Notícias Fique por dentro das novidades

Síndrome do intestino irritável — Hospital Português da Bahia

3 de outubro de 2013

Síndrome do intestino irritável

03 October 2013

Ansiedade, nervosismo, tensão, são alguns dos sentimentos estimulados pelo estilo de vida moderno que exercem importante influência no funcionamento gastrointestinal. Tal conexão entre emoções e atividade digestiva é facilmente percebida pelos portadores da Síndrome do Intestino Irritável (SII). Nessas pessoas, frequentemente se observa associação dos sintomas abdominais com períodos críticos da vida, como problemas familiares ou cobranças no ambiente de trabalho, entre outras circunstâncias estressantes, de acordo com o especialista em gastroenterologia pela USP e membro do Serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Português, Dr. Daniel Cavalcante. Ele observa que, apesar da investigação médica com exames clínicos, laboratoriais e de imagem, não há uma causa metabólica ou física que justifique as queixas dos pacientes. Fato que remete a uma interação significativa entre o sistema nervoso e o sistema digestivo, motivando a realização de diversos estudos na tentativa de identificar as causas da síndrome e potenciais tratamentos medicamentosos.
A Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) informa que a SII não constitui uma doença orgânica, nem tampouco tem qualquer relação com câncer ou outras doenças gastrointestinais. Dr. Daniel Cavalcante também avisa que a ausência de deficiências nutricionais ou de doenças que possam causá-las é condição indispensável para o diagnostico da síndrome. Embora ainda não haja uma resposta sobre as causas, sabe-se que a instabilidade emocional associada a determinadas condições pode ampliar os sintomas. Segundo a FBG isto ocorre porque o cólon possui uma vasta rede de nervos conectados ao cérebro, sendo parcialmente controlado pelo sistema nervoso autônomo (responsável pelos movimentos involuntários, como os do coração e pulmões). Em situações de ansiedade e estresse, a entidade afirma que, comprovadamente, esta área do intestino grosso costuma sofrer interferência do estado emocional, gerando cólicas, desconforto abdominal e/ou diarreia. Nos portadores de SII, devido a uma maior sensibilidade, o cólon reage de forma mais intensa. O resultado é um conjunto de sintomas abdominais que podem incluir dor, sensação de desconforto causada por volumes normais de gases intestinais, distensão, alteração do ritmo do intestino (diarreia ou obstipação), presença de muco nas fezes, entre outros. 
Os primeiros sinais da síndrome costumam surgir na adolescência, tornando-se mais comuns entre os adultos jovens, sobretudo, mulheres. Determinadas medicações, refeições volumosas, consumo de alimentos ricos em cafeína, álcool, cereais ou leite e derivados pode favorecer o agravo dos sintomas. Recentemente, a Faculdade de Medicina da USP apontou uma correlação entre a SII e o consumo de lactose. Segundo a pesquisa, a restrição desse tipo de açúcar representou alguma melhora no quadro clínico de 81 pacientes avaliados com a síndrome. Apesar da semelhança na sintomatologia, o médico observa que o diagnóstico da SII requer, primeiramente, a eliminação da possibilidade do paciente ser portador de intolerância à lactose. “Nesses casos, o tratamento consiste na exclusão desse tipo de açúcar da dieta ou emprego de lactase nas refeições. Como qualquer açúcar (carboidrato), a lactose é utilizada durante o metabolismo da flora bacteriana intestinal levando a formação de gases, que podem causar sintomas presentes nos paciente com SII”, informa, lembrando que uma dieta equilibrada, rica em fibras e com hidratação adequada tende a regularizar o ritmo intestinal. 
O especialista recomenda observar como o organismo reage em cada situação. “Não existe uma correlação direta entre determinados alimentos e o surgimento dos sintomas. Contudo, se o paciente percebe alguma associação específica, a dieta deve ser modificada com acompanhamento médico e o paciente monitorado posteriormente”. O alívio efetivo dos sintomas da SII deve ser alcançado com ajuda de um gastroenterologista, que além de promover a reeducação alimentar, vai apontar alternativas como uso de medicações sintomáticas (para casos como diarreia ou obstipação); e tratamento psicoterápico, podendo incluir medicações ansiolíticas nos casos em que a síndrome está associada a situações de fundo psicológico.