*Entrevista com Dr. Luis Alfredo Gómez, vice-coordenador do Serviço de Ortopedia do HP
Para driblar o sedentarismo em tempos de isolamento social, muita gente tem optado por adaptar a rotina de exercícios físicos ao espaço doméstico. Além de contribuir para a melhora do bem-estar geral, a iniciativa busca evitar a exposição pública e o consequente risco de contrair a Covid-19, sobretudo no caso de idosos e outros públicos de risco. A comodidade (e segurança) de se exercitar em casa, com o auxílio de vídeoaulas disponíveis na internet ou a orientação remota de um personal trainer, entretanto, exige cuidados a fim de produzir benefícios e prevenir o risco de lesões. Confira nesta entrevista as orientações do vice-coordenador do Serviço de Ortopedia do Hospital Português (HP) e líder da especialidade de Ombro e Cotovelo da Instituição, Dr. Luis Alfredo Gómez!
- Quem pode e quem não deve se exercitar por conta própria, durante o período de isolamento social?
A prática do exercício físico é bem-vinda a todos os indivíduos, independentemente da idade. No entanto, aqueles que padecem de alguma patologia músculo-esquelética e/ou cardiovascular, e que nunca foram avaliados por um especialista para praticarem exercícios físicos, por prudência, deveriam evitar estabelecer uma rotina de treinos sem que haja uma avaliação médica prévia. Esse cuidado é essencial para que a atividade física possa cumprir o seu papel de beneficiar o indivíduo, respeitando as necessidades individuais e a capacidade pessoal de desempenho.
- Os adeptos dos treinos domésticos devem tomar algum cuidado especial, inclusive para evitar lesões?
A primeira coisa é ser honesto consigo mesmo e reconhecer se já tem (ou não) um condicionamento físico adequado para a atividade elegida. No entanto, é sempre importante um pré-aquecimento e alongamento corporal prévio aos treinos.
- No caso de surgirem luxações, entorses ou outros problemas nos músculos e articulações, o que o senhor orienta?
A luxação (deslocamento da articulação para fora do seu local habitual) é uma lesão que requer tratamento de urgência, assim, o indivíduo deve se dirigir imediatamente à Emergência Ortopédica do HP. Quanto aos outros problemas músculo-esqueléticos, a primeira coisa a fazer é interromper imediatamente a prática da atividade física e colocar gelo no local, três vezes ao dia, protegendo a pele, para evitar queimadura pelo frio. A depender da intensidade da dor, é possível agendar uma consulta eletiva no Consultório de Ortopedia do HP (sala 401 do CMHP) ou se dirigir à nossa Emergência, no caso de dor for intensa.
- As vantagens de se manter ativo fisicamente superam os riscos da prática de exercícios em casa?
Sim. Desde que sejam respeitadas as orientações dadas anteriormente, manter-se fisicamente ativo supera, e muito, os riscos de praticar exercícios em casa, não só do ponto de vista de condicionamento físico mas, também, pelos inúmeros benefícios psicológicos adquiridos com este processo.
- Que recomendações o senhor dá para quem está sedentário devido à pandemia?
Trate de se exercitar! Existe uma série de aplicativos gratuitos (para iniciantes e avançados) que podem ser úteis, por exemplo, propondo exercícios de força, resistência ou mobilidade, separados por partes do corpo. Outros Apps auxiliam na realização de alongamentos, aquecimentos e resfriamento pós-exercício físico.
- E para os idosos e outros públicos de risco, qual a orientação parta evitar a inatividade física?
Idosos e demais pessoas do grupo de risco devem fazer uma avaliação médica prévia com o ortopedista, clínico ou cardiologista. Na realidade pandêmica atual, isso é possível por Telemedicina ou mesmo presencialmente, no consultório de Ortopedia do HP, que possui acesso independente do Hospital, funcionando no Centro Médico HP. Ter a orientação remota de um personal trainer me parece também fundamental para o desempenho adequado da atividade física e prevenção de possíveis lesões causadas por execução inadequada dos exercícios.