medicamentos em larga escala, novos produtos são lançados no mercado em grande velocidade e o tempo de avaliação, que define a dose e as diferentes posologias, está cada vez mais curto. Alguns efeitos provocados acabam não sendo relatados na monografia do medicamento (bula). Efeitos adversos não são efeitos colaterais. Os colaterais são esperados, enquanto os outros aparecem sem previsão. Alguns podem ser letais, por isso, qualquer alteração deve ser informada. Reações adversas não notificadas ao setor responsável podem ser repetidas em outros pacientes, podendo causar danos graves.

As reações podem ser leves, moderadas, graves ou letais. Quando leves, não requerem tratamento específico e não precisam ser suspensas. Basta acompanhamento, para evitar evolução do quadro desfavorável. A moderada requer medidas terapêuticas, como mudanças na posologia. A grave requer suspensão do medicamento e, a depender do caso, tratamento com antídoto. A letal causa complicações que levam a óbito.

A Farmacovigilância é um trabalho de importância internacional; nos países mais desenvolvidos, é obrigatória. No Brasil, vem sendo implantada. No Hospital Português a Farmacovigilância foi sugerida pela Comissão de Farmácia e Terapêutica, que tem como presidente Dr. Augusto Farias. Hoje a Comissão da Farmacovigilância é composta por uma farmacêutica (Lucivânia Lima), uma médica infectologista (Ledívia Espinheira) e uma enfermeira (Maria de Fátima).

Quando uma queixa é notificada, o farmacêutico faz a validação do caso, avaliando-o, correlacionando com os efeitos da droga e a patologia. Validadas, as informações são encaminhadas para a Anvisa. Se a Agência recebe várias notificações e julga que o medicamento envolvido causa reações adversas severas, ele é suspenso do mercado ou tem sua fórmula alterada.

As notificações, no entanto, podem e devem ser feitas pelo médico, enfermeiro, ou qualquer profissional de saúde que acompanhe um paciente, através do preenchimento da ficha de Farmacovigilância disponível no prontuário eletrônico.

Valorização do farmacêutico

O arsenal terapêutico disponibilizado pelo serviço de farmácia compreende mais de 700 tipos de medicamentos de referência. “Quando um medicamento é notificado várias vezes, acionamos a Comissão de Farmácia e Terapêutica, que sugere a substituição por outro medicamento com a mesma finalidade terapêutica, com o mínimo de efeitos nocivos ao paciente”, explica a farmacêutica Lucivânia Lima.

A Segurança e a Racionalidade quanto ao uso dos medicamentos é uma preocupação e responsabilidade do farmacêutico. Com este intuito, desenvolvem atividades de Acompanhamento Farmacoterapêutico onde as prescrições médicas são avaliadas em relação às doses do medicamento, diluição, via de administração e horário de aprazamento, com o objetivo de prevenir uso de doses inadequadas (pacientes renais, hepáticos), incompatibilidade físico-química, via correta de administração e interação medicamentosa dos pacientes internados nas Unidades Terapia Intensiva. Esta atenção continua quando o paciente é transferido para Unidades de Internação. As considerações pertinentes às prescrições são registradas pelas farmacêuticas, em Evolução Clínica, no prontuário eletrônico.

“Hoje o farmacêutico faz parte da equipe multidisciplinar, registrando informações em prontuário, contribuindo com a evolução clínica do paciente. Este é o primeiro Hospital da Bahia a fazer isso. Aqui, o farmacêutico também tem seu espaço no prontuário. É uma grande conquista”, afirma a farmacêutica Lucivânia Lima.