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Luta contra a AIDS — Hospital Português da Bahia

30 de dezembro de 2013

Luta contra a AIDS

30 December 2013

  1. Desde a descoberta dos primeiros casos de HIV na década de 1980, houve uma mudança de comportamento nos chamados grupos de risco para a doença. Quais públicos estão inseridos nesse perfil hoje?

 

Não podemos classificar os grupos de risco porque atualmente todas as pessoas que tem atividade sexual estão sob risco. Obviamente o risco pode ser maior ou menor a depender do tipo de exposição sexual que está sendo feita e a escolha do parceiro(a). Por isso, a recomendação que nós especialistas damos, é que sejamos responsáveis na forma de fazer sexo. Podemos dar destaque as faixas etárias extremas já que, para os jovens, que estão conhecendo seu corpo, o uso de preservativo ainda é complicado e nas idades mais avançadas, a disfunção erétil faz com que esse público também não faça uso do preservativo. Esses atos aumentam o risco ao HIV.  

 2. Na década de 80 o HIV era tido como uma sentença de morte, enquanto atualmente a doença pode ser considerada uma patologia crônica. A que se deve essa evolução?

 

Hoje os especialistas entendem mais claramente a fisiopatologia da doença, existem mais armas medicamentosas para controlar a multiplicação do vírus e manter o sistema imunológico dos pacientes normal, executando a defesa de forma adequada, de forma que aumente a qualidade de vida desse paciente para que tenha uma vida normal. É lógico que o HIV exige o tratamento com medicamentos e a utilização deles acarreta efeitos colaterais, que são doenças associadas ao uso prolongado do medicamento como: doenças renais, risco de infarto, fratura e colo de fêmur, anemia entre outras.

 3. Quase trinta anos depois do surgimento do HIV no Brasil, o que falta ainda para reduzir as taxas de infecção pelo vírus?

 

Essa pergunta aborda diretamente a prevenção. Existem algumas formas estratégicas de prevenção. A primeira, que para nós infectologistas é a mais fácil, seria controlar a multiplicação viral dos pacientes que a gente sabe que tem HIV. Isso evita que o paciente infectado transmita o vírus para outras pessoas. Com o uso do medicamento e do preservativo, o risco de transmissão da doença é muito baixo, praticamente inexpressivo. A segunda, que envolve a população em geral, é mais complexo já que temos um percentual de pessoas que têm HIV e não sabem que são portadores. Por isso a importância do uso do preservativo e de ter uma vida sexual responsável. Isso mexe com conceitos, religiões, escolaridade, mitos, tabus, desejos, ou seja, é uma situação complexa que exige uma abordagem multidisciplinar porque não é apenas um problema de saúde. Isso deveria ser mais discutido nas escolas, sem ter tanto preconceito em tocar no assunto com os jovens já que o número de jovens com doenças sexualmente transmissíveis vem aumentado, com idades cada vez mais cedo. A prevenção tem que ser do início da vida ao fim. Hoje temos preservativos tanto masculinos quanto femininos, existem programas de redução de danos de pacientes que utilizam drogas e compartilham seringas, programas que auxiliam gestantes portadoras do vírus, entre outros.

 4. E o que falta para assegurar qualidade de vida aos seus portadores?

 

O primeiro passo é vencer preconceitos, que muitas vezes vem do próprio paciente. É uma batalha fazer com que os pacientes portadores do HIV não se importem com o que as pessoas pensam deles. Assim como instruir a sociedade que o indivíduo com HIV tem capacidade de levar uma vida normal, trabalhar como qualquer cidadão e ser feliz, envelhecendo com saúde mental.