4 de junho de 2010
Manter atividades é importante mesmo após a aposentadoria
04 June 2010
A aposentadoria é uma conquista, o começo de uma nova etapa, mas jamais deve estar associada à ociosidade ou acomodação. Não se pode desligar o cérebro. Em qualquer fase da vida, o ser humano precisa de atividade, seja física ou mental. Fazer turismo, praticar exercícios ou esportes, aprender novos idiomas, estudar, frequentar festas, produzir e vender algum produto, atuar em um novo trabalho ou participar de grupos de integração são opções para manter a vida ativa e garantir o bem-estar.
A psicanalista Taya Soledade explica que as atividades são de extrema importância porque “precisamos nos sentir vivos, vinculados e, acima de tudo, importantes para os outros e para o fazer coletivo”. “É assim para todos, independente da idade, do sexo”, afirma.
Segundo Taya Soledade, um dos problemas mais graves que podemos considerar como efeito da ociosidade e da desqualificação da palavra do idoso é a depressão. “Se o idoso continuar tendo um lugar na família e na sociedade é provável que tenhamos uma queda nas estatísticas referentes a esse transtorno do humor na faixa etária referida. Atividade física é muito bom, já sabemos. Manter-se trabalhando é o que pode ser melhor, quando ele quer”, diz a psicanalista.
Especialistas salientam que fatores como estabelecer relações sociais e familiares positivas e consistentes, ter autonomia e um efetivo suporte social, aceitar mudanças e manter o senso de humor elevado contribuem para a promoção do bem-estar do idoso e, consequentemente, influenciam diretamente numa melhor qualidade de vida.
Estudos também já comprovaram que manter algum tipo de atividade que exija habilidade mental ajuda a exercitar o cérebro e prevenir a perda da memória. Como toda atividade intelectual, isso provoca maior oxigenação dos circuitos neurais, produção e liberação de neurotransmissores. E ativa as sinapses, local de contato entre os neurônios, reduzindo o risco de morte dessas células. É verdade também que quem trabalha por mais tempo são as pessoas que se sentem melhor. Mesmo que em um ritmo mais leve, até porque prazer também é fundamental.
O perigo de a demência aparecer evolui com a idade — depois dos 65 anos, dobra a cada cinco. “E diminui à medida que se incluem na rotina atividades cognitivo-intelectuais, exercícios físicos, alimentação saudável, prazer e controle dos fatores de dano vascular como hipertensão, diabete e colesterol alto”, ressalta o neurologista Paulo Caramelli.
NOVO PERFIL – De alguns anos para cá, os avanços da medicina e da indústria farmacêutica, o aumento da expectativa de vida, o acesso maior à informação e a prática de hábitos saudáveis vêm estabelecendo um novo perfil de comportamento das pessoas da terceira idade. Hoje, elas são consideradas experientes e produtivas e querem se sociabilizar, ampliar o círculo de amizades, conversar pela internet, manter a mente ativa.
Na avaliação da geriatra do Hospital Português, Dra. Corina Leal Costa, a qualidade de vida dos idosos é bem maior nos dias atuais. “Eles estão se cuidando mais, fazem atividades físicas, adotam uma alimentação saudável, procuram se ocupar e são adeptos da medicina preventiva. Estão mais ousados e com vontade de viver. Os idosos de hoje não se acomodam”, observa.
ALIMENTAÇÃO – A alimentação correta é um dos fatores que tem maior influência na saúde e no bem-estar dos idosos. Existe o consenso de que o idoso deve receber uma dieta variada, saudável e balanceada. No entanto, as necessidades proteicas, calóricas e de lipídeos diárias não são muito diferentes das de pessoas mais jovens. Para ser adepto de bons hábitos alimentares, nutricionistas fazem recomendações simples, como ingerir de seis a oito copos de água por dia, mesmo que, habitualmente, esteja acostumado a consumir chás e sucos (a partir dos 60 anos, aumenta a propensão da pessoa ficar desidratada); Beber muitos líquidos, especialmente quando o tempo estiver quente (a sede não é um sinal que traduza as necessidades orgânicas e, por isso, é importante beber mesmo quando não se tem sede. O ideal é que seja água ou bebidas não açucaradas, como sucos ou chá); Alimentar-se a cada três horas, alternando, entre uma refeição e outra, frutas e chás; Fazer, por dia, 3 a 5 refeições em horas certas (não comer demasiado, nem alimentos que não são necessários); Não tentar fazer as dietas da moda – elas não se ajustam às necessidades do idoso; Não comer açúcar nem sal em excesso e reduzir as gorduras e os alimentos gordos.
EXERCÍCIOS FÍSICOS – A prática de atividades físicas – sem exageros e com orientação de um profissional de educação física – traz benefícios para a saúde das pessoas e melhora a qualidade de vida em qualquer idade. No caso dos idosos, é especialmente importante, visto que um estilo de vida sedentário pode fazer com que os mais velhos tenham perdas em quatro áreas importantes para sua saúde e independência: força, equilíbrio, flexibilidade e resistência. Pesquisas mostram que a prática de atividades físicas ajuda a manter ou restaurar parcialmente essas quatro áreas. Além disso, ficar fisicamente ativo pode ajudar a prevenir ou postergar muitas doenças e problemas de saúde. Até mesmo atividades físicas bem moderadas podem melhorar a saúde de pessoas que são frágeis ou que têm doenças que acompanham o envelhecimento. Melhorar a força e resistência torna mais fácil até mesmo a execução de atividades do cotidiano, como subir escadas e carregar objetos. Também ajuda a prevenir quedas e acelera a recuperação de lesões. Vale lembrar que é fundamental que o idoso procure orientação de um profissional de educação física qualificado, para obter a combinação de exercícios físicos adequada às suas necessidades e características, a exemplo de caminhada, corrida, hidroginástica, natação e pilates.
DICAS PARA VIVER MELHOR
Mantenha hábitos saudáveis: não fume, não beba em excesso, evite ambientes com ruídos intensos e exposição solar sem proteção. Tenha uma alimentação rica em fibras (frutas e verduras) e pobre em gorduras saturadas.