Reguladora de diversos órgãos, tireoide exige atenção
07 October 2010
Situada na região anterior do pescoço, a tireoide funciona como a bateria do nosso organismo, uma vez que regula a função de órgãos importantes como o coração, cérebro, fígado e rins. A glândula produz dois hormônios: T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina) e atua diretamente no crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, na regulação dos ciclos menstruais, na fertilidade, no peso, na memória, na concentração, no humor e no controle emocional.
Os principais problemas ligados à tireoide são os nódulos tireoidianos, as disfunções hormonais tireoidianas (hipertireoidismo e hipotireoidismo) e o câncer de tireoide. Segundo a endocrinologista Dra. Aline Brandão, os nódulos são achados bastante comuns, sobretudo em mulheres. “Somente 5% destes nódulos são malignos. Não existem medicamentos para tratamento dos nódulos e o acompanhamento é feito com ultrassonografia periódica”, informa a especialista. Já o câncer de tireoide é uma doença rara, correspondendo a cerca de 1% de todos os cânceres.
Em relação às disfunções hormonais, o hipotireoidismo é uma doença resultante da incapacidade da tireoide em secretar quantidades adequadas dos hormônios T3 e T4. “Essa incapacidade pode ser causada ou por deficiência de TSH, que é um hormônio produzido pela glândula hipófise e que estimula a tireoide a trabalhar, o que caracteriza o hipotireoidismo central, ou por patologias da própria tireoide, o que se chama hipotireoidismo primário, responsável por cerca de 95% dos casos de hipotireoidismo e que pode ter várias causas, como o uso de medicamentos, entre eles alguns usados para tratamento de tumores malignos e Hepatites B e C”, explica a médica.
O hipotireoidismo também pode ser consequência de cirurgia tireoidiana, do uso de Iodo 131 para tratamento de Doença de Graves ou de radioterapia externa de cabeça e pescoço. Contudo, a causa mais comum de hipotireoidismo primário em nosso meio é a Tireoidite de Hashimoto, a qual é 3 vezes mais comum em mulheres e tem etiologia autoimune (o organismo produz anticorpos que agridem a tireoide). Existem, ainda, algumas crianças que já nascem com hipotireoidismo, ou por mau funcionamento congênito ou por ausência total da glândula.
O hipotireoidismo pode afetar todos os sistemas de órgãos e as manifestações são, em geral, relacionadas ao grau de deficiência hormonal: sonolência, intolerância ao frio, constipação, pele seca e descamativa, bradicardia (lentificação dos batimentos cardíacos), cansaço fácil, anemia, rouquidão, irregularidade menstrual, queda de cabelos, fala arrastada, déficit de memória e sintomas de depressão.
O tratamento é feito habitualmente com Levotiroxina. Se a doença não for tratada ou se tratada de forma inadequada, torna-se uma condição potencialmente fatal, tendo como sua complicação mais grave o coma mixedematoso.
Já o hipertireoidismo é resultado do aumento do T3 e T4, sendo causado em 80% dos casos pela Doença de Graves, que também tem origem autoimune e mostra-se 5-10 vezes mais comum em mulheres. Pode também ser decorrente do uso de medicamentos e do excesso de iodo e da produção de hormônios por nódulos tireoidianos.
As principais manifestações do hipertireoidismo são: nervosismo, palpitações, insônia, emagrecimento, taquicardia, intolerância ao calor, sudorese excessiva com pele quente e úmida, tremores, fraqueza muscular e aumento do ritmo intestinal. Na Doença de Graves, além dos sintomas de hipertireoidismo, observa-se alterações oculares (oftalmopatia infiltrativa) e dermopatia (espessamento da pele, particularmente na perna).
“O tratamento do hipertireoidismo pode ser feito com medicamentos como as Tionamidas, em que cerca de 100% dos pacientes vão atingir a função tireoidiana normal, porém, um ano após a suspensão do tratamento, somente 50% permanecerão em remissão”, esclarece Dra. Aline. Outra opção é o iodo radioativo, que tem como principal complicação o hipotireoidismo. Pode ser realizado também tratamento cirúrgico, que geralmente tem indicação em casos de bócio volumoso, presença de sintomas compressivos locais ou nódulos com suspeita de malignidade ou ainda por opção do paciente.
A complicação mais grave do hipertireoidismo é a crise tireotóxica, que pode ser precipitada por infecções, cirurgias, indução anestésica, retirada da medicação antitireoidiana e terapia com iodo radioativo. Se não for adequadamente tratada, pode ser fatal.
Prevenção – Entre algumas formas de prevenção das patologias tireoidianas, pode-se destacar: ingestão adequada de iodo na dieta; evitar o fumo – em indivíduos com alto risco de desenvolver Tireoidite de Hashimoto ou Doença de Graves, o fumo pode ser fator desencadeante de hipotireoidismo ou hipertireoidismo; evitar exposição a radioatividade externa da cabeça e pescoço; triagem neonatal para diagnóstico e tratamento precoces do hipotireoidismo congênito, evitando complicações graves como retardo mental e atraso do crescimento; realização do autoexame da tireoide – pode ser feito em frente ao espelho: a pessoa bebe água e observa o movimento de subida e descida da tireoide, palpando a glândula. Caso sejam observados nódulos, deve-se consultar um endocrinologista.