“No contexto de um hospital geral de grande porte, onde são realizados inúmeros procedimentos de alta complexidade, cumprir a burocracia que antecede a remuneração de honorários médicos é tão relevante quanto realizar um ato clínico ou cirúrgico”. A afirmação do chefe de Repasse Médico da Gerência Financeira do Hospital Português, Luciano Figueiroa, remete a um requisito premente na realidade de qualquer organização hospitalar moderna: o envolvimento do corpo clínico com as questões administrativas e financeiras que norteiam a atividade assistencial. Assumir o papel de gestor dos processos assistenciais tem sido um caminho natural da atuação médica. No HP, a atitude é considerada elementar para a obtenção de agilidade na execução do fluxo de pagamento dos honorários. Hoje, essa rotina de remuneração é finalizada pela instituição em, aproximadamente, 90 dias. A meta é reduzir o prazo, no máximo, para a metade. Na avaliação do líder da área, aprimorar a informação do corpo clínico, quanto ao desempenho de todas as rotinas envolvidas no repasse, é condição fundamental para a conquista desse objetivo.
Com mais de 3 mil médicos cadastrados e corpo clínico misto, o HP realiza dois tipos de pagamento médico: aos profissionais contratados da instituição, bem como àqueles que constituem pessoa jurídica e se utilizam da estrutura de alta complexidade hospitalar na prestação do atendimento. Essa política de remuneração, adotada pela organização, é um diferencial no mercado de saúde, que em geral realiza repasse somente para pessoa jurídica. No entanto, para assegurar fluidez ao processo de pagamento, é necessário que, logo após realizar o procedimento clínico ou cirúrgico, o médico especifique, no Sistema Trak, se prefere receber os honorários pelo Hospital. Também é preciso que ele e toda a sua equipe clínica ou cirúrgica forneçam, detalhadamente, as informações solicitadas pelo Sistema, para a geração de relatório, imediatamente após a realização de qualquer procedimento. “É importante ressaltar que a evolução clínica é um ato médico, enquanto a cobrança do procedimento é um ato financeiro. As duas iniciativas são essenciais para que o repasse seja realizado”, observa Figueiroa.
Para se prover de informações, o corpo clínico deve procurar a Gerência Técnica. O Setor é responsável por treinar os profissionais para o uso do Sistema Trak; fornecer orientações sobre o preenchimento do Sistema com informações detalhadas do procedimento realizado; instruir a geração imediata de relatório após o ato clínico ou cirúrgico; orientar a forma correta de execução das cobranças, de como evoluir a internação ou prorrogá-la; entre outros esclarecimentos. Para conhecer toda a rotina de pagamento adotada pelo HP, os profissionais também podem recorrer ao Setor de Repasse Médico e tomar conhecimento das áreas que participam– de forma engajada e interdependente– desse processo. Ao cumprir corretamente as etapas administrativas do repasse médico, o corpo clínico permite que a rotina financeira siga o seu fluxo normal e ganhe agilidade – o procedimento cai em conta; passa por auditoria interna e externa; havendo consenso, a conta retorna ao faturamento; segue para análise do convênio e, sendo aprovada, retorna como pagamento ao Hospital. Por fim, a instituição identifica, no próprio Sistema, o valor creditado ao médico, fazendo o repasse. “Não existe solução mágica. É indispensável a participação efetiva de todos os envolvidos nesse processo”, conclui.