26 de junho de 2019
Mudar o estilo de vida e desenvolver uma rotina mais saudável, para muita gente, é um desafio que exige altas doses de esforço e disciplina, especialmente, quando se trata de uma orientação médica para otimizar o controle de algum problema de saúde. Líder do Serviço de Endocrinologia do Hospital Português, Dra. Maria Creusa Rolim observa que a maior recompensa de todo esse esforço é conquistar uma melhor qualidade de vida. “São muitos os benefícios dessa tomada de decisão. Pessoas com histórico familiar de diabetes, por exemplo, têm a grande chance de prevenir o surgimento da patologia por alguns anos, ou até mesmo décadas. Imagine poder adiar o enfrentamento do diabetes para os 70-75 anos de idade, ao invés de ter de conviver com os malefícios da doença iniciada por volta dos 45-50 anos? É um ganho bastante significativo para o bem-estar”, pondera a especialista.
Transformar a vontade de adquirir bons hábitos em atitude envolve outro fator decisivo: conscientização. A endocrinologista lembra que esse aspecto influi diretamente no número expressivo de pessoas acima do peso ideal, sob estresse, sedentárias e praticando uma dieta industrializada, pobre em fibras e rica em gorduras. “Essa realidade é vista no Brasil e no mundo e tem produzido um número crescente de pessoas portadoras de disfunções metabólicas, como o diabetes. Hoje, 18,6 milhões de brasileiros têm a doença”, informa Dra. Maria Creusa. A carga genética é causa predominante no diabetes tipo 1, enquanto um estilo de vida inadequado é o fator de risco mais relacionado ao tipo 2, que responde pela maioria dos casos de diabetes no mundo.
Atitude saudável contra a doença
A atitude saudável beneficia, inclusive, quem foi diagnosticado com pré-diabetes – condição clínica que anuncia a sobrecarga de um estilo de vida inadequado para a genética pessoal, mas que ainda pode ser revertida com ações preventivas, como: prática de atividade física, ao menos três vezes por semana, durante 50 minutos; manutenção do peso corporal saudável e uma alimentação equilibrada, com o mínimo possível de produtos industrializados e gordurosos. Para a especialista, a informação motiva atitudes conscientes e a adesão melhor ao tratamento, no dia-a-dia. “Conversar com o médico, buscar entender a doença e o que está acontecendo com o próprio corpo, ajuda o paciente a seguir as regras. Isso não significa cumprir horários rígidos ou fazer refeições pouco atrativas, mas, perceber que o êxito da terapia pede empenho pessoal, modificações no estilo de vida e uso dos medicamentos, conforme prescrito”, ressalta a endocrinologista.
Adesão à terapia X controle efetivo do diabetes
Um estudo realizado pelo Hospital de Leicester, na Inglaterra, observou que um a cada três portadores de diabetes tomava apenas alguns ou nenhum dos seus medicamentos para diabetes, problemas cardíacos e hipertensão arterial. No público que não seguia as orientações médicas de uso de medicamentos foram identificados níveis, significativamente, mais altos de glicose no sangue, pressão sanguínea e colesterol. Três fatores de aumento da mortalidade cardiovascular. Esse estudo evidencia como os padrões comportamentais errados afetam a prevenção e o controle efetivo da doença, para Dra. Maria Creusa. “Persistir em hábitos inadequados e não seguir o plano terapêutico, corretamente, só agrava a condição clínica. Hoje, medicamentos novos têm auxiliado os pacientes na fase de adaptação à rotina mais saudável, na perda de peso, proteção do rim e redução do risco de mortalidade cardiovascular”, observa.
Entre os medicamentos capazes de fazer o paciente viver mais e melhor, estão medicações orais (inibidoras de SGLT2) e injetáveis (análogas do GLP-1), de uso diário ou semanal. Para o diabetes tipo 1, os avanços contemplam uso de pâncreas artificial e medicamentos novos como os análogos de SGLT-1 e 2 que estão em fase final de validação para comercialização. “A ciência evolui constantemente, mas isso não descarta a participação ativa das pessoas. É preciso entender que hábitos saudáveis podem adiar ou controlar melhor o diabetes”, finaliza a endocrinologista.